22 Alec

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Enquanto minha irmã está caçoando de mim com a ajuda de Dimitri, traidor! Os homens não deveriam ficar juntos nessa? Seu relacionamento com minha irmã está menos distante, sei que ele é fascinado por seu poder, me lembro da cara que ele fez quando minha irmã torturou Félix durante nossa missão punitiva contra aquela ruiva e seus peões. Ela o torturou só para lembrá-lo seu lugar na guarda, seu lugar inferior a ela. Minha irmã é muito ciumenta quando se trata de nosso amado pai das Trevas. É engraçado que ele seja o mais perto de um pai de verdade que tivemos em toda a nossa existência, porém no fundo sinto que ele não é pai. Talvez seja só coisa da minha cabeça. Estou vivendo muito e isso cria paranóias, uma reação da mente para fugir do tédio que é o fardo da imortalidade. Chelsea uma vez me disse que a imortalidade é sempre pior quando não somos casados. Ela diz isso porque não tem uma irmã gêmea para dividir o tempo, se tivesse, ela não acharia isso! Perturbar a Jane é meu mais fiel esporte. Embora as vezes ela prefira ficar com Dimitri ou outros vampiros e eu me sinto meio... um pouco... solitário? E a pior parte da nossa condição é que não esquecemos. Então se eu chatear muito Jane e ela descobrir um jeito de me irritar tanto quanto, ela nunca irá esquecer, porque vampiros não esquecem e ela nunca vai mudar, porque vampiros não mudam, ela nunca vai parar de caçoar de mim com esse negócio de virgem, porque isso não faz parte da natureza de um vampiro. Ela vai torturar meus nervos com isso para sempre, se é que tenho nervos. Então estamos nesse impasse. Ela caçoando de mim por causa disso e eu nem sei como retribuir. É frustante! E ainda foi com a ajuda de Dimitri. Me sentir um pouco traído. Matamos tantas vítimas juntos e ele ajuda a minha irmã a descobrir minhas fraquezas?
Sou tirado dos meus pensamentos melancólicos pela presença de Dimitri e Félix, já chegou o dia do rodízio, de novo? Mas pela expressão dos dois eles parecem felizes, muito felizes. Isso não pode ser bom sinal!
- Alec? - Dimitri me chama.
Eu o olho e Félix também, estão me olhando. Definitivamente não pode ser bom.
- O quê foi? Já vamos? - Pergunto os olhando tentando esconder a curiosidade.
- Jane me contou. Ah, Alec, por que não nos disse? - Pergunta Félix um pouco melancólico.
Isso não pode ser bom! Eu continuo com cara de curioso confuso, dou meu melhor para esconder isso, mas eles me conhecem a um milênio, já sabem tudo que existe para saber de mim. Óbvio que não dá certo, mas estou orgulhoso por ter levado um minuto para eles notarem.
- Sobre a Virgindade, Alec! O quê mais seria? - Félix me responde, sem eu dizer uma palavra.
- Bom, o quê minha gêmea te disse? - Tento fugir do assunto, não é algo confortável para se falar, principalmente quando se está congelado há doze séculos no corpo de um adolescente, sempre terei 17 anos, tenho essa idade há 1 200 anos. Sou muito velho para conversar essas coisas e quando era humano me lembro claramente de ser muito indesejado, de todos os outros humanos querem sempre nos culpar por tudo de ruim e querer nos matar, eu nunca teria um futuro, nunca me casaria ou conseguiria construir uma família própria, então para quê eu pensaria em intimidades? Quando sabia que nunca encontraria alguém que me quisesse. Eu era pobre e indesejado, o tipo que sempre encalha, principalmente na Idade Média, eu era exatamente o tipo que só podia pensar em entrar para a Igreja, porque nunca encontraria uma moça que me quisesse, mas acredito que nem isso eu conseguiria, eu era indesejado, taxado como bruxo, como um satanista, só porquê de vez em quando coisas ruins aconteciam na nossa aldeia, não signicaria que era nossa culpa, mas na mente dos aldeões tudo era nossa culpa.
