experimentos

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Três longos dias haviam se passado desde que se iniciara o jogo entre Eva e Íris e era essa mesma quantidade de dias que a mais alta não conseguia triscar na menor.  Independente do que fizesse, de como chegasse próximo, a de fios rosados e pele bronzeada conseguia escapar. 

Tentara enquanto ela dormia, vasculhando pela madrugada o paradeiro da outra, contudo, era mais difícil do que pensara. A mulher mais baixa parecia se esconder nos buracos mais inacessíveis possíveis para não ser encontrada. 

Também tentara a atacar quando estava distraída ensinando Gael sobre o sentimento da vez, mas também falhou quando ela simplesmente saiu da frente, o que fez a mais alta acertar o homem e ficar com a mão dolorida por umas boas horas por ter socado o revestimento de titânio. 

Pediu ajuda a Matteo em bolar um plano para pegá-la, qualquer armadilha de rato, entretanto o moreno a ignorou completamente, focado em fazer suas modificações e acréscimos no protótipo de braço robótico. 

Pensou em atrai-la com doces, assim como se fazem com animais, colocando uma armadilha para prendê-la, contudo, a menor conseguia pegar os doces e fugir antes mesmo que a armadilha se ativasse. 

Ela era extremamente rápida e sorrateira, o que só tornava a missão de Eva em capturá-la mais complexa ainda. Como conseguiria contra-atacar se mal conseguia se aproximar? 

Sua especialidade era o confronto corpo a corpo e se não conseguia nem ao menos tocar em seu oponente era o mesmo que estar em completa desvantagem. Íris parecia um obstáculo intransponível aquela altura. 

Mas Eva não era de desistir, lutava com tudo o que tinha até o final, mesmo que fosse óbvia a sua derrota. Por tal motivo não havia jogado o pano branco da rendição e arregaçou as mangas para continuar com suas tentativas vãs. 

Novamente estava na cozinha, vasculhando todos os armários em busca de qualquer coisa para forrar seu estômago, entretanto não encontrara absolutamente nada e sua vontade para sair em busca de algo beirava a zero. 

O som de alguém se aproximando junto ao barulho de líquido sendo sugado por um canudo a fez girar em seu próprio eixo, vendo quem era a pessoa que estava com a posse de algo bebível. 

Seus olhos logo se encontraram com a detentora da bebida, as orbes arredondadas traziam um brilho de falsa inocência e animação quase infantil, uma aura divertida a rodeava enquanto seus lábios levemente carnudos se encaixavam no canudo metálico, sugando o líquido grosso do copo que estava em suas mãos. 

Eva se controlou para não lamber os lábios, a bebida alheia tinha uma coloração azulada e parecia de uma textura mais grossa, como um milkshake e sua boca encheu de água, salivando para provar daquilo que pouco tinha experimentado na vida. 

E como se soubesse que a outra desejava sua bebida, Íris sugou ainda mais ruidosa, soltando sons apreciativos apenas para instigá-la. Eva engoliu a saliva acumulada e desviou o olhar, tentando não se levar pela tentação, ignorando sua barriga roncando furiosa. 

— Isso é tão bom... Um gostinho de algodão doce e com um leve azedinho que dá uma quebra perfeita na doçura — comentou a menor em voz alta, deslizando pela cozinha enquanto tomava mais um gole barulhento. 

— Hm... Legal... — murmurou a de cabelos azuis, seu olhar passeando por qualquer lugar menos para a rosada. — Cuidado para não derrubar. 

— Está jogando mau agouro no meu milkshake? — provocou a menor dando uma risadinha antes de tomar mais um gole e oferecer o copo para a maior. — Você quer? 

Eva abriu a boca um pouco incrédula, novamente engolindo a saliva que se acumulara. Sua cabeça balançou afirmativamente sem titubear e suas mãos se adiantaram para tentar pegá-lo, contudo, a menor trouxera para perto de si, rindo divertida. 

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