Pedro Alves:
A casa tinha se transformado em um verdadeiro caos depois que Samuel decidiu compartilhar as informações que Élio havia me enviado, além daquelas que eu mesmo descobri utilizando os sistemas da agência. As conversas agora eram um misto de orgulho e incredulidade.
— Esse rapaz subiu no meu conceito — disse Agnes, com um sorriso surgindo em seu rosto. — Ainda ajudando o amigo com os trabalhos na área do entretenimento, é admirável.
— Olhe para essas notas e o conhecimento que ele acumulou com o tempo! — Minha mãe assobiou, impressionada. — Esse garoto é um gênio.
Enquanto isso, Samuel pegou meu celular sem cerimônia e, como já havia feito antes, ligou para Connor. Os dois começaram a conversar animadamente, rindo de algo que só eles entendiam. Depois de uns dez minutos, ele desligou o telefone e me olhou com uma expressão crítica.
— O tio Connor disse que você ainda está insistindo nessa ideia de casamento, mas nem o chamou para um primeiro encontro. — Samuel me analisou com um olhar sério demais para a sua idade. — Ele também disse que usar as coisas que o pai dele mandou é trapaça para tentar conhecê-lo melhor.
O silêncio que seguiu foi palpável. As duas mulheres ficaram congeladas, os olhos arregalados em choque e descrença. Meu pai, por outro lado, sorria discretamente, quase imperceptível. Samuel riu da expressão das avós, a primeira risada genuína que eu ouvi dele em muito tempo.
Eu estava ouvindo tudo com atenção, e não pude evitar um sorriso. As palavras de Connor me atingiram de uma maneira inesperada, quase cômica. Baguncei o cabelo de Samuel, e seu riso continuou, mais leve, mais genuíno. Por um momento, parecia que ele era outra pessoa, alguém sem aquele peso nos ombros.
— Quando você falar com ele de novo, diga que eu não vou mais trapacear. — Respondi, tentando manter o tom descontraído.
Samuel apenas assentiu e voltou a brincar com o gatinho, como se nada mais no mundo importasse. Enquanto isso, os mais velhos ainda me olhavam em choque, mas, lentamente, os sorrisos começaram a surgir em seus rostos.
— Esse Connor fez milagres — disse Agnes, batendo palmas de leve. — Samuel sorriu, falou com você, e você respondeu sem nem uma única palavra de raiva. Uma vez me perguntaram se você conhecia outras emoções além dessa.
— Eu não tenho só raiva — retorqui, e ela me lançou um olhar cético.
— Querido! Eu tenho duas certezas na vida: tudo o que faço fica maravilhoso, e a única coisa que você demonstra no rosto é raiva. — Agnes riu, pegando os papéis com as informações sobre Connor. — Mesmo quando sorri, parece um demônio. E quando está com desgosto, é ainda pior.
Samuel, sem sequer se virar, soltou outra pérola:
— O tio Connor disse que no começo você foi meio assustador. Ele disse que parecia que ia destruir qualquer um que se aproximasse de você.
Minha mãe, que estava em choque até então, finalmente voltou à realidade.
— Pedro, quanto tempo você e Samuel passam falando com esse Connor? E o que ele diz nessas ligações? — A curiosidade em sua voz era evidente.
Meu pai, ao lado dela, também parecia ansioso por respostas.
— Nós não falamos muito. Ele só pede ao Samuel para me ouvir mais e não ser tão exigente com os planos que faço para o nosso Dia de Pai e Filho. Como podem ver, ele já me conhece bem o bastante para saber o que eu planejo. — Respondi, dando de ombros. — Ele até me convenceu a ir a um daqueles parques temáticos que ele adora. Não tem nada de estranho nisso.
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Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família Alves
RomanceConnor Wessex em um certo dia, depois de sair para resolver alguns assuntos da empresa do seu pai, conhece um garoto adorável e o salvou. Foi assim que se viu entrando na vida da família e construindo um relação de amizade com o pai do garoto e lent...