— Você acha que realmente tem algo aqui que possa me ajudar a descobrir o que eu sou e qual o meu motivo para estar aqui? — questionou Gael acompanhando o moreno com uma distância quase mínima, se movesse um pouco seu corpo para o lado acabaria por roçar contra ele.
— Quem sabe... É possível que tenha alguma informação sobre a cidade alta por aqui... Essas coisas não são fáceis de se conseguir em Unova — comentou mostrando a tranca eletrônica e de alta tecnologia de uma das portas com reconhecimento pela íris e até mesmo pelo timbre da voz. — Talvez a cidade alta esteja mandando esses equipamentos em troca de algo.
— As drogas não seriam o suficiente? Para cobrir os gastos e servir como uma moeda de troca...
— Se eles pensam em iniciar uma guerra civil sim... Os efeitos podem funcionar bem para um exército imparável... Mas não sei se é o tipo de coisa que a cidade alta prezaria como pesquisa ou meio...
— Como assim?
— O que eles ganhariam com isso? Eles têm um potencial tecnológico e bélico imensos, então por que gastariam com algo que coloca seus cidadãos em risco em vez de produzir armas potentes e de longa distância em massa para entrar em confronto ao mesmo tempo em que se mantém protegidos?
Matteo parou no lugar e se voltou para o maior, esperando-o responder.
— Talvez pensem em usar pessoas de outros lugares como um exército... Se for algo ao qual se pode controlar totalmente, qualquer um de nós poderia ser utilizado para isso...
— Pensando por esse lado... Seria vantajoso... Poderiam se livrar de pessoas que não servem para eles colocando-as na linha de frente... É algo bem comum nas guerras, normalmente colocam as minorias como se fossem descartáveis. — Matteo pareceu refletir no que dissera, parando totalmente seus movimentos.
— Parece bem provável que estejam se encaminhando para algo do tipo... — Gael parou de falar ao ouvir um baixo clique, muito semelhante ao som que ouvira antes das duas mulheres desabarem pelo chão. Sem pensar duas vezes, puxou Matteo para si e se moveu mais para frente, pouco antes do local em que o menor estava se abrir.
— Merda de chão... Obrigado por me salvar... Pelo jeito não podemos ficar parados em um mesmo lugar por muito tempo — agradeceu a raposa encarando a abertura e em seguida olhando para o maior, notando o quanto estavam próximos naquele momento, podia sentir a respiração quente se chocar contra sua face e as mãos firmes se manterem em seu corpo.
Matteo engoliu em seco e se afastou um tanto sem jeito, sentindo-se idiota por não conseguir disfarçar ou ao menos agir normalmente estando tão perto de Gael.
Logo seguia pelo corredor, afastando-se um pouco mais do outro. Seus pés iam rápido pelo local assim como seu coração batia em uma adrenalina desenfreada, seu rosto parecia esquentar e formigar.
— Será que elas estão bem? — questionou Gael depois de um tempo seguindo o menor em silêncio.
— Estão... Karasu sabe se cuidar... E não acho que ela deixaria algo acontecer com Íris nessa altura — respondeu direcionando seu olhar para frente, notando que se aproximavam cada vez mais da última porta do corredor.
— Por que diz isso?
— Porque... Parece que ela se afeiçoou a Íris, apesar de agir como se não — pontuou o menor, sua mão se erguendo ao chegar perto o suficiente da porta, segurando a maçaneta e a girando, torcendo para que estivesse destravada.
Para sua surpresa e alívio, estava aberta e quando olhou para o interior percebeu algumas máquinas pelo local e que a sala estava totalmente vazia. Havia uma tela holograma saindo de um pequeno aparelho e o menor se aproximou a passos rápidos, mas assim que colocou os dois pés no interior do cômodo, um conjunto de barras de ferro subiram e fecharam a entrada, separando-o de Gael.
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inafetivo
Science FictionNaquele mundo em que sobreviver era a lei, os afetos são esquecidos e abandonados desde o berço. Amar se torna um peso, algo difícil de se carregar, uma cruz a qual poucos conseguem lidar. A guerra, a morte e a violência se encontram em cada esquin...