De quem é a culpa?

Capítulo 27

*Maraisa*

Minha cabeça estava a mil, recheada de pensamentos pessimistas, uma das principais lições que aprendi com Marília foi que nunca se deve pensar negativo, porém como não pensar em uma situação como aquela? Ela já estava sumida a mais de vinte e quatro horas, ninguém ligou pedindo resgate, difícil evitar e mais difícil ainda era aceitar.

Minha cabeça não para de criar teorias, mas nenhuma delas me acalma. Algo está acontecendo com Marília , ela está sofrendo e eu não tenho dúvidas disso.

Fico imaginando ela presa em um lugar horrível, com seja lá quem a tirou de mim, me sentei no sofá e passei as mãos pelos cabelos, abaixei a cabeça e fechei os olhos, tentando respirar fundo para me acalmar, ouvi o barulho de alguém entrando pela porta.

— Preciso falar com você tia Ruth? — quando ouvi a voz de Henrique o restante da minha calma foi para o ralo.

— Você tem alguma coisa haver com isso Henrique? — me levantei tremendo de raiva.

— Olha Maraisa...eu não quero confusão. — ele disse com calma.

— FODA-SE O QUE VOCÊ QUER. — disse entredentes.

— EU NUNCA LEVARIA A MARÍLIA PRA LONGE DA TIA RUTH. — ele gritou fazendo as veias de seu pescoço saltarem. — Ela já me odeia o suficiente agora.

— Você não tem noção do mal que fez a ela, ela te considerava um irmão.

— Acredite Maraisa, eu tenho noção sim, mais não vim aqui discutir com você sobre isso, temos coisas mais importantes pra falar agora.

Vi Maiara me olhar pedindo silêncio, ninguém ali podia me culpar pela raiva que sentia, minha vontade era de avoar na cara dele, mais respeitaria a casa da tia Ruth.

— Você sabe meu desagrado por tudo que fez com minha menina Henrique, só te aceitei aqui porque esse não é o momento para brigas. — tia Ruth o encarava.

— Eu sei disso, só vim aqui porque acho que sei quem está com a Marília.

Todos encaram ele, esperando ele falar o que sabia.

— Desembucha Henrique. — Maiara falou impaciente.

— Almira entrou em contato comigo, pra que eu ajudasse ela em um plano de cura para a sexualidade da Marília.

Aquilo foi um baque pra mim, como eu não pensei nela, no sumiço, e na obsessão, me senti uma idiota, naquele instante minha vontade era de chorar, mais não tinha forças pra isso.

— Eu não achei que ela estivesse falando sério quando me sugeriu isso, mais tudo me leva a crer que a Almira esteja com ela.

Marília está em perigo, Marília está em perigo

Maiara me olhava e parecia que ela conseguia sentir o medo que eu sentia naquele momento, eu estava quase chorando quando vi tia Ruth se aproximar com um semblante bastante abatido.

— Você pode tentar falar com ela Maraisa?

— Eu... eu posso tentar, mais não acredito que ela vá me atender tia.

Maiara se sentou ao meu lado, tentando me passar o máximo de segurança que conseguia, peguei meu celular e disquei o número da minha mãe, por três vezes seguidas, mais sem sucesso, senti meu olhos lacrimejarem, o medo estava sendo mais forte que o alto controle.

— E se eu tentar ligar? — Murilo falou.

— Não acho que vá funcionar também, ela com certeza vai achar que é a Maraisa.

— Eu posso ligar e dizer que mudei de ideia. — Henrique sugeriu.

— Não custa nada ele tentar. — Maiara falou revirando os olhos.

Henrique tirou o celular do bolso e ligou pra Almira, acredito que não tenha chamado nem duas vezes, ele colocou no viva voz e fez sinal de silêncio pra todos nós.

— Olá Henrique, não me diga que mudou de ideia, sobre minha proposta.

— Você acertou Almira, eu quero te ajudar no seu plano, desde que você me prometa que ela vai ficar comigo. — encarei ele.

Minha vontade era de gritar pra ela devolver o amor da minha vida.

— Depois que já fiz toda a parte arriscada, você decide isso?

— Como assim Almira? Você já está com a Marília? — ele fingiu surpresa.

— Vai me dizer que ainda não sabe?

Vi um dos detetives sair com o telefone no ouvido, provavelmente passando as informações para a polícia.

— Claro que não, a essa hora devem achar que eu estou envolvido com isso.

— Bom Henrique eu tenho certeza que você será muito útil pra mim, não sei se o tratamento que estou usando está funcionando.

Vi medo nas reações de todos ali.

— E será que eu poderia ouvir a voz da minha amada? — ele me encarou como se soubesse que eu estava a ponto de explodir.

— Não sei se será possível agora não é Marília. — ouvimos um gemido baixo.

Nesse momento vi tia Ruth sair da sala chorando.

— Onde eu posso encontrar você?

— Vou te mandar o local por mensagem, eu realmente espero que não esteja me enganando Henrique, se eu descobrir que está, é o fim da sua querida Marília.

— Não estou Almira. — a ligação foi encerrada.

Os detetives andavam de um lado para o outro falando em seus telefones.

— O que vamos fazer agora? — Maiara quebrou o silêncio.

Henrique se abaixou na minha frente, encarando meu rosto.

— Maraisa eu não quero que vocês esqueçam o que fiz, porque eu não mereço isso de vocês, mais eu prometo que vou trazer a Marília de volta pra você.

Eu balancei a cabeça concordando, eu queria muito confiar nele, mais era muito complicado, depois de tudo o que aconteceu, espero que ele cumpra sua palavra e não mude de ideia quando estiver com ela.