Capítulo Quarenta

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Connor Wessex:

Acordei tarde no dia seguinte, com a sensação de que minha cabeça estava prestes a explodir. Pisquei algumas vezes, tentando me orientar, e olhei para a janela ao lado da cama. Em algum momento da noite, havia chovido. Agora, o céu estava limpando, e o sol da manhã ameaçava surgir no horizonte, como se estivesse se preparando para iluminar mais um dia de caos — ou talvez de calmaria, se eu tivesse sorte.

Me levantei com esforço, sentindo os músculos ainda um pouco tensos. Tomei um banho rápido, tentando lavar o cansaço e as preocupações. Vesti um jeans e um casaco que fazia parte do uniforme, e saí do quarto meio zonzo, quase batendo de frente com Samuel na porta.

— Opa! — falei, tentando desviar no último segundo. Samuel me olhou com aquele ar de quem já está acostumado a minha desorientação matinal.

Desde que comecei a conviver com ele e Pedro, Samuel havia desenvolvido o hábito engraçado de usar pijamas que o faziam parecer um pequeno animal. Naquela manhã, ele estava com um pijama de panda, completo com orelhas e tudo. O mais engraçado de tudo? Senhor Bigodes, o gato da família, também tinha sua própria fantasia, fazendo parecer que os dois estavam prontos para algum tipo de desfile temático.

— Cuidado aí, panda. — Brinquei, passando a mão pelos cabelos bagunçados enquanto ele me olhava com um sorriso travesso.

— Você que devia ter cuidado — Samuel respondeu, com a cara de quem sabia que, apesar de meu tamanho, ele conseguia me fazer correr atrás dele sempre que queria.

Ele seguiu corredor abaixo, e eu dei uma última olhada para Senhor Bigodes, que o seguia fielmente com sua própria roupinha combinando. Era a visão perfeita para me arrancar um sorriso, apesar da dor de cabeça que ainda persistia. A verdade é que, por mais maluco que fosse viver com esses dois, não havia lugar no mundo onde eu preferisse estar.

— Você dormiu muito. Estava preocupado — Samuel disse, olhando para mim com uma expressão que tentava ser séria, mas só conseguia ser adorável. — Está tudo bem?

— Vai ficar, assim que eu tomar café da manhã. Talvez algo com chocolate — respondi, piscando um olho para ele. Sua expressão mudou num instante, de preocupado para animado.

— Então vamos! — Samuel disse, pegando minha mão e me puxando em direção à cozinha. — Ah, tio Connor, quase ia esquecendo de dizer que meu tio está na cozinha.

Quando entramos no espaço, dei de cara com Vincenzo, devorando os cereais de Samuel... Ou algo que deveria parecer com uma tigela de cereais. O caos que ele havia feito na minha cozinha era inegável, com pedaços de cereais espalhados pela mesa e leite derramado no balcão. Ele acenou na minha direção, com o olhar despreocupado de sempre.

— Desculpa pela bagunça. Vou arrumar assim que terminar meu café — disse Vincenzo com uma calma que só ele tinha. — Ei, Samuel, quer um pouco para crescer forte como eu?

Samuel se aproximou para cheirar o conteúdo da tigela e imediatamente fez uma careta, recuando para trás de mim, com uma expressão de desconfiança que parecia ter sido esculpida no rosto.

— Não, obrigado. Não quero uma coisa horrível dessas no meu corpo — disse ele, pegando minha mão como se procurasse refúgio. — Quero crescer forte como o meu pai ou a tia Alice. Ser igual a você seria só agressividade. Crianças não gostam de tomar essas coisas nojentas.

Tentei conter a risada, mas não consegui evitar um sorriso. Vincenzo olhou para Samuel com uma expressão de descrença, como se não acreditasse no que estava ouvindo.

— O que aconteceu com o meu doce sobrinho? Você sempre dizia que eu era o mais forte do mundo quando era pequeno! — Vincenzo falou, fingindo uma indignação dramática. — Pedro estragou meu menininho!

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora