no bico do corvo

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Matteo mordeu o lábio inferior após contar para Gael como havia conhecido Inugami, uma sensação estranha e angustiante se instalando em seu peito ao pensar naquele que um dia conhecera, mas que em algum momento havia mudado completamente. 
— Desculpa por antes... Por não... Ter deixado você perguntar o que queria... Eu só... Não sei o que pensar sobre tudo... Precisava de um tempo para colocar meus pensamentos em ordem... — comentou, seu corpo deitando sobre a mesa e seu olhar encarando o teto. — Falar sobre Inugami é algo que não sei lidar... O que ele fez... As pessoas que me tirou... Quem ele se tornou... Acho que ele realmente chegou ao patamar que queria... Um cão de caça atrás da raposa. 
Gael se levantou e se aproximou, sua mão repousando sobre a cabeça do rapaz menor, acariciando seus fios em uma tentativa de consolo, o que fez Matteo fechar os olhos por alguns segundos. 
— Obrigado por me consolar mesmo quando ajo como um idiota com você. 
— Não tem problema, eu não me importo, é o seu jeito de ser e humanos são complexos de se entender, aja como sente que deve agir, quero compreender você em sua totalidade. 
Matteo voltou a se sentar na mesa e encarou o maior por longos segundos, seus olhos se prendendo aos do outro, agarrando-se nas íris mais escuras e apáticas, tentando vislumbrar na profundidade do olhar tudo o que podia descobrir. 
Havia ali qualquer sentimento realmente? Algo ao qual ele não tivesse a capacidade de ligar com as palavras? Também sentia as reações físicas em seu corpo quando estavam próximos assim como Matteo sentia? 
O calor em seu estômago, o palpitar intenso do coração, a vontade de tocá-lo, de ficar ao seu lado, de protegê-lo. Gael também experimentava dessas sensações? 
— Está tudo bem para você continuar a conversar sobre ele? 
Matteo manteve seu olhar sobre Gael ao ouvir sua pergunta, estranhamente havia uma ideia de preocupação ali, mesmo que não aparentasse, como se ele quisesse se assegurar de que poderia continuar com suas perguntas e curiosidade, e tal fato acabou por fazer Kitsune pensar que havia sim algum sentimento dentro dele, mas que apenas não sabia como ligar, como expressar para fora.
— Tudo bem... Mas eu... Posso... — Matteo ergueu levemente suas mãos em direção ao rosto do outro, porém, as abaixou em seguida. — Esqueça... O que quer saber? 
— Pode — respondeu Gael mesmo se não soubesse o que o outro queria lhe pedir. — Sobre o que me contou... Inugami havia te dito que os pais dele morreram, mas Han'yo está viva. 
— Você nem sabe o que eu iria te pedir, não concorde só porque sou eu — explicou Matteo, seus dedos tocando sutilmente a bochecha dele, puxando um pouco a pele e a soltando em seguida. — Sua pele é mais macia que o normal, queria saber o que tem de diferente no alto para serem assim. Está, mas para ele o pai e Han'yo não são a mesma pessoa... É como um nome e codinome, o pai dele era uma pessoa, tinha um nome e uma história e Han'yo outra que havia deixado sua história para trás para ser quem realmente era, duas pessoas completamente diferentes. 
— Eu confio em você, não acho que me pediria nada que eu fosse negar — pontuou Gael, suas mãos tocando suas bochechas e em seguida as do menor, comparando-as no ponto que o outro levantara. — Hm... Certo, faz sentido, eu acho... Outra coisa, você disse que ele havia tirado duas pessoas importantes de você... Quem era a segunda? 
— Não deveria confiar tanto assim, não sou nenhum santo ou perfeito, então não responda algo positivamente sem saber o que é — afirmou, seus dedos descendo até os lábios dele, deslizando pela região. — Já lhe disse o nome dele uma vez. 
Gael parou para pensar a respeito daquilo, relembrando todas as pessoas que Matteo havia citado, entretanto, nenhuma que soubesse que havia morrido. 
— Não sei... Qual era o nome dele? 
— Era... Ravi — disse por fim, o ar deixando seus pulmões em uma lufada forte e rápida. — Naquele dia ele havia morrido completamente, o garoto que conheci quando mais novo, que tive como meu irmãozinho... Não existia mais, apenas Inugami. 
[...]
O saco de pancadas girava e batia contra a parede conforme os socos violentos o acertavam em cheio, um atrás do outro, incontáveis vezes sem parar. Em seguida, vinham os chutes duros e rápidos, altos e baixos, voltando para os socos logo depois. 
Sentada no colchão, Maya acompanhava o treino de Eva, as pernas dobradas e as palmas apoiadas para trás, deixando seu corpo levemente inclinado. 
— Não acha que está forçando demais seu corpo? Não faz nem três dias direito que saímos da base do Tengu, suas feridas não estão totalmente cicatrizadas — comentou Maya, sua cabeça movendo conforme a outra se mexia. 
— Eu estou bem, já estive pior e sobrevivi — pontuou dando mais um soco forte contra o saco de pancada, a respiração saindo ofegante, podia ver o suor escorrendo por sua têmpora pelo exercício. — Ainda temos muito para fazer, não é? Até chegarmos no final da missão. Então, preciso estar pronta para aguentar viva até lá. 
— Pensei que estivesse mais interessada em morrer do que em concluir a missão. 
— Posso morrer depois, uma guerreira não desiste da batalha no primeiro obstáculo e se entrei nessa não vou dar para trás e morrer na primeira oportunidade. Ainda mais que não posso deixar Kitsune ou você irem na frente. 
— Fofa, você fica tão gracinha toda preocupada e protetora assim — falou Maya dando um risinho gracioso, um enorme sorriso em sua face. 
Eva sentiu seu rosto ferver com aquele comentário, socando com ainda mais força o saco de pancada, o que o fez ir com mais velocidade na parede e voltar contra si, fazendo-a grunhir irritada por não ter tido tempo suficiente para desviar ou segurar o objeto antes de atingi-la uma vez.
— Merda — resmungou contrariada, segurando o saco com as duas mãos e o parando, seu rosto avermelhado encostando contra o objeto, tentando disfarçar a vermelhidão evidente. — Por que você fala essas coisas do nada?  
— Porque adoro te ver assim envergonhada — pontuou Maya dando um pulo para fora do colchão e se aproximando, suas mãos tocaram no saco de pancadas e subiram até as da outra, repousando sobre elas. — Como você parece se afetar por qualquer coisa que eu digo. 
— Não me afeta... Eu só... Ah esqueça... — Eva girou o corpo e se viu de frente com a mulher de fios rosados, notando o riso contente e de clara segunda intenção deixar os lábios macios. — Não tenho nada de mais para que goste... Eu nem fico... Envergonhada. 
— Diga de novo, mas agora com um biquinho assim — pediu Maya fazendo um bico. — E depois olhe para o lado, vai ficar muito mais fofa. 
— Eu não vou fazer isso, é vergonhoso — reclamou Eva, seu rosto virando para o lado contrário à mulher, as bochechas ficando mais avermelhadas. Seus olhos ainda observando a mais baixa de soslaio. — Ser fofa combina mais com você do que comigo... Você é toda pequena e animada como um filhotinho... — A mulher de madeixas azuis desceu seu olhar pela outra brevemente. — Quase toda pequena. 
Maya deu uma risada alta e divertida, achando graça ao ver a maior desviar o olhar de seu corpo ao se notar observada.
— Eva — chamou a mulher mais baixa, o pequeno sorriso de lado brincando em seus lábios. — Você já saiu com uma mulher? 
— Por que quer saber isso do nada? Claro que já... Não sou virgem, se é o que quer saber... 
— Não tinha pensado tão longe, mas já que contou, não irei reclamar nem um pouco. — Maya aproximou suas mãos do corpo dela, seus dedos tocaram e passearam pelo tronco. — Você me quer, não é? Posso ver no seu olhar. 
Eva respirou mais profundamente, o ar se tornando cada vez mais denso e rarefeito, ficando difícil de respirar. Se a queria? Era evidente que sim, que durante esse curto período de convivência havia nutrido um desejo por ela, mesmo que a princípio se recusasse a acreditar ou assumir. 
As mãos de Eva seguiram hesitantes até tocar a outra, segurando-lhe a cintura com leveza, mas aos poucos firmou seu toque na região. Maya sorriu e se aproximou mais, erguendo-se nas pontas dos pés, deixando seu rosto próximo ao deEva, esperando pacientemente que ela cedesse e lhe beijasse. 
O que de fato não demorou nem um pouco, logo Eva cedia para seus instintos sem pensar duas vezes, deixaria essa tarefa para seu eu do futuro cuidar. Seus lábios tomaram os de Maya em um beijo afoito e ofegante, as mãos puxando-a mais para si em desejo e posse.
Sua língua invadia e dominava, era quente e bruta, impondo aquele ritmo duro e difícil de acompanhar. Seu músculo úmido rodeava pela boca dela, travando pequenas guerras e confrontos com a da mulher. 
Maya soltou um suspiro doce contra seus lábios, apreciando a maneira com que a outra se mostrara tão disposta em guiar, como se já tivesse feito aquilo várias e várias vezes e soubesse exatamente para onde seguir. 
Suas mãos logo desceram até a barra da blusa, tirando-a da mulher mais baixa por completo, deixando a mostra seu tronco nu, os seios volumosos e com os mamilos rijos que despontavam pela pele. 
