yuki-onna, a mulher da neve envenenada

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Os dias haviam se passado depressa, entre estratégias e análises, o momento para iniciar a missão havia chego. Matteo terminava de ajeitar as pistolas em seu cinto, assim como as pequenas bombas e granadas presas em sua calça larga. A máscara de gás em forma de raposa estava sobre sua cabeça, enquanto um cigarro por findar permanecia em seus lábios.

Gael também estava ali, ambos dividindo aquele momento em silêncio, não era como se aquela ausência causasse qualquer sentimento de angústia, aquela necessidade de falar qualquer coisa para quebrar aquele gelo. Nenhum deles sentia essa necessidade, sabiam que não tinham o que dizer e que estava tudo certo em permanecerem daquela forma.

O mais alto havia pego algumas roupas que lhe pareciam servir e conseguira manter duas espadas em sua cintura. A máscara emprestada já se encontrava sobre seu rosto e podia observar seu reflexo nos equipamentos do local, apesar de estarem embaçados e riscados.

- Você... Fica bem com ela - comentou o moreno, seus dedos abaixando a própria máscara pouco depois de apagar o cigarro, deixando apenas seus olhos aparentes. Sua mão se aproximou de seu rosto, verificando o horário em seu relógio. - Vamos. Karasu já deve estar nos esperando.

- Obrigado, ela é bonita - mencionou Gael, tocando sutilmente na máscara.

Logo os dois desciam até o subsolo do prédio e se encaminhavam para o duto de esgoto, encontrando a mulher de fios azulados ali os esperando, a expressão sonolenta e entediada indicando que acordara há pouco.

- Parece que dessa vez foi você quem dormiu demais, Kitsune - provocou a mulher, a máscara no alto de sua cabeça. Sua mão se aproximou de sua boca enquanto bocejava e em seguida esfregou seus olhos entediados que se voltaram para Gael, analisando os objetos que estavam em sua posse. - Você tem certeza disso?

- Como se eu pudesse dormir o suficiente antes dessa missão... Tenho. Os mortos não precisam mais de seus pertences... Além do mais, não teria tempo hábil para fazer outra - explicou o moreno, seus dentes trincando e rangendo levemente. Seus olhos pareciam nebulosos e pensativos, a irritação passando por suas íris. - Recapitulando: o que vocês devem fazer em caso de não terem uma saída?

- Sério? Você vai mesmo fazer uma verificação? - reclamou a de fios azulados, seus braços se cruzando em frente ao corpo. - Não podemos só ir de uma vez? Preciso socar alguns idiotas ainda hoje.

- Você pode ir na frente, não sentiria sua falta mesmo se você morresse - replicou o homem mais baixo, sua mão abanando levemente como se a mandasse ir embora.

- Claro que sentiria, você não saberia viver sem que tivesse a mim para salvar essa sua bunda grande de tomar um chute - pontuou a mulher, um baixo estalo deixando sua boca. - Para acabar com isso... Se não tivermos alternativa devemos usar a cápsula envenenada.

- Ótimo... Bakeneko, depois disso, o que devemos fazer?

- Assim que a toxina deixar o nosso corpo, analisamos a situação em que estamos e damos um jeito de fugir ou esperamos que um de nós apareça para o resgate.

- Eles crescem tão rápido - pontuou a de madeixas azuis enquanto abaixava sua máscara. - Até ontem dizia não saber nada sobre a nossa cultura e agora até responde prontamente pelo codinome.

- É impressionante, não é? Estive analisando uma amostra sanguínea e essa velocidade de assimilação está até mesmo em suas células... - afirmou o moreno. Seus olhos se voltando para a tubulação que os ligava com a parte mais subterrânea e fétida da cidade. - Se há algum invasor microscópico, suas células podem assimilá-lo, destruí-lo ou fagocitá-lo... E... Tenho minhas dúvidas se o veneno surtiria efeito... Talvez tenha uma duração mais curta no corpo dele, então não se afastem tanto.

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