Capítulo Quarenta e Seis

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Pedro Alves:

Naquele instante crítico, virei a esquina com o coração acelerado, e o que vi me deixou em choque. Connor estava sendo puxado para dentro de um carro por homens desconhecidos, e Bella, sem perder tempo, já havia posicionado Samuel atrás de si, protegendo-o com o próprio corpo. Eu mal tive tempo de reagir antes que alguns dos sequestradores se aproximassem dela.

"Isso não vai acabar bem," pensei, tentando manter a calma, mas minha mente já estava em um turbilhão de pânico e adrenalina. Sem hesitar, pisei fundo no acelerador, ignorando o perigo à minha frente.

Quando os homens estavam prestes a avançar sobre Bella e Samuel, algo surpreendente aconteceu. Bella, normalmente a mais calma e centrada de todos, transformou-se em uma verdadeira máquina de luta. Ela deu um chute voador digno de filmes de ação, e, em câmera lenta (pelo menos na minha mente), vi os homens sendo lançados como bonecos para fora do chão. O impacto deles no asfalto ecoou com um estrondo que me fez estremecer. Meu queixo caiu, literalmente. Eu sabia que ela era forte, mas aquilo? Aquilo era outro nível.

Ela se virou rapidamente para me encarar, sua expressão séria, mas com um brilho de determinação nos olhos. Enquanto ela se envolvia em mais uma luta corpo a corpo, seus movimentos eram precisos e implacáveis. Não era a Bella tranquila e pacífica de sempre; ela exalava a essência de uma verdadeira guerreira. Cada soco e chute estava repleto de uma força que eu nunca tinha visto nela antes. Era assustador e ao mesmo tempo... impressionante.

— Pedro! Eles pegaram o Connor! Vai atrás dele! — Bella gritou, sem perder o ritmo de sua luta. — Eu cuido desses idiotas aqui!

Eu hesitei por um segundo, minha preocupação dividida entre Connor e o fato de Bella estar enfrentando sozinha um grupo de brutamontes. Mas, ao ver a confiança em seus olhos, soube que ela tinha a situação sob controle. Pisei fundo no acelerador novamente, partindo em perseguição ao carro que levava Connor.

O problema? Atirar no carro dos sequestradores estava fora de cogitação. Se eu errasse a mira, poderia acertar Connor, e isso era impensável. Mas antes que eu pudesse bolar um plano melhor, ouvi o som inconfundível de tiros. O carro deles disparou contra mim, e a bala acertou em cheio a roda dianteira do meu carro. Senti o veículo perder o controle, derrapando até parar bruscamente.

— Filhos da mãe! — gritei, frustrado, batendo com força no volante. A fumaça começou a subir do pneu furado, enquanto o carro dos sequestradores desaparecia ao longe, deixando apenas uma nuvem de poeira e a minha impotência.

Ver aquele carro se afastando com Connor lá dentro fez meu coração apertar. Eu queria correr atrás, arrebentar aquela lataria com minhas próprias mãos, mas agora... Agora eu precisava pensar rápido e encontrar outro jeito.

Porque desistir nunca foi uma opção.

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Já se passaram três dias desde que Connor foi sequestrado. O desespero me consome a cada minuto, mas agora estávamos finalmente a caminho, seguindo o sinal fraco do GPS de Connor, que, milagrosamente, ainda emitia alguma coisa. A cada metro que nos aproximávamos, o céu parecia se fechar mais, tornando-se metálico, pesado, como se fosse parte de uma armadilha invisível que nos cercava. Nuvens densas se amontoavam, como se estivessem carregando o peso da minha própria ansiedade. Sabia que provavelmente era uma armadilha. Sabia disso muito bem. Mas o risco... Ah, o risco não importava. Eu correria qualquer risco para salvar Connor.

Ainda assim, a questão martelava minha cabeça: o que Lilly ganharia sequestrando-o? Não fazia sentido. Os soldados dela o levaram, mas o propósito estava fora do meu alcance de entendimento. Mesmo depois de interrogarmos os capangas que Bella nocauteou, não conseguimos entender completamente o porquê. Encontramos a localização, mas faltava uma peça do quebra-cabeça.

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora