sentimentos são confusos

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Os fios rosados balançavam de um lado para o outro do cômodo, girando por entre as máquinas e as observando, erguendo-as com curiosidade. Haviam tentado se livrar da mulher baixinha e empolgada antes de chegarem em casa, mas era quase impossível despistá-la quando ela podia simplesmente deslizar pelas ruas mais rápido do que eles. 

Além de terem visto que mesmo se tivessem conseguido o feito de perdê-la, ela saberia chegar igualmente. E Íris deixara bem claro seu conhecimento sobre o local em que ficavam ao desviar sozinha pelo caminho mais curto e aguardá-los em frente a entrada do prédio abandonado.

Agora Matteo estava tentando de alguma forma controlá-la ou mantê-la minimamente parada antes que revirasse tudo o que podia e estava ao alcance de suas mãos. 

— O que é isso aqui? Um protótipo de um braço robótico? — questionou a mulher pegando o objeto em suas mãos e o girando com interesse. — O que esse botão aqui faz? 

— Não toca nisso. Quer explodir minha sala? — ordenou Matteo tomando o braço mecânico da outra e o colocando no local mais alto possível. 

— Explodir? Então lança bombas? Parece uma ótima ideia para substituir essa que você usa. Ela não parece fazer nada — comentou Íris levantando o braço metálico do moreno e o soltando. — Chato, falta uma mira a laser. 

— São, mas reduzidas para funcionarem como balas — falou o moreno erguendo o braço mecânico como se fosse mostrar algo incrível para ela, atraindo a atenção da mulher. — E esse braço faz algo impressionante... Ele abre e fecha que é o que eu preciso no dia-a-dia — completou com sarcasmo, seus dedos abrindo e fechando, o que fez a outra bufar frustrada e fazer um bico com seus lábios. 

— Pensei que fosse mostrar algo legal... E nem bonito é... Você não se preocupa muito com a estética de suas criações — pontuou a mulher voltando a se entreter observando os objetos. — Aí que está o seu problema. 

— Céus, saia da minha sala e vai dar uma volta por aí. Tenho mais o que fazer do que te aturar — disse o moreno se colocando as costas da mulher e a empurrando para fora, pouco antes de bater a porta. 

— Você é muito chato, não aceita sugestões construtivas. Uma arma tem que ser bela, e potente. A beleza serve para iludir e a potência para destruir — reclamou Íris do outro lado, dando leves chutes contra a porta. — Abra, raposinha, não terminei de entender tudo o que tem aí. 

— E nem vai terminar. Vai encher o saco de outra pessoa... Já que gosta de coisas bonitas e destrutivas, deveria incomodar a Karasu. 

— Eu vou mesmo... Uma última coisa: as bombas que usou na base... Elas me lembram as do Inugami, apesar das suas terem um poder de destruição mais moderado. Imagino que não seja uma mera coincidência. 

— Eu as fiz para ter um melhor controle da força da explosão... Não são exatamente para ataque, são mais para fugas estratégicas ou destruir estruturas. — Matteo virou a chave no trinco, trancando-se ali. — Agora dê o fora e vá arranjar o que fazer. 

— Você não me respondeu. 

— E você não fez uma pergunta. 

— Pensei que fosse mais inteligente para entender a questão implícita — falou a mulher dando uma risadinha, suas unhas raspando contra a madeira e dando leves batidas ritmadas seguindo a melodia da música que colocara para tocar algumas vezes no bar. — Essa é uma das minhas músicas favoritas. Linda, Linda, Linda, Linda — cantarolou em um tom empolgado, o som das rodinhas acompanhando a música. 

— Se não me contasse, nem desconfiaria — falou o moreno revirando levemente os olhos e se encaminhando até o meio da sala, tentando ignorar a cantoria da mulher.

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