Capítulo Vinte e Cinco

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Pedro Alves:

Após o almoço com Connor e a emoção de vê-lo abrir o coração para mim, senti uma conexão profunda se formando. Foi um momento íntimo, cheio de sinceridade e promessas silenciosas. Mas, como tudo, aquele instante foi interrompido quando o telefone tocou. Vincenzo ligou, informando que havia recebido uma mensagem da agência, e tudo mudou rapidamente. A tranquilidade do momento foi substituída pela urgência do dever.

Despedir-me de Connor foi difícil, especialmente depois de compartilharmos tanto. A ideia de deixá-lo tão cedo, logo após aquele momento de vulnerabilidade mútua, me fez hesitar por um segundo. Mas o trabalho não espera, e eu sabia que ele entenderia. Voltei para casa o mais rápido que pude.

Ao entrar, encontrei Vincenzo no sofá, com o notebook no colo. Seus olhos estavam fixos na tela, e pela primeira vez desde que ele havia chegado, notei um sorriso amplo em seu rosto.

— Encontramos a localização exata de Eli Durant — ele disse, quase sem fôlego, como se não acreditasse. Era a primeira vez em muito tempo que ele parecia genuinamente animado.

Me aproximei e li a mensagem rapidamente. A agência finalmente tinha uma pista sólida. Vincenzo parecia quase ansioso, sua mente já correndo em mil direções.

— Melhor irmos agora, ou quer deixar para os outros agentes ou algum de nossos irmãos? — Vincenzo perguntou, sua voz com um toque de provocação. — Ah, também tem que avisar nossos pais...

Balancei a cabeça imediatamente. Não havia tempo para envolver mais pessoas, e a responsabilidade era nossa.

— Nem pensar — respondi, minha voz mais firme do que eu pretendia. — E pode esquecer nossos pais por enquanto. Não vou envolvê-los nisso.

— Pode me explicar por que não? — Vincenzo me olhou intrigado. — Pelo que sei, você está de férias.

— Estava de férias até você me ligar assim que recebeu essa mensagem — retruquei, com um meio sorriso. — Agora, nos prepare. Vamos sair imediatamente. Vou ser seu parceiro, mas isso fica entre nós, entendido?

Vincenzo deu de ombros, mas o brilho em seus olhos dizia que ele estava mais do que preparado. Sem mais palavras, ele se levantou, fechou o notebook e juntos, saímos pela porta, prontos para enfrentar o que viesse pela frente.

Enquanto caminhávamos para o carro, a adrenalina começou a correr pelo meu corpo. O peso do trabalho, da responsabilidade, estava de volta, mas dessa vez havia algo diferente. Algo que me lembrava do quanto Connor significava para mim agora, e como, mesmo no meio de tudo isso, ele continuava presente em meus pensamentos.

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Meia hora depois, lá estávamos nós, Vincenzo e eu, sentados do lado de fora de uma lanchonete chamada Sunspot Café, observando o prédio em frente com olhos atentos. A missão era simples: monitorar qualquer sinal de Eli Durant, um fugitivo perigoso que a agência finalmente rastreou. As descrições recentes indicavam que ele agora ostentava uma barba rala, o que lhe dava um ar de quem não havia se barbeado por uns três ou quatro dias. Não parecia nem um pouco durão — parecia mais como alguém péssimo em se esconder.

A lanchonete estava quase deserta naquela tarde, um contraste gritante com o movimento que provavelmente tomava conta do lugar durante a semana. As mesas externas estavam todas vazias, exceto a nossa, e Vincenzo, sempre em seu estilo casual, bebia uma taça de vinho, enquanto me obrigava a tomar um refrigerante diet.

— Não é que meu irmão trabalhe de forma preguiçosa — pensei, observando-o. Vincenzo podia até parecer despreocupado com o vinho na mão, mas eu já o tinha visto em ação. Seus movimentos eram rápidos e precisos. Ele só fingia ser indiferente, mas o que muita gente não sabia é que essa despreocupação era, na verdade, parte do disfarce. Era o jeito dele de se misturar, de fazer os outros subestimarem sua vigilância.

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora