Capítulo 29: Templo das máscaras

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Outono, 91° dia.

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Juntos, eles caminharam rumo ao oeste do país de Jossanam, muito além das florestas da parte alta de Onosis. Estava escuro, mas seus olhos místicos enxergavam bem. Eric usava de seu conhecimento em exploração para guiá-los pelo melhor caminho, mesmo ainda não sabendo o motivo de Susanna querer voltar para a Ithília. Quando perguntou a Susanna o motivo, ela respondeu pedindo que se lembrasse da história dos Primeiros Místicos, pois ela havia estudado muito sobre eles e algo lhe havia chamado a atenção. Buscando em suas recordações, Eric lembrava de ter lido o relato de Keller sobre seus irmãos.

Keller havia sido o oitavo e mais pensante filho de Feltis. Ele foi infiel, não seguindo a jornada desesperada de sua mãe por poder. Criticava os de seu sangue que cegamente a seguiam e observava aqueles que arquitetavam tramas às ocultas. Então, exilou a si mesmo, dedicando sua vida ao registro do que havia presenciado.

Onivia, a sétima, chamada de "dama vermelha" por ser ruiva e preferir os tons carmesins em seus vestidos, durante um longo período foi violada fisicamente por seus irmãos mais perversos. Sabe-se que ela deu origem a muitos filhos e filhas e depois findou sua vida de forma caótica, sangrando pelos pulsos. Devido a ruivez, era quase certo que Susanna descendia de sua linhagem.

Armadoc, o sexto, tornou-se conhecido como o pai dos espiritualistas. Keller não o descrevia como um ser de pele verde, apenas como alguém arrogante, dedicado a Feltis e indigno de confiança. Ele também era envolvido em mistérios. Com sintomas de psicopatia, nunca demonstrou qualquer afeto por um dos irmãos.

Iva, a quinta, era tida como uma representação de pureza. Ela ficou horrorizada com a morte de sua irmã Onivia, posteriormente dando a vida para ocultar o Colar Amaldiçoado da vista de seus irmãos obstinados. Iva deu origem aos moradores de Cologno, no sul da Ithília, onde ela foi perseguida anos mais tarde e morta por seu irmão Beltran.

Beltran, o quarto, derramou vergonha a todos seus descendentes por ser a figura central na morte de Iva. Dotado de remorso e sem sucesso na sua busca pelo Colar, ele tirou a própria vida em Helonys, deixando o lugar para seus filhos e os de sua irmã.

Cinesta, a terceira, foi marcada por ter fugido do conflito de seus irmãos, cometendo o crime de omissão. Ela utilizou da técnica de Oclusão e migrou para as terras de Ceseros, além do mar, onde fundou sua própria filosofia mística, destoando totalmente de sua mãe ao aderir a doutrina do espírito.

Baltius, o segundo, descrito como forte e de muitos pelos, foi enfatizado por Keller como alguém abominável. Enquanto vivo, abusou de suas irmãs como pôde, fez muitos filhos, depois os tomou para si, levando-os consigo para as terras geladas ao norte.

Ashamoone, o primeiro, foi chamado de poderoso, justo, porém instável. Ele era próximo de sua mãe, e criou a habilidade mais avançada dentre os oito: a Projeção Astral. Foi o único dos Primeiro Místicos que, de fato, chegou ao poder. Governou no nordeste da Ithília por vinte e cinco anos. Seu corpo, em estado cadavérico, foi encontrado em repouso no trono da Mansão dos Mortos. A razão de sua morte nunca foi descoberta.

Com todas aquelas informações em mente, Eric perguntou outra vez:

— O que você achou de interessante nessa história a ponto de fazê-la se arriscar assim?

Susanna estava bem calma. Então respondeu:

— Todos dentre os Oito criaram uma cultura, um povo ou uma lenda. Cada um dotado de uma habilidade específica a ser passada para as futuras gerações. Ashamoone deixou poucos descendentes. Quase nada era sabido sobre ele. Keller o descreveu apenas como um ávido pesquisador da alma e que criou os primórdios dos estudos sobre sentimentos.

O Rancor da Mariposa (Saga Kaedra - Lembrança)Onde histórias criam vida. Descubra agora