Capítulo 31

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*Marília*

Meus olhos se abriram relutantes, tentando se acostumar com a claridade do ambiente, estava em um quarto de hospital.

Tentei me sentar, mais um resmungo de Maraisa me fez parar, virei o rosto para o lado e encontrei ela deitada ao meu lado, com o rosto abatido, me senti culpada, ela parecia tão cansada.

— Tente não se mexer, você precisa de repouso amor.

— Eu perdi, não foi? Perdi nosso bebê.

— Eu sinto muito amor. — ela acariciou meu rosto.

Um silêncio desconfortável se instalou no ambiente, até ser quebrado pelo som dos meus soluços.

— É tudo minha culpa. — consegui dizer em meio as lagrimas. — Ele estava no lugar mais seguro, eu devia protegê-lo e eu falhei.

— Marília, isso não foi sua culpa. — ela reafirmou, mesmo eu sabendo que isso não surtiria muito efeito. — Eu estou aqui, estou com você. — ela me abraçou com força.

— Eu sinto muito Maraisa, eu fiz o que pude, eu tentei...

— Shiii meu amor, não se culpe dessa forma.

Me aconcheguei mais nos braços dela, apertando os olhos para tentar conter as lágrimas.

— Antes de desmaiar eu ouvi um disparo, me diz que estão todos bem.

— Murilo entrou na sua frente como um escudo quando Almira disparou a arma. — ela me disse fechando os olhos.

Senti uma pontada no peito e lá estava a vontade de chorar de novo, eu já perdi tanto, não é possível, quando ia perguntar a Maraisa, ouvi alguém bater na porta.

— Então a bela adormecida já acordou? — lá estava ele, com um sorriso carinhoso no rosto.

— Murilo? Eu pensei que você também tinha me deixado... — soluços não me permitiram terminar a frase, ele veio até a cama, me apertando em seu abraço.

— Eu estou aqui com vocês, estou bem. — afagou meus cabelos.

— Nunca mais faça isso, está me ouvindo. — o encarei.

— Eu não podia deixar ela machucar ainda mais você Marília, não pode me culpar por aprender com você a ser impulsivo quando se trata de pessoas que amo. — beijou minha testa.

— Desculpa não ter protegido nosso bebê.

— Não foi sua culpa, tudo bem. — me abraçou de novo.

Fomos interrompidos por Maiara entrando no quarto.

— Como está o meu bebezão?

— Melhor agora vendo você nanica.

— Sai daí Maraisa, é a minha vez de ficar com ela.

Vi Maraisa revirar os olhos pra irmã, me fazendo rir, incrível como as duas me deixam mais leve, passei o restante da tarde recebendo visitas, minha mãe não saiu de perto de mim desde que chegou, eu já estava exausta.

— Onde está o Henrique? — encarei todos que estavam no quarto.

— Está em outro quarto. — Murilo me disse.

— Como ele está? lembro de ver ele jogado no chão.

— Ele está bem, levou um tiro no braço, mais foi apenas de raspão. — anunciou a médica entrando no quarto.

— Ainda bem doutora, quando podemos ir pra casa?

— Imagino como seja difícil ficar nessa cama, com todo mundo te vigiando pra não fazer esforços. — ela sorriu sincera.

— Que bom que a senhora imagina. — dei uma risada.

— Preciso que fique de observação apenas essa noite Marília, acho que já te falaram sobre a bebê.

— Era uma menina? — meus olhos se encheram.

— Sim, eu sinto muito pela perda Marília, você já chegou ao hospital em processo de aborto, não tínhamos muito o que fazer no seu caso.

— Eu sei que fez o que podia, obrigada.

— Obrigado Doutora. — minha mãe falou.

Fiquei imaginando como seria cada detalhe da bebê, o que ela teria de mim e o que teria do Murilo, eu deveria ter continuado desacordada, doía menos, a tristeza tinha me sugado completamente e eu só queria apagar, sumir, nenhuma palavra de conforto de qualquer pessoa seria o suficiente pra me ajudar agora, a culpa por ter sido fraca apertava meu peito ao ponto de me deixar sem ar, todos começaram a se despedir aos poucos.

— Você deveria ir pra casa descansar amor.

— Vou ficar com você Marília, só saio daqui quando você sair também. — ela protestou se deitando ao meu lado.

— Obrigado por isso pequena.

— Não precisa agradecer meu amor. — sorriu pra mim me dando um selinho.

— Eu te amo, estava com muita saudade.

— Também te amo Lila, não vou sair de pertinho de você. — se aconchegou no meu corpo.

Pegamos no sono ali abraçadas.

De quem é a culpa?Onde histórias criam vida. Descubra agora