Capítulo 67

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*Maraisa*

— Boa tarde pra vocês. — encarei os dois.

— Olha só quem resolveu dar o ar da sua graça! — Marília disse ao me ver entrando em casa.

— Boa tarde Maraisa. — Murilo me cumprimentou. — Eu já vou indo.

— Não quer almoçar com a gente Murilo? — Marília questionou me fazendo revirar os olhos.

— Não Lila, muito obrigado, amanhã trago o Léo, não acho que seja bom pra ele ver Maiara como está hoje.

— O que aconteceu com a Maiara? — questionei alto.

Marília colocou a fita de curativos na mesa de centro e passou as mãos pelo rosto, senti o peso em seus ombros quando deixou seu corpo cair sob o encosto do sofá e percebi pela sua feição que está cansada.

— Maiara foi até a casa de Fernando sozinha...

— Você deixou que ela fosse até ele sozinha?

— Não seja injusta Maraisa, você não estava aqui, não sabe o que aconteceu então não fale merda. — ela riu sem humor. — Ela está lá em cima na nossa cama, dormindo agora.

— O que o Fernando fez?

— Ele bateu nela, se não tivéssemos chegado a tempo nem sei o que teria acontecido. — sua voz saiu trêmula.

— Eu vou matar aquele desgraçado. — bufei gritando de ódio.

— Ele já teve o que merecia Maraisa. — Murilo falou, levantando a mão, e mostrando as faixas. — O restante só a sua irmã pode fazer, que é denúncia-lo.

Murilo se levantou, se despediu de Marília com um beijo na testa e sorriu pra mim, indo embora.

— Onde você estava?

— Marília, não começa!

— Não, Maraisa. Começo sim. Você acha mesmo, de verdade, que falar desse jeito comigo depois de sumir a manhã toda vai resolver alguma coisa?

— Você está passando dos limites. — disse a encarando. — Eu estava no escritório e não tem absolutamente nada de errado nisso.

— Você poderia ter me avisado Maraisa, ou apenas atendido a merda do seu telefone, sua irmã precisava de você.

— Metade... — Maiara chamou descendo as escadas.

— Oi minha pequena. — a abracei. — Chora, metade, eu tô aqui agora. — eu disse por fim, acarinhando seu cabelo, enquanto ela chorava em meu ombro.

Ficamos assim por alguns minutos, até sentir que Maiara tinha ficado quieta. Sai do abraço devagar, olhando no fundo dos olhos dela.

— Quer falar sobre isso agora?

— Fernando me... me machucou. — Ela disse baixo, tirando o band-aid da testa. — E ele me disse coisas horríveis metade, eu estou me sentindo suja. — ela falou entre soluços.

Abri a boca três vezes, procurando palavras que não fossem palavrões ou xingamentos.

— Ele me empurrou no sofá, bati a cabeça na madeira e o resto você já entendeu. Eu estou confusa, Isa, sei que ele nunca foi o exemplo perfeito de namorado, mas ele não era um monstro. — Ela disse desesperada, já com lágrimas grossas rolando por seu rosto.

— Ei, se acalma. Eu estou aqui. — disse tentando ficar calma, abraçando a mais forte. — Mas quando ele te procurar... Você não vai aceitar falar com ele não é? — Perguntei e recebi o silêncio como resposta.

Maiara olhou nos meus olhos, implorando que eu a entendesse.

— Mai... Ele te machucou. Por favor. Você não vê como isso é errado? Hoje ele só te empurrou, mas e amanhã? O que vai ser? — Marília disse nos olhando.

— A culpa foi toda minha metade, eu provoquei isso, ele não é assim. — ela disse tentando secar as lágrimas.

— Maiara a culpa não é sua... Uma coisa é ele ser preconceituoso comigo ou não gostar da Maraisa. Outra é fazer isso... — Lila disse enfática, apontando para a sobrancelha de Maiara. — Com você, isso só tem um nome: agressão, espero que você saiba disso pequena.

— Eu mal consigo olhar para você agora Marília, quero te pedir desculpa por isso tudo, eu... Não era a minha intenção, me desculpa por ter feito você passar por aquilo. — Mai disse quase em um sussurro, olhando para baixo.

— Ei, vem aqui! — Marília puxou Mai para um abraço, seus olhos marejados, o abraço foi retribuído com desespero. — Eu sempre vou proteger você pequena, não me peça desculpas pelo que ele fez, entendeu? — ela disse, desfazendo o abraço sem se afastar dela, enxugando suas lágrimas.

— Eu prometo nunca mais vê-lo, e dessa vez eu estou falando sério, eu não suporto a ideia de lembrar que ele foi pra cima de você Lila, eu sinto muito — Maiara disse me surpreendendo, terminando de limpar as lágrimas rapidamente do rosto com o dorso da mão.

— Eu só quero que você fique bem pequena, e perto dele isso é impossível. — Marília disse com um sorriso fraco.

— Obrigada Lila, o seu apoio é essencial pra mim nesse momento. — Mai completou abraçando minha esposa com força.

Queria muito fingir que confiava nessa nova promessa de Maiara, mas tenho medo do que o amor dela por ele é capaz de fazer com minha irmã. Se não posso bater de frente, tudo bem. Mas ficarei na cola de Maiara daqui para frente.

— Fechar os olhos para tudo que aconteceu é errado, espero que você entenda isso metade. — Falei em tom definitivo.

Ouvimos o celular de Maiara tocar na mesinha de centro. Ela foi até a mesinha para alcançar o aparelho, vendo o nome de Mioto brilhar na tela, percebi que um sorriso tímido surgiu nos lábios dela e suspirou um pouco aliviada.

{Ligação ON}

— Alô? — Ela disse.

— Oi pequena, posso passar na sua casa agora? — Mioto disse, pedindo baixo.

— Pode, pode sim... Estou na casa da minha irmã, tudo bem estou te esperando. Beijos.

{Ligação OFF}

Maiara desligou a ligação e olhou para a gente.

— Mioto vai passar aqui, tudo bem pra vocês?

— Você está bem pra ver ele? — minha esposa perguntou e ela assentiu. — Tudo bem então. — ela depositou um beijo em sua testa.

Maiara subiu para tomar um banho, nos deixando sozinhas.

— E então o que estava fazendo com todos aqueles sorrisos para o Murilo? — perguntei a encarando.

— Repete o que você acabou de falar pra ver se eu entendi direito. — ela me olhou indignada.

— Você ouviu muito bem o que eu disse Marília.

— Ciúmes? Você está com ciúmes do Murilo? — ela bufou revirando os olhos.

De quem é a culpa?Onde histórias criam vida. Descubra agora