Connor Wessex:
Uma semana depois....
Todos os dias, na última semana, tenho ido ao hospital para cuidar de Pedro e acompanhar sua recuperação. Tem sido uma rotina diferente, mas necessária. Acabei ficando no antigo apartamento dele e de Samuel, o que, preciso admitir, é surpreendentemente bem organizado. Quem diria, né? Pedro realmente não tolera nada fora do lugar. Nem um grãozinho de poeira escapa do radar dele. Acho que, se uma almofada estiver milimetricamente torta, ele vai saber.
Logo de início, quando o vi naquele estado, o choque foi grande. Senti um nó pesado na garganta, daqueles que te fazem querer engolir o choro, mas você sabe que não vai adiantar. Ele parecia tão frágil, tão diferente do Pedro que eu conhecia, sempre cheio de energia e com aquele olhar de quem quer dominar o mundo... ou pelo menos o controle remoto. Agora, vê-lo deitado, sem aquele brilho costumeiro, foi como levar um soco no estômago.
Mas, aos poucos, as coisas estão melhorando. Dá para ver sinais de recuperação, mesmo que lentamente. Ele até tenta fazer piadas para disfarçar o cansaço. E não importa o que aconteça, ele continua querendo ser o pai babão que sempre foi. Outro dia, enquanto mal conseguia levantar da cama, ele perguntou se Samuel tinha terminado o dever de casa. Como se ele não estivesse numa cama de hospital! A parte engraçada é que, mesmo do jeito que está, ele ainda acha um jeito de controlar a casa – e as nossas vidas – com aquele toque típico de "não mexe nisso aí!"
Ver isso me alivia e traz uma sensação de esperança, mas não nego: cada dia é uma montanha-russa de emoções. E, entre uma consulta e outra, entre as visitas e os cuidados, percebo o quanto o humor de Pedro, mesmo nesse momento difícil, ainda ilumina o quarto. É como se, no meio de toda essa bagunça de sentimentos, ele conseguisse me fazer rir. E, sinceramente, não há nada mais reconfortante do que saber que, apesar de tudo, ele ainda é o Pedro que eu amo.
— Mentiroso! — Samuel disse, apontando o dedo pequeno e acusador diretamente para Pedro, que o encarou, confuso, como se tivesse perdido algum capítulo importante dessa história.
— Sobre o que eu menti pra você? Com toda a honestidade, nunca menti pra você. — Pedro falou, franzindo o cenho, tentando entender onde tinha pisado na bola.
Eu observava a cena com um sorriso já se formando no rosto. Ah, a dinâmica entre pai e filho... Sempre um show à parte.
— Você disse que eu ia escolher a decoração do quarto do meu irmão ou irmã. — Samuel rebateu com aquele tom de voz típico de quem foi traído no mais profundo sentido infantil da palavra. — Mas agora o tio Caio falou que vai passar isso pra vó Gisele, a vó Agnes e o vô Elio!
Pedro ficou atordoado por um segundo, como se tivesse levado um soco de pelúcia no meio da conversa.
— Está gostando da ideia de ser o irmão mais velho, hein? — Pedro tentou mudar o foco, mas Samuel não estava tendo nada disso, e fez um beicinho que seria capaz de derreter até o mais duro dos corações.
Após uma semana de recuperação, Pedro estava claramente se sentindo melhor. Não só sua mobilidade tinha melhorado consideravelmente, mas ele também parecia cheio de energia... Energia suficiente para provocações, claro.
— Parece que você está se recuperando bem, hein? Tem energia até pra me provocar. — Falei, me aproximando com um sorriso que eu não conseguia esconder. — Acho que preciso começar a tomar cuidado com você.
— Ah, não, vou ficar quieto. — Pedro respondeu, virando-se para o filho emburrado à sua frente. — Mas, entre nós, é só pra dar algo pra tirar minha mãe desse quarto.
Ao ouvir essas palavras, minha mão tremeu de leve, uma reação automática. Eu sabia que a mãe de Pedro podia ser... bem, intensa.
— Pai, você fez isso de propósito! — Samuel acusou, sua voz ecoando pelo quarto, enquanto Pedro, agora coberto de inocência, tapava os ouvidos dramaticamente.
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Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família Alves
RomanceConnor Wessex em um certo dia, depois de sair para resolver alguns assuntos da empresa do seu pai, conhece um garoto adorável e o salvou. Foi assim que se viu entrando na vida da família e construindo um relação de amizade com o pai do garoto e lent...