Pedro Alves:
Devo admitir que, por mais que já esteja acostumado com tudo isso, sempre me surpreendo ao entrar no hospital da agência. Mesmo que meus ferimentos sejam poucos, muito menos graves do que os dos meus irmãos ou dos outros agentes, ainda assim me vejo deitado em uma cama, sendo tratado como se estivesse em um estado crítico. O corredor do hospital era tão branco que quase cegava; a luz fluorescente fazia tudo parecer ainda mais pálido, artificial, como se eu estivesse dentro de uma bolha estéril e fria. O ar-condicionado estava forte demais, quase gelado, enquanto lá fora o outono começava a tomar forma.
Fiquei apenas duas semanas longe de qualquer tecnologia de espionagem, e já me sinto estranho estando de volta nesse ambiente. É engraçado como o mundo tecnológico e o caos da espionagem nos envolve tão rápido que, ao dar um passo para fora, tudo parece... diferente.
Assim que dei entrada na recepção, uma das curandeiras chefes me entregou um formulário para preencher. Ela me lembrou imediatamente de Agnes, que, claro, se recusou firmemente a ser internada aqui. Teimosa como sempre. Assim que chegamos, ela voltou aos seus afazeres — cuidar de seu ginásio, seus alunos e, agora, seu novo aprendiz. Nada a faria ficar parada por muito tempo.
Depois daquele dia de caos e resgate, tudo pareceu se mover em um ritmo acelerado. Connor e os dois garotos foram levados diretamente para um quarto privado, com garantias de que receberiam o melhor tratamento possível. Enquanto isso, os agentes que não estavam feridos gravemente foram enviados aos seus aposentos para descansar, tomar banho, o que basicamente me deixou separado de Connor até segunda ordem. Ou pior, até minha mãe decidir que eu estava proibido de ir até ele, o que não seria novidade. Assim, sem opção, tive que aceitar o fato de que, por enquanto, eu teria que bancar o paciente exemplar e deixar o resto nas mãos dos médicos.
Fui encaminhado para uma sala compartilhada, onde despencar no sofá foi um alívio bem-vindo. O assistente da minha mãe chegou logo em seguida, carregando comida do refeitório — pratos empilhados com todos os tipos de comida, doces e salgados, até bebidas variadas. Caio, claro, atacou as sobremesas com a empolgação de uma criança em uma loja de doces. Depois de comer mais do que deveria, acabei cambaleando até a cama e desmoronando de cansaço. Foi o primeiro dia desde toda aquela confusão em que dormi sem sonhar.
Desde então, minha rotina tem sido visitar Connor todos os dias, acompanhando sua recuperação. Bella também aparece de vez em quando, e sempre traz o telefone para fazer videochamadas com Samuel. O garoto insiste em ver Connor, mesmo que a ligação sempre termine em choradeira — de ambos, na verdade. Samuel mal consegue conter as lágrimas quando vê Connor na cama, e Connor tenta manter o controle, mas eu vejo que ele também se emociona.
Esses momentos no hospital, mesmo sendo cansativos e repletos de ansiedade, têm me dado um estranho senso de normalidade. No meio de toda a confusão, esses pequenos instantes — de ver Connor melhorando, de ouvir Bella rir ao falar com Samuel — me fazem lembrar por que continuo lutando.
— Última porta no final do corredor — disse a recepcionista, com um sorriso simpático. — Ele deve estar dormindo agora. Estava sem comer ou beber nada durante todo aquele tempo e, ainda por cima, começando uma gravidez... isso o pegou de jeito. No início, as coisas são bem conturbadas.
— Sei muito bem como cuidar do meu noivo — respondi, devolvendo o sorriso, enquanto ela soltava uma risadinha. — Estive aqui ontem e nos dias anteriores também!
O hospital estava relativamente tranquilo naquela noite. As luzes frias do corredor brilhavam com aquele tom branco e estéril que sempre me dava calafrios, mas já estava acostumado. Encontrei a porta no final do corredor, que estava entreaberta. Espiei por uma fresta, tentando não fazer barulho, caso Connor estivesse dormindo, como nas últimas vezes que o visitei durante a noite.
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Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família Alves
RomanceConnor Wessex em um certo dia, depois de sair para resolver alguns assuntos da empresa do seu pai, conhece um garoto adorável e o salvou. Foi assim que se viu entrando na vida da família e construindo um relação de amizade com o pai do garoto e lent...