Capítulo 20

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*Maraisa*

Marília levantou da cama num pulo e se enfiou no banheiro, vomitando pela quinta vez.

Segurei seu cabelo e acariciei suas costas tentando a fazer relaxar, e beijei seu ombro.

— Eu sei que isso é ruim, mas vai passar logo, eu prometo.

Ela vomitou novamente e reclamou chorosa, de tanta dor no seu estômago.

— Respira fundo... vai passar.

Ela fez o que eu disse e quando se sentiu melhor, se levantou e lavou a boca.

— Como se sente?

— Um pouco melhor.

— Amor vamos no hospital, eu te levo. — falei enquanto Marília caminhava pra fora do banheiro.

— Eu não quero pequena, eu preciso dormir, estou cansada. — se deitou na cama me chamando.

— Quer conversar sobre o que aconteceu?

Ela negou com a cabeça.

— Não agora, não quero vomitar de novo.

— Tudo bem, tenta descansar então, eu tô aqui com você. — fiz carinhos nos cabelos loiros.

Ouvimos uma batida na porta, era tia Ruth.

— Meu bebê quer comer alguma coisa?

— Não mãe obrigado. — Ela desviou o olhar da mim para a porta, seus olhos castanhos, estavam tristes.

— Precisa comer amor, você tá grávida, e jogou pra fora tudo que comeu hoje.

— Tudo bem vocês venceram. — ela revirou os olhos.

Tia Ruth saiu dizendo que iria preparar, me entreti tanto reparando em cada detalhe dela, de como os fios loiros caiam em sua testa, ela virou o rosto pra mim e sorriu, os olhos brilharam ao mesmo tempo em que seus dentes perfeitos apareceram.

— Obrigado por cuidar de mim pequena.

— Sempre vou cuidar de você amor. — continuei o carinho em sua cabeça.

Senti a respiração dela pesar, tinha dormido, ela estava muito cansada, levantei a cabeça dela um pouco e me levantei, ela se remexeu um pouco na cama resmungando, desci pra cozinha.

— Oi tia. — me sentei na banqueta colocando os braços no balcão.

— Oi menina, e meu bebê?

— Dormiu, preferi não acordar ela agora.

— Vou demorar um pouquinho aqui ainda, então tudo bem. Eu acho que não tive oportunidade de te agradecer por cuidar dela.

— Eu amo ela tia, não precisa me agradecer. — sorri sincera pra ela.

— Preciso sim, eu consigo ver uma Marília mais corajosa, mais feliz, ah e bem mais madura, uma coisa que achava impossível ela ser mais que já é.

— Marília é muito mais madura que eu tia, sempre foi, apesar da pouca idade, eu estou crescendo com ela.

— Não minha menina, você está crescendo porque começou a enxergar quem você é.

Estava encostada no balcão, tia Ruth cozinhava tranquilamente, como se não tivesse mantendo uma conversa intensa demais pra mim.

— Eu nunca vi Marília amar alguém dessa forma. — podia ver o sorriso no rosto dela.

Sorri pra ela, fiquei por um tempo perdida nos meus pensamentos.

— Prontinho, aqui está a janta da nossa menina. — ela colocou a bandeja na minha frente.

— Obrigado tia.

Marília estava acordando quando entrei no quarto com a bandeja, ela espreguiçou, coçou os olhos e sorriu pra mim.

— Acho que adormeci sem perceber.

— Tudo bem amor, precisava descansar. — coloquei a bandeja no colo dela.

Ela encarou a sopa no prato a sua frente e fez uma carinha de enjoou, o que me fez dar uma risadinha.

— Você acha graça né Maraisa. — me mostrou língua.

— Você fica linda brava sabia, sempre achei, e quando mandava nas pessoas, nossa senhora. — viajei no que disse e quando olhei pra ela vi seu sorriso.

— Só você mesma viu. — ela sorriu.

— Não se esqueça de soprar! — avisei a vendo negar com a cabeça e os cantos de seus lábios subiram em um leve sorriso.

— Devo confessar que minha mãe consegue fazer até uma sopa ficar deliciosa.

De quem é a culpa?Onde histórias criam vida. Descubra agora