responsabilidades e proteção

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A queda que se seguiu após a abertura do chão fora rápida e dolorida, os dois corpos caíram e se afundaram nos metais de uma espécie de depósito. 

Eva fora a primeira a se levantar e estendeu a mão para Maya que não tardou em aceitar e se erguer, mantendo sua mão presa a da maior. 

— Não faça barulho, não sabemos quantos inimigos têm por aqui, melhor atrairmos o mínimo de atenção possível — afirmou a maior, o dedo indicador de sua mão livre seguindo até seus lábios, indicando silêncio. 

Maya assentiu sem dizer uma só palavra, podia sentir que a atmosfera parecia completamente diferente ali, como se estivessem sendo vigiadas.

As duas deslizaram por entre os metais até tocarem no chão firme e seguiram pelo salão em que estavam o mais silencioso possível, a fraca, ou quase nula, iluminação do local tornava difícil enxergar um passo à frente. 

— Não solte a minha mão — disse Eva em um tom baixo, quase em uma ordem, seus dedos pressionando a mão menor. 

Mesmo no escuro e sabendo que Eva não a veria, Maya abriu um largo sorriso e se enroscou no braço da outra, mantendo-as o mais próximo possível. 

A maior engoliu em seco com a proximidade, sua respiração ficando falha com o toque dela contra seu corpo. Seu coração batia alto e desordenado, tornando complicado para si conseguir distinguir pelo som a movimentação ao redor. 

Entretanto, ela sabia que precisava acalmar suas batidas e se concentrar no som ao redor, guiar-se pelos seus instintos e por sua audição bem treinada ou estaria colocando sua vida e a de Maya em risco. Sua respiração se tornou mais lenta e profunda e Eva fechou os olhos por curtos segundos, se atendo aos barulhos em sua volta. 

Haviam três passos distintos pela proximidade e pelo som da ponta metálica raspando contra o chão podia supor que ao menos um deles era um espadachim. Estava perto, no máximo dez passadas delas, enquanto os outros dois pareciam um pouco mais distantes. 

Será que eles podiam vê-las naquela escuridão ou estavam tão desorientados e sem visão quanto elas?

"Tengu não deixaria o inimigo com tanta vantagem assim... Eles definitivamente conseguem nos ver", pensou a azulada, sua mão livre segurando o cabo de uma das adagas, ajeitando-a entre seus dedos com firmeza. 

O som de passo se aproximou na diagonal e Eva puxou Maya para trás de si, girando levemente o corpo ao mesmo tempo em que lançava a adaga. Pelo som de dor e da lâmina tilintando no chão pouco tempo depois, pode supor que ao menos o havia acertado. 

— Não acredito que vou dizer isso, mas suba nas minhas costas. Irei precisar das minhas duas mãos — pediu Eva ativando a lâmina de seu punho inglês, enquanto Maya passava os braços por seu pescoço e as pernas por seu quadril, se mantendo bem presa a ela. 

O som da lâmina inimiga cortando o ar ressoou e Eva se moveu para o lado, virando o corpo e aparando o golpe com a sua própria. Em seguida, se afastou em um pulo para trás e ouviu os passos dos outros dois se aproximando por suas laterais. 

"Se ao menos eu conseguisse vê-los melhor..." Eva apoiou suas mãos nas coxas da menor e com um impulso girou seu corpo com brutalidade, erguendo sua perna e chutando aquele que se aproximava pela direita. 

Depois disso, ajeitou sua pose em uma de ataque e socou em direção ao terceiro som, tentando ao máximo golpear em semicírculos para que ao menos conseguisse atingir a lâmina no inimigo. 

Eva sentiu seu braço ser segurado e puxado com tudo para frente, um golpe certeiro atingindo seu estômago e a fazendo tossir pela dor e impacto. Pela maneira como o ataque viera de baixo, a azulada soube que fora o joelho do outro que lhe acertara e que provavelmente viria outro em seguida. 

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