Capítulo 1: Cidade das águas

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Em um sistema solar distante, havia Kaedra

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Em um sistema solar distante, havia Kaedra. Lar de feras engolidoras de terra e demônios sugadores de alma, o planeta se tornou um novo abrigo para a humanidade. Dentre todos os seres que ousaram viver nesse território hostil, haviam os que caçavam as criaturas da superfície, os que se escondiam delas, e aqueles que as domavam.

Rasaras, os nativos, habitavam em tocas sob a terra, fundindo peças de aço, fabricando temperos e curtindo couro. Humanos ocupavam grandes cidades muradas, metrópoles industriais, de onde provinha a maior parte da tecnologia do novo mundo. E os místicos, seres resultantes de uma mutação humana, isolavam-se em florestas afastadas.

Estes últimos perpetuavam um rancor pelos humanos, esquecendo-se de que, num passado não muito distante, Kaedra era regida por sociedades humano-místicas. As semelhanças que tinham foram sobrepujadas pelas divergências e pelo ódio. Inferiores em número, místicos perderam as terras do hemisfério norte, sendo derrotados em algumas batalhas ao longo da história. Eles carregavam má fama dentre as outras espécies inteligentes; por vezes, eram considerados instáveis.

A capital mística foi estabelecida no sul da Ithília, marcando o fim da maior floresta do país sobre um paredão à beira-mar. Chamada de "cidade das águas", a capital possuía icônicos canais de pedra esverdeada que desviavam água dos rios através da praça central e desabavam ao mar em belas cascatas. Árvores típicas da região, de troncos largos e vastos na cor verde, estendiam-se e se conectavam umas às outras num emaranhado, gerando uma fortificação natural. Seus galhos eram tão espessos e horizontais que serviam de ponte para as copas, onde se localizava parte alta da cidade, com os mais variados mercados. Helonys era linda.

Nesta região, vivia Susanna, uma menina mística de cabelos longos ruivos e pele praiana, que adorava ir com sua mãe à capital. Elas moravam num vilarejo próximo denominado "Poços Verdes". Embora também fosse bonito, não se comparava à cidade das águas.

A pequena Susanna tinha uma inquietude constante, sendo difícil para sua mãe contê-la ao longo da estrada pela floresta. Costumavam seguir por aquela trilha, sobre a areia fofa, acobertadas pelo arvoredo longínquo. Sempre que punham os pés sobre o piso antigo de Helonys, envoltas pelas torres verdes, elas visitavam o templo sob a montanha, no suposto lugar onde Iva A Compassiva fora morta por uma adaga empunhada pelo seu próprio irmão Beltran. O teor folclórico, formado desde então, ordenava que os descendentes do assassino, nascidos na região de sangue e manchados pela culpa de seu ancestral terrível, levassem flores em todos equinócios de verão e as deixassem sob os pés da estátua da Compassiva, onde a homenageavam.

Iva se sacrificou pelo que acreditava e isso sempre inspirou a pequena Susanna que, por levar uma vida simples, carregava apenas um raminho de bertuatos, a flor branca dos pântanos. A garota notou a nobre representação da mística esculpida na rocha: bela, carregando um jarro de água. A menina deixou seu raminho entre as diversas flores, agachou-se e tocou nas raízes sagradas rompidas do solo do templo.

O Rancor da Mariposa (Saga Kaedra - Lembrança)Onde histórias criam vida. Descubra agora