Bônus Um

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George Taylor:

Acordei sobressaltado, meu coração disparado como se tivesse sido arrancado de um pesadelo. A sensação de estar de volta à minha antiga vida me atingiu como uma onda fria. Meu primeiro impulso foi pegar o celular, desejando, quase desesperadamente, falar com Oleg. Talvez ele conseguisse me acalmar, me lembrar que isso tudo ficou no passado.

Sabia que Connor estava em casa, provavelmente ainda dormindo, acompanhado de Pedro. Não queria incomodá-los com os meus demônios. Eles mereciam paz, e eu... bem, eu tinha me acostumado a lidar com os meus pesadelos sozinho. Desde que me conheço por gente, esses sonhos — ou melhor, essas memórias — me perseguem. Volto a ser George Wright, o "filho decorativo", enquanto Nicolas, meu meio-irmão, sempre foi a criança dourada aos olhos de todos, especialmente do meu pai.

Era assim desde que meu pai se casou novamente. Aos olhos dele, só havia espaço para o sucesso de uma pessoa na família, e essa pessoa não era eu. Tinha que fingir estar sempre disponível, à sombra de Nicolas, suportando suas maldades e humilhações. Eu estava ali para receber os presentes que mandavam para a casa, como se isso fosse o suficiente para apagar o fato de que entrei no mundo do entretenimento por meus próprios méritos.

E então veio a acusação. Nicolas e minha madrasta me acusaram, e meu pai... ele acreditou neles sem pestanejar. Me deixou para trás, sem olhar para trás. Foi Connor, já meu amigo naquela época, quem me estendeu a mão. Ele não hesitou, me puxou do abismo em que eu estava afundando. A rua do desespero quase me engoliu, mas Connor me salvou, quando até minha própria família tinha decidido que eu não valia a pena.

Mariano, Reggie e os outros que faziam parte do círculo íntimo de Connor também estiveram lá. Eles me apoiaram, e sou eternamente grato por cada um deles, por nunca me deixarem cair completamente.

Com o tempo, eu tentei enterrar essas memórias, forcei-me a ignorá-las. Mas elas sempre encontram um jeito de voltar. E com elas, algo sombrio se instalou em mim: o desejo de vingança. Eu queria que eles sentissem ao menos uma fração do que eu passei. Queria que experimentassem o gosto amargo da traição, da dor que me causaram durante tantos anos.

Suspiro profundamente, tentando afastar esses pensamentos. Eu preciso dormir, preciso retomar o controle. Não vou deixar essas lembranças ditarem mais um minuto da minha vida. Não agora. Não mais.

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Na manhã seguinte, eu pensei que não teria dormido bem depois dos pesadelos da noite anterior. No entanto, para minha surpresa, tive uma noite tranquila, quase sem interrupções. Dormi até que meu corpo naturalmente decidisse acordar, sem a presença dos sonhos perturbadores que tantas vezes roubavam minha paz.

Sentei-me na cama, espreguiçando-me com preguiça, pronto para começar o dia. Enquanto cruzava o corredor, ouvi a voz animada de Connor ecoando pela casa. Ele parecia radiante, e sua alegria contrastava com a voz mais contida de Pedro. Eles conversavam sobre algo relacionado a uma mensagem que o irmão de Pedro havia enviado, aparentemente perguntando sobre o encontro.

Sorri, soltando uma risada discreta, antes de entrar no banheiro para realizar minha higiene matinal. Quando terminei e desci as escadas, a campainha tocou.

Abri a porta e me deparei com uma cena caótica: Samuel passou correndo por mim, seguido de perto por uma mulher que o segurava pela gola da camisa, tentando conter sua energia. Atrás deles, estavam outras figuras — uma mulher mais velha, um homem de idade, dois rapazes e uma jovem.

— Onde está meu pai e o tio Connor? — Samuel perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade.

— Primeiro diga: bom dia. — A mulher que segurava Samuel falou, rindo com leveza. Não resisti e ri também.

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora