Capítulo Doze

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Connor Wessex:

Desci do carro ainda meio abobado, meus olhos fixos em Samuel e Vincenzo, tentando entender o que exatamente estava acontecendo. Samuel não parecia machucado, o que me trouxe um breve alívio, mas a situação ainda estava estranha demais para baixar a guarda.

Samuel correu na minha direção, seus braços pequenos envolvendo minha cintura com força.

— Tio Connor! — ele gritou com uma alegria que contrastava com a urgência que eu esperava. — O tio Vincenzo disse que você viria rápido para nossa casa. Que bom que você veio!

Tentei voltar ao meu estado de calma, bagunçando os cabelos dele com um gesto automático, mas meus olhos instintivamente procuravam por qualquer sinal de ferimento. Não havia nada. O rosto de Samuel estava ileso, suas bochechas coradas de entusiasmo.

— Samuel, você está machucado em algum lugar? — perguntei, me agachando para ficar na altura dele. O garoto balançou a cabeça, confuso, mas com aquele sorriso despreocupado que só as crianças conseguem ter em situações estranhas.

— Não, estou perfeitamente bem — respondeu, segurando minha mão com confiança. — Meu pai está lá dentro.

Eu permaneci parado, tentando entender o que realmente estava acontecendo. Samuel me puxava com gentileza, mas, ao perceber que eu não me movia, desistiu e olhou para o tio.

— Samuel, por que você não deixa eu conversar com o Connor rapidinho? — disse Vincenzo, com um sorriso que me pareceu um pouco calculado demais. — Vai lá avisar seu pai que ele já chegou.

Samuel hesitou por um instante, olhando de mim para Vincenzo com certa desconfiança, mas acabou obedecendo, desaparecendo lentamente pela porta da frente. Assim que ele sumiu de vista, Vincenzo se virou para mim, ainda com aquele sorriso despreocupado, mas havia algo em seus olhos que me deixou desconfiado.

— Devo dizer que você é bem diferente do que eu imaginei — começou ele, cruzando os braços e me avaliando de cima a baixo. — Afinal, tem que ser alguém bem afiado para conquistar o coração do meu irmão... que, sejamos sinceros, é incrivelmente chato e sem-graça... Ah, e do meu adorável sobrinho também.

Eu engasguei com suas palavras, meu rosto esquentando involuntariamente, enquanto ele ria, claramente se divertindo com a situação.

— Por que você mentiu na ligação para mim? — perguntei, minha voz calma, mas com a raiva borbulhando por dentro.

Vincenzo deu de ombros, como se fosse a coisa mais trivial do mundo. — Pelo menos você está aqui, não está? Achei que seria uma boa ideia inventar algo sério. — Ele riu novamente, sem se dar conta de como eu estava prestes a perder a paciência. — Foi muito divertido usar aqueles sons, não foi? Tudo bem real. Claro, meu irmão não vai gostar disso, mas, convenhamos, Pedro não sabe ser romântico ou falar com as pessoas direito. Então, quando cheguei aqui e vi que meus pais estavam ocupados com o Pedro, rapidamente achei seu telefone e pensei: "Por que não dar uma ajudinha e ver você fazendo uma visita surpresa?"

Sem pensar duas vezes, me aproximei e dei um soco certeiro no estômago dele, seguido por um chute no saco que o fez dobrar de dor, sua risada interrompida por gemidos de agonia.

— Isso foi uma piada de muito mau gosto, seu cretino — falei, pegando sua orelha com força e torcendo-a. — Melhor me acompanhar, e que não haja mais nenhuma surpresa, ou você vai perder o seu "amiguinho" aí.

Vincenzo, ainda se contorcendo de dor, tentava recuperar o fôlego. — Agora... vejo... por que... aqueles... dois gostam... tanto de você...

Olhei para ele com um olhar que o fez se encolher visivelmente, como se tivesse finalmente percebido que eu não estava para brincadeiras.

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora