Tea more blood

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Agora que eu estava estabilizada na Coréia eu precisaria de um emprego, não será difícil creio eu. Eu recebi bastante ligações ultimamente, várias agências querendo que eu fotografe algumas modelos para revistas famosas, entre várias que me ligaram eu aceitei ir na menos popular daqui de Seul, não que eu esteja menosprezando as que tem mais capacidade, eu só acho que eu deveria dar oportunidade nessas que precisa mais de mim.

> Alô sou eu Lalisa, vocês enviaram um e-mail caso eu quisesse aceitar o emprego então eu estou ligando <

> Nossa então você realmente quer trabalhar conosco? <

Escutei um barulho alto através da ligação e alguns gritos, devem estar comemorando, sorri antes de pôr minhas pernas em cima da minha mesa.

> Sim. Acho que vou gostar de trabalhar com vocês, mais a questão é o seguinte, eu só trabalho com as minhas câmeras, não gosto de usar a que vocês ou qualquer outra empresa forneça <

> Ah claro! Sem problemas, o importante é que você viu o e-mail, você vai ter que vir aqui falar com a chefe, você sabe, contrato e essas coisas que são necessárias <

> Eu estou livre o tempo todo, se quiser eu posso dar uma passada aí depois <

Ele mandou esperar e escutei um barulho de gaveta se abrindo, pouco tempo depois ele retornou a ligação.

> Ela está livre hoje as 12h, o horário de almoço, você passa aqui na empresa umas 11 horas da manhã e quando a senhorita Karina for fazer seu lanche a senhora acompanha, está bom para você? <

> Perfeito! Tenha um bom trabalho <

Bati o microfone com força no lugar e sorri orgulhosa por ter conseguido meu emprego, eu odeio ficar parada por muito tempo e por mais que eu tenha dinheiro na minha conta acho entediante ficar só em casa, chegamos da casa do lago não tem muito tempo e o Jack está cansado, eu medi a sua temperatura não tem muito tempo, acho que ele está gripado e eu sabia que aquela água iria fazer mal a ele.

Me levantei do meu escritório e abri as cortinas que dava para a varanda do meu apartamento. O broto do girassol já estava surgindo e eu sabia que com um pouco de água ele iria sobreviver, quando cheguei aqui parecia mais um broto de feijão do que qualquer outra coisa, todas aquelas plantas mortas que tinham aqui joguei no lixo, a antiga dona desse apartamento não sabia cuidar direito e acabou morrendo.

Sai do meu escritório que eu mesma decorei porque aquela sala iria ficar vazia então decidir optar por um escritório temporário, levei alguns pratos sujos que eu e Jack sujamos com pizza para pia e os deixei lá indo até o quarto do meu filho e batendo duas vezes na porta.

- Tem alguém acordado? - Entrei no seu quarto e tirei alguns ursos de pelúcia que estavam jogados.

Eu vou parar de comprar esses ursos para o Jack, da próxima vez vou comprar comida que vale mais a pena.

- Cara seu quarto está parecendo uma nuvem, eu não vou comprar mais essas coisas para você, da próxima vou comprar coisas úteis.

- Desculpa eu vou arrumar tudo - Ele falou quando espirrou fazendo uma quantia enorme de gosma verde sair pelo seu nariz - Acho que não vou poder ir para escola ver a Maria.

- Não mesmo. Não se preocupe com seu quarto eu estava apenas brincando, eu vou sair hoje - Olhei em meu relógio - Para falar a verdade é daqui a pouco..

- Eu posso ficar sozinho?

- Não! Óbvio que eu não vou te deixar sozinho, pior é que eu não tenho mais a Rosé para ficar com você.. consegue se levantar?

Jack estava com seu nariz vermelho e seus olhos lacrimejando e não seria uma boa ideia sair com ele nesse sol, acho que vou deixar minha entrevista para outra hora, se houver outra.

- Pode ir mãe, eu não vou me jogar da sacada ou tocar fogo no apartamento, eu consigo me virar sozinho.

- Jack não, eu sei que você já tem capacidade de ficar sozinho mais eu não vou permitir isso, vou deixar para resolver meus problemas outra hora.. vem vou fazer um chá para você.

Peguei ele em meus braços e percebi que meu filho estava ficando magro, eu sei que para idade dele é normal ser magro mais aquilo estava ficando estranho demais, suas olheiras estavam visíveis e eu estranhei o fato do meu filho parecer mais frágil do que o comum, deixei ele sentado no sofá e liguei a televisão colocando Teletubbies, o desenho favorito dele, o que eu admiro no Jack é que ele não tem frescura em assisti desenho antigo.

- Está se sentindo melhor? - Gritei enquanto pegava uma panela, eu estava em dúvida entre fazer chá de camomila ou de boldo.

A verdade é que eu não sei a diferença de nenhum chá, eu nem gosto de chá, mais minha mãe disse que essas plantas com água resolve qualquer coisa então é melhor fazer.

- Sim! - Jack gritou da sala antes de começar a tossir.

Coloquei minha cabeça para fora da cozinha e ele continuava assistindo atento, era estranho que apenas um banho de lago fez isso com ele, eu sei que aquela água era muito escura mais eu tenho certeza que não faz mal para a saúde, isso eu tenho certeza porque eu tomei muito banho naquele lago na minha juventude inteira.

Peguei alguns dos dois recipientes que estavam em uma prateleira e despejei dentro da água, uma colher de açúcar e só bastava ferver, eu não era muito boa em cozinhar porque Rosé sempre estava com a gente para nos ajudar com isso, Rosé era tipo uma mãe para o Jack, mais do que eu, quando eu vi que a panela já estava quente suficiente e o chá estava borbulhando peguei uma luva e coloquei em cima do balcão.

- Vai querer na mamadeira? Ou em um copo?

- Mamadeira..

- Mais não foi você mesmo que disse que ia parar de tomar na mamadeira? Porque falou que já era homem..

- Eu não sou homem, eu sou um menino.

- Certo.

Peguei a mamadeira e enchi pela metade, voltei para sala entregando a ele que quando experimentou o chá jogou tudo para fora.

- Eca! Isso é horrível, não quero isso não.

- Mais você precisa, se quer melhorar para ir para a escola e ver a Maria tem que beber.

Ele mesmo não querendo tomar o chá bebeu de uma vez, eu estava analisando o Jack milimetricamente e ele não estava bem, tinha alguma coisa errada com meu filho só que eu não estava conseguindo ver o que era, porque ele estava com olheiras enormes sendo que ele dorme no horário certo?

- Jack levanta a sua camiseta para mamãe ver uma coisa.

Ele fez o que eu mandei e aparentemente não tinha nenhum hematoma, mais os seus ossos estavam muito expostos e eu sabia que não era daquele jeito, mandei ela baixar a sua blusa e continuou assistindo a televisão.

Já era quase 3 horas da tarde quando recebi uma ligação do mesmo homem da agência, eu falei que não podia ir porque aconteceu um imprevisto e tive que adiar para outro dia, enquanto eu conversava com ele na sacada do meu prédio Jack não parava de tossir na sala, encerrei a ligação e quando voltei para sala estava escorrendo sangue pelo seu nariz.

Corri para o banheiro pegando bastante papel higiênico e tampando seu nariz, quando ele viu que era sangue começou a chorar e eu não sabia o que fazer para parar de sair sangue, aquilo não estava certo e nunca aconteceu, demorou um pouco de tempo mais o sangue tinha cessado e eu fiquei mais tranquila.

- Vou te levar em um médico... - Falei levantando e vendo seus braços finos - Você estava normal ontem, eu não entendo!

- Eu estou bem mãe, não está vendo que o sangue parou de sair do meu nariz?

- Mesmo assim.. tenho medo, tenho medo de perder o único pedaço da sua mãe, eu me preocupo com você e vou te levar no médico.

- Para de falar isso mãe, foi só sangue, posso continuar assistindo meu Teletubbies agora?

Concordei aumentando o volume da TV, ele deitou sua cabeça em meu colo e não demorou muito para dormir, se isso acontecer de novo vou levar Jack ao médico, isso nunca aconteceu.




O Primeiro Amor  (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora