Capítulo 5: Olhos cor de mel

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Eric analisou Susanna, a garota de mãos trêmulas que mal conseguia segurar o bastão de treino, e considerou que lutar contra ela não seria correto

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Eric analisou Susanna, a garota de mãos trêmulas que mal conseguia segurar o bastão de treino, e considerou que lutar contra ela não seria correto. Suava frio. Ele sabia como sua avó podia ser cruel e o que ela fazia a quem a desobedecesse.

Por que você tem que ser assim tão desastrada?, pensou.

Ele se lembrava de ter visto olhos cor ametista, esmeralda, safira e ônix, mas nunca na cor da âmbar como os de Susanna. Os olhos da garota eram lindos, mais brilhantes por estarem molhados. Em combinação com os cabelos vermelhos, tinham a vivacidade de um dia ensolarado; o que o fez entender por que a mãe dela a havia chamado de "Raio de Sol". Susanna parecia uma alma pura, diferente de todas que ele conheceu. Sentiu-se tentado a contatá-la através de sua empatia, mas, por respeito, evitou.

O garoto apertou o bastão de madeira entre os dedos, engoliu em seco, e pôs-se em posição de luta, circundando com calma a garota inexperiente que, paralelamente, mantinha distância, afastando-se para trás.

Eu só queria uma amiga... Uma irmã. Por que minha avó não se importa com que eu sinto?

Não podia julgar os mais velhos, afinal tinha apenas dez anos, teoricamente incapaz de interpretar profundidade de situações. Ainda assim, não queria ir contra seus instintos. Não conhecia a nova hóspede de outra forma se não com o aspecto de tristeza. Como poderia marcar uma pele tão livre de máculas com cortes e cicatrizes?

Ele suspirou. Fingiu analisar o modo pelo qual acertaria sua adversária. Na verdade, apenas enrolava. A violência que seu pai lhe ensinou e a impiedosidade de Leonor se contradiziam com a nobreza do servir e acolher de sua saudosa mãe. Aos poucos, Eric sentia que desonrava a memória dela. Não podia recuar, todavia, ou sua avó perceberia. Ponderou que quanto mais rápido terminasse com aquilo, menos Susanna sofreria. Sentiu-se mal. Um calafrio em sua nuca pareceu questionar — Quem é você?

"Segure firme o bastão...", ele falou para ela, mexendo os lábios, porém sem emitir som. Sua avó tinha uma excelente audição. "Tente se defender", disse ainda o de cabelos negros à frágil Susanna.

Aflito por estar levando aquilo adiante, Eric saiu da inércia antes que seu receio ficasse escancarado demais. Deu um passo na direção dela, movimentando seus pés sobre a areia; executou um golpe simples, o qual Susanna defendeu de maneira atrapalhada.

Ela tinha um olhar assustado, como de um animal perdido. Eric fechou os olhos, interiorizando.

Me desculpe, mãe. Eu te decepciono.

Desejando que nenhuma hesitação fosse percebida, o garoto do vale girou o corpo e estocou o bastão na barriga da garota. Sua velocidade foi tamanha que pareceu romper a velocidade do som, controlando a força, no entanto, para que gerasse nada mais do que hematomas superficiais.

Caindo ao chão, a garota se desesperou por não conseguir respirar. Olhou ao redor, confusa com o que a atingiu; sem saber os motivos.

Eric considerava ter cometido um ato de violência suficiente. Sua adversária estava inapta a lutar. Não deu chances a ela.

O Rancor da Mariposa (Saga Kaedra - Lembrança)Onde histórias criam vida. Descubra agora