- Alec? Alec? Pare de pensar no Passado! Quem pensa demais pouco faz! - Dimitri me censura.
Ele está certo! Tenho uma boa vida agora! Tenho um papel na manutenção deste mundo e faço meu trabalho muito bem. Então do quê eu poderia estar sentindo falta? Tenho tudo que sempre quis! Uma família das Trevas, um emprego, é um ótimo emprego, posso torturar sempre que quero, sou uma arma em batalha, tenho toda a eternidade para implicar com Jane, posso beber quanto sangue quiser e ainda brincar com a comida, o quê poderia me deixar vázio? Quando não me falta nada.
- Sabe de uma coisa, está certo! - Afirmo a meus colegas de guarda.
Embora eles sejam os amigos mais próximos que já tivesse, não sei se posso chamá-los de amigos, temo que isso comprometa nossa hierarquia.
- Então falando nisso Alec, me diga! Como pode chegar virgem aos 12 séculos de vida? - Dimitri me pergunta, parece com uma genuína curiosidade, mas sei que ele acha isso engraçado como todos os outros.
Fico contente por ele esconder isso, monstra respeito.
- Bom, eu creio que Jane não te contou...
- Ela me contou tudo! - Dimitri me interrompe, sua voz é firme.
Ah, mas essa aproximação dele com minha irmã já está me dano nos servos que nem sei se ainda tenho.
- Continuando... Félix? Jane também te contou tudo? - Encaro Félix, ele me olha com um olhar cúmplice, sei que ele notou que a aproximação de Dimitri e Jane está próxima de mais para um simples subordinado. Eu continuo - quando vivíamos na aldeia, quando éramos humanos, eles nos odiavam, nos culpavam por tudo que não era bom que pudesse acontecer e acreditem quando digo tudo, nossa vida era muito simplesmente, éramos pobres camponeses mestiços, filhos de pais de reinos diferentes, como se precisassem de mais motivos para nos odiarem. Mas sim, tudo de ruim era nossa culpa, se não chovia, se chovia de mais, se um animal morresse, se houvesse um aborto... era tudo nossa culpa, mesmo que não conhecessemos a pessoa, mesmo que nunca tivessemos estado no lugar, tudo era nossa culpa. Então não tínhamos amigos, vivíamos afastados, os outros garotos até jogaram pedras na minha irmã uma vez, além disso tudo, nós ainda éramos muito pobres, magros para os padrões da época, não tínhamos qualquer aspiração ou vontade de achar alguém para formar uma família. Logo eu nunca perguntei a ninguém sobre...
- Sexo... - Félix termina.
Acho que se fosse humano ficaria vermelho vergonha agora, porém isso é impossível sendo vampiro.
- Sabe Alec... - Dimitri diz pondo os braços em volta dos meus ombros. - Nós já vivemos tantos séculos juntos, já nos alimentos até do mesmo humano, então vai entender quando digo isso! Podia ter nos contado há um milênio!
Acho que isso foi um esporo, ele parece um pouco ofendido com a minha omissão, Félix também, todavia o mais estranha que até aonde sei nem Félix, nem Dimitri nunca foram casados, mas suponho que quando eles eram humanos, eles tivessem tido intimidades. Na verdade parando para pensar sobre isso, minha irmã não seria virgem também? Eu pelo menos não me lembro de ela namorar ninguém. Ou será que julguei mal o relacionamento de Jane e Dimitri é mais profundo que eu pensava? Não! Eu teria notado! Estamos vivendo juntos há séculos! Não! Definitivamente eu teria notado! Contudo eu não divido o quarto com minha irmã e eu não faço ideia do que ela faz em seu tempo de folga, que são algumas poucas horas por semana. Não! Não daria tempo de ela ter um relacionamento secreto e eu nunca ter notado. Pensando bem, outro dia ela sibilou para mim quando falei do Dimitri ser muito velho para ela, mas ela podia estar só com raiva por ser diminuta de mais e não se dar bem numa luta corpo a corpo.
- Está pensando demais meu rapaz. - Diz Félix. - Não se preocupe, se for para ter uma companheira, ela encontrar seu caminho até nos, mas enquanto isso passe na biblioteca no seu tempo de folga, há ótimos livros lá! Pegue o de Manual de Reprodução Humana Avançada. - ele diz isso e eu aregalo os olhos. - Em tudo caso nós já vamos, temos menos tempo livre que tu. Então já vamos. Talvez Aro precise de nós. Não se esqueça do livro!
Félix me diz isso e vai indo embora, Dimitri se vira.
- Qualquer coisa pergunte a humana de onde vem os bebês, as humanas sempre sabem.
E os dois saem. Eu fico ali, pensando em mais porquês. Quando vejo minha irmã nos corredores decido ir para a biblioteca, pegar o tal do livro. Tento fugir de minha irmã. Mas o fato de sermos os quê somos para variar não permite. Ela vem atrás de mim e eu vou caminhando para a biblioteca. Quando chego lá, uma humana está limpando os livros, ah, tem mais de uma aqui, será que essa sabe de tudo? Ah, deixa! Não vou perder tempo brincando com a refeição. Vou para a seção de biologia e minha irmã: nas minhas costas, talvez eu devesse arrumar uma companheira só para Jane ter o quê fazer que não seja me perturbar. Eu pego o livro, está tudo em ordem alfabética. A humana parece ter utilidade afinal. Ponho de baixo do braço.
- Alec pare de me ignorar!
- Não! Eu não quero saber como sou o único virgem desse clã!
Sinto o cheiro da humana mudar, ela tá achando graça? Eu não posso brincar com a comida, seja como for, Aro não iria gostar que matassemos alguém sem sua permissão e Caius ficaria com raiva por não ouvir os gritos ou o rosto de pavor. Eu poderia perder muito com isso.
- Mas Alec, estamos nessa juntos!
Eu me viro para minha irmã.
- Ah, Jane tem certeza que estamos juntos? Porque quando o Dimitri fez fofoca sobre minha conversa com Aro, não estamos nessa juntos, quando passamos os séculos e nunca me contou sobre qual o exato relacionamento com Dimitri não estamos nessa juntos!
- Ah, Alec, pare de ser dramático que isso não condir contigo! E nem ciúmes!
O quê?
- Ciúmes? Ficou louca?
Ela sibila para mim ao som da palavra louca.
- Sim, ciúmes! De mim e de Dimitri.
- Uh... Claro que não!
- Viu é exatamente esta atitude que é ciúmes! - Falou a mestre do ciúmes, vai dar uma de mestre dos relacionamentos para cima de mim. - Alec! Eu estou falando contigo! Olha para mim! Eu não há nada entre Dimitri e eu, somos só amigos de eternidade.
- Diz isso agora!
- Por quê? Ele disse... quer dizer pare de achar coisas aonde não existem! Só está ressentido que Dimitri compartilhe mais coisa comigo que contigo.
Eu estreito os olhos, posso imaginar o quê eles estão tentando compartilhar! E eu definitivamente não quero saber! De verdade, não sei como Aro consegue sempre ver esse tipo de coisa de todos, deve ser muito perturbador ter isso para sempre em sua mente.
Mas já que minha irmã mais velha decidiu encorporar o guru dos relacionamentos igual os realities shows da televisão Italiana, eu também posso sair com o super maduro.
- Sabe, irmã, se eventualmente seu relacionamento de amizade com Dimitri se tornar algo a mais, pode contar comigo, juro que não vou fazer piadas sobre isso. - Digo e ponho três dedos na boca e beijo.
Ela fica distraída pensando em algo ou alguém e eu aproveito para sair de fininho dali, sério! Quero ver esse livro longe de minha irmã, espero que ela não tenha lido o título. Assim ela não terá mais motivos para me irritar.

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