Capítulo 29

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*Marília*

O sentimento de saber que quando abrisse os olhos tudo não seria um pesadelo me atormentava, eu não conseguia mais pensar em nada, a não ser que eu posso ter perdido meu bebê, tudo ficou bem mais difícil quando abri os olhos e vi Henrique sentado na minha frente, ele se levantou e veio em minha direção, cada passo tornava a caminhada uma tortura, mais um passo, significava mais alguns centímetros que ficava perto de mim.

— Eu não vou te machucar Marília. — ele se sentou na cama.

Não conseguia respirar, minha garganta travou sempre que tentei, meus olhos lacrimejaram de cansaço e por querer desmoronar.

— Eu vou tirar você daqui. — olhei nos olhos dele e pude ver meu amigo ali. — E quando estiver pronta pra me ouvir, eu estarei lá.

Desde que cheguei nesse lugar tentava acreditar que tudo ficaria bem, mas quando vi todo aquele sangue e o sufoco com toda a dor foi a gota d'água.

— Eu sei que é difícil te pedir isso depois de tudo, mais confie em mim, e eu prometo que não vou te decepcionar nunca mais.

Me joguei nos braços dele, me permitindo chorar.

— É uma tortura como aquele momento no banheiro fica em replay na minha mente Henrique.

— Eu sei minha menina, eu sei. — ele acariciou meus cabelos.

Fechei os olhos e suspirei, por um momento me esqueci de tudo que tínhamos passado nos último dias.

— A essa hora a Maraisa já está vindo até aqui, eu só preciso que você fique aqui por mais um tempinho...

— Não me deixa sozinha por favor. — me agarrei a ele com o resto de forças que eu tinha.

— Eu vou estar o tempo todo aqui, não vou deixar que te machuquem de novo Marília.

Eu assenti, sentindo as lágrimas descerem pelas minhas bochechas, Henrique saiu fechando a porta, eu não queria ficar sozinha ali, sentia o medo tomando conta de mim, além de medo sentia culpa, culpa por deixar meu bebê passar por isso.

— Me perdoa bebê. — acariciei minha barriga entre lágrimas.

Naquele momento o pior lugar para se estar era dentro de mim mesma, minha mente era disputada pelo desespero e fraqueza que sentia, eu não podia ceder, mesmo que meu corpo implorasse por descanso, por hora o desespero estava ganhando, o medo de ouvir friamente dos médicos que meu bebê não resistiu, e que era tudo culpa minha, por não conseguir cuidar dele ou dela como uma mãe deveria.

Minha atenção foi completamente atraída por barulhos estridente e gritos enlouquecedores, que fizeram meu coração acelerar, era possível sentir o órgão batendo incansavelmente contra meu peito.

— ONDE ELA ESTÁ? — a voz de Maraisa se sobressaiu as outras.

Fiz o máximo de esforço possível pra levantar, gemi de dor assim que consegui impulso, com dificuldade ainda sentindo a dor nas costas e as cólicas intensas, mas me mantive em pé, ignorei a moleza em minhas pernas, e me firmei na parede, fui caminhando até a porta, quando abri, dei de cara com Almira, senti arrepios por todo o corpo. Os pelos dos meus braços se enrijeceram com força. Assim que ela apontou a arma pra mim mais um calafrio subiu por minha espinha.

— Você sabia que não ficaria com ela Marília, eu te disse que não ficaria. — Almira falava descontrolada.

Ao longe vi Henrique jogado no chão, e meus olhos se encheram de novo, meu corpo tremia e meus olhos derramavam lágrimas ao pensar em tudo o que eu iria perder.

— Almira você não precisa fazer isso, se você acha que o melhor é elas manterem distância, então nós podemos conversar sobre isso, você só precisa me entregar a arma. — Murilo falou se aproximando.

Meu coração acelerou ao ver ele andando em nossa direção, neguei com a cabeça, não conseguia falar, nem pedir pra que ele se afastasse, eu já estava tremendo, não estava conseguindo controlar mais toda a exaustão, eu não queria morrer, mas sabia que não havia jeito, eu só queria descansar e fazer com que a dor fosse embora.

— Senhora Almira abaixe a arma, e vamos conversar. — um agente da polícia pediu.

— Você é um pecado Marília, olha o que você fez com todos, olha o que fez com o filho do Murilo, você acha mesmo que Deus deixaria aquela criança no mundo com uma mãe como você? — ela cuspia as palavras, me machucando mais do que já havia machucado.

Vi o dedo dela descer para o gatilho, ouvi o disparo, ao mesmo tempo que senti um corpo se chocar contra o meu me jogando no chão, e mais uma vez mergulhei na completa escuridão.

De quem é a culpa?Onde histórias criam vida. Descubra agora