Alvorecer

19 Lillythe

Já fazem quatro dias que estou nesse jogo de encantar o rato e até agora nada, ele vai ceder eu sei. Ninguém resiste por muito tempo. Eu luto contra meus instintos. Meu bom-senso me diz que não posso simplesmente mordê-lo, não posso transformá-lo, ainda. Transformar uma pessoa sem seu consentimento pode trazer para a nova vida uma mágoa, um ressentimento que pode durar para sempre. Um vampiro mágoa é induvidavelmente um vampiro mais perigoso que um vampiro normal. E se ele tiver um talento que meus instintos me dizem que terá, ele definitivamente deve ser transformado de livre e espontânea vontade, pelo menos é o que ele deve pensar. Mas com três vampiros de meu clã de olhos nele, ele deve tomar uma decisão em breve. Sei que ele deseja Mele, tanto quanto ela o deseja, mas seus instintos lutam contra o seu desejo. Não importa ele logo estará fisgado e depois disso não há volta.

Mele e eu estamos indo para a nossas aulas, ela está indo para uma aula de pedagogia educacional, ela tinha que escolher o curso de professora? Ela vai ter umas quinze matérias de pedagogia a mais que o curso de bacharel. Eu tenho umas matérias sobre a aplicação de Antropologia na Política e Sociedade hoje de manhã. Devo confessar que estou muito contente com meu curso e poder brincar com a mente de Tetra é um bônus e tanto, já faz alguns anos desde a última vez que brinquei com a comida. Helena nós ajudou a entrar aqui. Claro que tivemos que inventar uma estória tão mirabolante do porque eu pareço que tenho 15 anos e no meus documentos dizem 19, mais uma vez o estilo de vida dos vampiros foi salvo pelas síndromes raras, síndromes essas que só existem porque os humanos amam cometer um incesto quando é conveniente. Isso me lembra o sabor daqueles sírios que provei no século II, tão saborosos, tão incestuosos, um homem acasalou-se com sua irmã depois da morte de seus pais, quando sua irmã morreu ele acasalou com a filha e com ela teve vários filhos que acasalaram entre si e quando ele morreu sua filha-esposa se casou com seu neto e ainda teve filhos com ele, depois destas crianças, toda sua família se casava entre si, sempre com parentes, sempre tendo filhos novos. Um dia os boatos chegaram a meus ouvidos, eu tive que interromper o ciclo, eu tive que pará-los, quando eu cheguei na casa uma das mulheres estavam sendo estrupada por um velho, o cheiro de todos eles era igual, o cheiro de água com ferrugem, o cheiro do incesto! Eu bebi o sangue de todos, eles eram uma abominação da natureza, eles eram uma violação do bom-senso, eles eram a corrupção! Então quando eu suguei suas veias não me surpreendeu que todos tivessem o mesmo gosto, um gosto aguado, mas ainda bom, muito bom. Quando a população descobriu os corpos, ficaram felizes que seus líderes corruptos tinha encontrado um castigo, até hoje não entendo como pude deixar os corpos. Deveria tê-los feito desaparecer.

A Professora de Política está falando sobre o comportamento político de Helade, ela está completamente errada é claro, não existia só Athena e Sparta que por acaso se chamava de Lacedônia, Tebas também era um reino importante, e daonde ela tirou que eram cidades? Eram reinos independentes, alguns subordinados a outros, alguns subjugando a outros, Lacedônia amava subjugar, me lembro de todas as chacinas que fui encarregada de cometer durante minha existência humana, sem nunca ter o direito de ter compaixão, matar para não ser morta era como sobreviviamos aonde eu era prisioneira. Meu único alento foi fazê-los implorar pela vida quando eu matei um por um, numa noite de fogo e vingança. E a professora monstra uma imagem sobre um incêndio num prédio de pedras, e fala sobre um grande incêndio que teve no período... E eu enquanto ela fala me dou conta que ela está falando do incêndio que eu comecei, o incêndio que expurgou de Helade todos os corruptos que destruíram a minha vida, bom, foi o que pensei na época, até Scorpion chegar a mim e eu descobrir que precisava caçar mais alguns, eu matei o criador de Scorpion e o mantive vivo porque só depois me dei conta que o infeliz que matei levou para o túmulo a informação que eu precisava para achar meus pais, meu país, eles levaram tudo para o Tártaro aonde os mandei, aonde vão ficar até o Apocalipse. Mas se aqueles getas estiverem certos, se ouver mais daqueles ladrões de berço por aí, botarei fogo no mundo inteiro se for preciso, mas matarei todos até o último, se eu achar minhas raízes, é claro. Do contrário ainda precisarei dos dois inúteis e nada confiáveis vivos ou quase isso. Ah, s'eu pudesse roubar a informação que está em sua mente, poderei saber aonde procura, quem e onde caçar. O sinal toca e eu pego minhas coisas, foi meio entendiante digitar tudo que essa professora dizia e saber que eram informações erradas, porém se eu dizer que são informações falsas terei que provar minha fonte e como poderei explicar que estava lá sem revelar meu segredo?

A de Antropologia Social tinha um professor homem e não uma mulher, o professor é tão atraente que fico tentada a enfiar minhas presas nele, chupar seu sangue e secar suas veia, mas só depois que me aproveitasse tudo que seu belo corpo poderia me proporcionar. Scorpion definitivamente ficaria ofendido com isso. Ele sabe que eu levo outros para o meu leito, porém os humanos são os que mais ferem seu orgulho, sei que seu medo de mim nunca permitirá ele reclamar, ele sabe seu lugar, sabe que tipo de relacionamento temos, ele parece subserviente a isso. Seu gosto por Poder e os benefícios de estar junto a mim o impede de querer algo diferente, embora só o esteja mantendo vivo agora por estar planejando sua utilidade final, ele não me oferece nem uma serventia mais. Um vampiro comum, de habilidades medíocre e com uma alma corrupta, o quê poderia mais oferecer?
Um último sacrifício, uma última utilidade, a utilidade final. Eu irei matar Bryan, ah, sim, irei por fim a existência conturbada e perturbada de Bryan, ele não me oferece nem um dom. É capaz de matar uma aldeia inteira e ainda estar com cede, sempre cedento, nunca satisfeito. Sempre me dá muito trabalho para apagar seus rastros. E não possui nenhum talento, nada além de um vampiro inferior, com habilidades inferiores que possui uma cede capaz de aniquilar uma população inteira, já permitir que ele chegasse longe de mais, agora que Mele tem seu Adonis e finalmente poderei me livrar dele. E ainda irei me livrar de dois inúteis e de uma só vez. Irei destruir Bryan e botarei a culpa em Scorpion. Depois que ele matou aquele recém-criadado só por ciúmes, por orgulho na frente de todos, ninguém no clã irá se opor quando eu executá-lo pela morte de Bryan. Mas se eu simplesmente matar Bryan, Mele pode desconfiar, preciso de um álibi!
O professor começa a aula falando sobre o sistema social Romano, é era exatamente assim, seu diploma vale para alguma coisa, professor delicinha, ele mostra várias imagens e derrepente meu rosto muda, eu reconheço aquele rosto que está presente em várias das imagem do slide, é o meu pai. Ele estava esse tempo todo vivo na Itália! Eu me controlo, não posso demonstrar minhas emoções aqui, não aqui, não posso deixar que os humanos descubram sobre mim, a carne deles fica tão dura quando eles descobrem, nem vale a pena morder. Eu pergunto ao professor aonde aquela pintura foi feita, ele me responde que era de Volterra, do século XV, ele nem notou que os três homens são os mesmo que aparecem nas esculturas e pinturas, sempre com roupas diferentes e um mesmo colar em forma de V, 'veni, vidi, vici' o lema romano, vim, vi, venci, deve ser isso que o V sinalizar ou seria o nome do clã? A única coisa que eu sei é que estão me enganando e eu farei pagarem o preço do sangue por isso!
Mas como eu irei conseguir um álibi? Talvez eu possa usar esse professor. Ele é muito atraente mesmo. E Scorpion? Usarei a ganância dos dois hóspedes para isso e depois com sorte irei por fim a existência dele também. Todavia como irei investigar meu passado com quatro assassinatos para planejar? De uma coisa sei: preciso ir pessoalmente a Itália investigar isso. Talvez mamãe esteja lá.
Me lembro vagamente dela, minha tão amável e inestimável mamãe, me lembro de ela me dizer que eu era meu pai de menina, acho que as pudesse choraria. Me roubaram minha mãe.