Suas mãos não tardaram em apalpar as protuberâncias macias, apertando seus dedos na região, massageando com brusquidão. A palma um pouco áspera e calejada dava um contraste delicioso contra a carne tenra. Os olhos grandes e arredondados se fecharam com aquele toque bruto, um gemido arrastado e longo deixou sua boca. 
— Agora é você quem parece fofa — comentou Eva mantendo seus toques pelos seios dela, apertando e acariciando os mamilos rijos. 
— Isso não muda o fato de que você ainda é fofa — respondeu Maya, seus dedos subiram para os fios azuis, se emaranharam ali.
— Corvos não são fofos quando atacam, são exímios caçadores — replicou, o olhar de aura entediada ganhando um brilho de desafio, um brilho predatório. — E não desistimos de nossa presa. 
Maya passou a língua pelos lábios antes de sorrir largo, aproximando mais seus rostos, deixou suas bocas roçarem, sem aprofundar o toque, apenas uma provocação para atiçá-la mais. Eva segurou a mulher com firmeza e grudou seus lábios em um beijo feroz, empurrando-a lentamente para trás até que a derrubasse sobre a cama. 
— Sabe, já sai com algumas mulheres, mas você é a primeira que deita em minha cama — comentou Eva após se afastar e se separar do beijo, suas mãos deslizaram pelo tronco nu. 
— Está dizendo isso para que me sinta especial? — rebateu Maya, um sorriso provocativo se delineando em seu rosto. 
— Estou dizendo para que se sinta encurralada, você é a primeira a estar no meu território — afirmou, sua boca tocou a pele do pescoço, mordiscando a região. — Animais indefesos deveriam tomar cuidado no território de seus predadores. 
Maya deu uma risada divertida e curvou o corpo para cima, deixando-se mais exposta. 
— Não estou indefesa, sei muito bem o que estou fazendo, sou uma presa que quer ser caçada — pontuou Maya, suas mãos deixaram os fios azulados e seguiram pelas costas, até alcançar o início de sua blusa e a puxar, a tirando em seguida. 
Eva sugou com brusquidão a pele bronzeada próxima a clavícula, deixando uma pequena vermelhidão na região, desceu pelo colo e o preencheu com ainda mais marcas pequenas e mordiscadas. 
Suas mãos continuaram apalpando os seios volumosos, massageando-os com empenho até mesmo quando sua boca alcançou os mamilos rijos e os chupou com afinco, sua língua deslizava para cima e para baixo do botão endurecido, fazendo a mulher soltar baixos ofegos em agrado. 
Os dedos finos de Maya passearam pela pele das costas, suas unhas arranhando a epiderme, deixando trilhas avermelhadas e ardidas pela região. 
Eva mordiscou o mamilo que estava dando atenção e o lambeu uma última vez antes de se dirigir para o outro, fazendo o mesmo processo, chupando e mordendo, passeando sua língua pela região. 
Suas mãos desceram pelo corpo menor, deslizou as palmas sobre a barriga até que alcançassem a calça, entrando por debaixo do pano, passando pelo monte de Vênus e roçando seus dedos no clitóris, fazendo curtos movimentos circulares para cima e para baixo. 
Maya retornou seus dedos para os fios desbotados, acariciando-os como um incentivo para que continuasse. Os olhos acinzentados de Eva subiram para o rosto da mulher abaixo de si, observando com desejo todas as pequenas e grandes reações dela, capturando com os seus sentidos todos os sons, texturas e gostos. 
Em seguida, seus dedos deslizaram para o canal quente e molhado, adentraram a região e foram fundo em seu interior, movendo-se para dentro e para fora lentamente, aumentando gradativamente a velocidade. 
Sua boca soltou o mamilo em um estalo molhado e desceu vagarosamente pela barriga, até chegar nas calças dela e com sua mão livre retirou as peças que escondiam a região quente e úmida de Maya. 
Seus lábios sugaram o clitóris com feracidade, deixando evidente a fome que possuiam para devorá-la por inteiro. Sua língua deixou a região ainda mais molhada, esfregando-se na pequena protuberância macia, fazendo os sons que Maya soltava ficarem mais altos, arrastados e intensos. 
As coxas dela se prenderam nas laterais do rosto de Eva, seu quadril se moveu para cima e para baixo, ditando um ritmo que lhe fosse prazeroso, o qual Eva acatava sem muito esforço ou rodeios. 
As mãos de Maya se agarraram com firmeza nos fios azulados, suas costas inclinando levemente para trás e seus olhos se fecharam com força, enquanto um gemido mais alto e lânguido deixava sua boca. Suas pernas tremiam pelo intenso prazer do orgasmo, todo o seu corpo vivendo aquela sensação extasiante  do mais puro deleite. 
Tudo se tornou uma mistura insana de prazer e desejo. Estar ali no bico de seu predador havia sido melhor do que teria imaginado.

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