Pedro Alves:
Já faz dias que estamos nessa cidade, e a cada segundo que passa, eu sinto mais o peso do fracasso. Samuel está odiando cada uma das minhas tentativas de nos aproximarmos, de tentarmos resgatar a relação que tínhamos, de pai e filho, como antes. É como se cada passo meu o afastasse ainda mais. Cada plano meticulosamente traçado desmoronando diante de nós, e a dor disso é insuportável.
Eu tentei tudo. Desde passeios até conversas longas e silenciosas. Mas nada parece quebrar essa barreira que ele ergueu entre nós. Cheguei ao meu limite e só me restou uma última cartada: Connor. A única pessoa capaz de fazer Samuel reagir, de tirar dele algum vestígio de entusiasmo. Connor, o único elo que restou entre mim e meu filho.
O plano estava indo bem. Claro, até o momento em que meus pais e minha ex-sogra, Agnes, decidiram nos visitar e se acomodar em nossa nova casa, insistindo em um jantar "familiar". Fazia tanto tempo que eu não via Agnes, mas meus pais mantinham contato diário com ela. Havia uma notícia recente: o ginásio dela, aquele pelo qual ela vinha batalhando por três anos, finalmente fechou um contrato importante. Minha mãe e Agnes estavam radiantes, trocando elogios e se parabenizando por terem conseguido "ajudar uma à outra" nesse empreendimento.
Mas o ponto crítico chegou quando as conversas cotidianas deram lugar a algo muito mais profundo.
— Pedro, o trabalho é importante, mas você não pode continuar negligenciando Samuel. — A voz de Agnes cortou o ar como uma lâmina afiada. — Você já terminou essa fase de trabalho intenso, então gaste mais tempo com seu filho! Não com esses hobbies inúteis.
Aquele comentário me atingiu em cheio, mas eu mantive o controle. Ela continuou:
— Encontre alguém para ajudar a cuidar de Samuel, se você realmente não tem tempo. Ele está crescendo, Pedro. Você também deveria pensar nos seus problemas pessoais.
Minha mãe, como sempre, foi rápida em endossar:
— Essa viagem não ajudou em nada a aproximá-los, pelo que vejo.
Meu pai, em um raro momento de participação, apenas murmurou seu acordo. Tudo dentro de mim queria gritar, mas eu silenciei o turbilhão, apertando as mãos sob a mesa para não deixar transparecer minha raiva.
— Pedro, você está me ouvindo? — Agnes insistiu. — E o que há com Samuel? Ele não comeu nada e está grudado nesse telefone o tempo todo.
Com um tom preocupado, ela se virou para ele:
— Querido, por que está segurando esse celular como se fosse um tesouro?
Samuel ergueu os olhos brevemente, sua expressão impassível.
— Estou esperando uma ligação do tio Connor.
Minha mãe franziu o cenho, confusa.
— Tio Connor? Quem é esse?
Foi então que Samuel, com a inocência e a franqueza que só uma criança poderia ter, jogou a bomba:
— Não se preocupe, vovó Gisele, vovó Agnes. O papai já tem alguém de quem ele gosta. — Samuel disse isso tão casualmente, enquanto seu telefone finalmente tocava.
— Tio Connor! — Ele quase gritou, atendendo a chamada de vídeo.
Eu congelei. Todos os olhos estavam em mim, e naquele momento, cada parte de mim queria desaparecer. A voz animada de Connor preencheu o silêncio mortal da sala.
— Oi, Samuel! Diga ao seu pai que adorei a cesta de chocolates que ele me mandou. Estava ajudando o George no ensaio hoje. Espero que você tenha aproveitado o dia com seu pai.
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Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família Alves
RomansConnor Wessex em um certo dia, depois de sair para resolver alguns assuntos da empresa do seu pai, conhece um garoto adorável e o salvou. Foi assim que se viu entrando na vida da família e construindo um relação de amizade com o pai do garoto e lent...