Haviam seguido para o interior do prédio onde se sentaram na pequena cozinha. As respostas ainda pairavam pelo ar, sem uma decisão em definitivo. Íris sentara enquanto cantarolava no ritmo de "linda! Linda! Linda! Linda!", seus olhos curiosos seguindo os outros dois parados em pé na sala.
— Não vi seu namorado hoje, raposinha. Estão brigados? — questionou Íris após um tempo em que nenhum deles dizia nada.
— Ele saiu mais cedo para dar uma volta... — respondeu o moreno bufando baixo, seus olhos seguindo até o rosto da mulher mais baixa. — E Bakeneko não é meu namorado.
— Não agora? — jogou a rosada, seus dedos passeando pela madeira da mesa, fazendo pequenos círculos.
— Você deixou ele sair por aí sozinho? E se ele trouxer alguém para cá? Ou arranjar algum problema lá fora? — Eva cruzou os braços em frente ao peito, seu olhar entediado recaindo sobre Matteo e depois em Íris.
— Ele é bem grandinho para tomar suas decisões e lidar com elas — replicou, seus pés o levando para mais perto da mesa, suas mãos espalmando contra a madeira. — O que está insinuando?
— Não duvido que seja, mas ele não entende a malícia da vida desse lugar...
— Se está preocupada, deveria procurá-lo, Karasu.
— Não estou, mas seria mais seguro para nós se ele não agisse sozinho... O que ele pode fazer ou até onde ele iria... Ele é obediente e se alguém de fora descobrir isso pode acontecer algo...
— Se algo acontecer, eu dou um jeito de resolver. Mais alguma objeção? — pontuou o moreno e Eva suspirou baixo, balançando a cabeça em negação. — O que estava insinuando, Íris?
— Nada demais. Sabe, reparei em algo enquanto vocês conversavam. — falou a rosada, suas mãos seguindo para a parte de trás de seu corpo, entrelaçando os dedos. — O que raposas são, raposinha?
— Noturnas, astutas e solitárias? — Respondeu sem titubear, vendo a menor negar.
— Não quer tentar adivinhar também, corvinha?
— Por que isso agora? São onívoros, mamíferos? — supôs a de madeixas azuis, sua expressão começando a demonstrar cansaço e tédio em estar ali parada.
— Não, raposas são canídeos, assim como cachorros — mencionou a mulher rosada, espreguiçando-se graciosamente. — São como irmãos ou primos, bem mais próximos e semelhantes do que outras espécies que não pertencem aos canídeos.
— E onde quer chegar com isso? Qualquer um sabe dessa informação — afirmou Eva, um pequeno bocejo deixando seus lábios.
— Estava me perguntando o quanto os codinomes de vocês do Leste tem a ver com as relações que constroem. É mera coincidência, raposinha, que tanto você quanto inugami tenham codinomes que remetam a animais tão próximos um do outro?
— Você faz perguntas demais, não acha? — rebateu o moreno, sua mão boa passando por seu rosto com certa irritação. — Sobre o que estava falando de seus objetivos?
— Vou aceitar a sua esquiva como um "não é só coincidência". Existe uma pessoa que governa todo o submundo de Unova: Équidna. É ela que detém todo o conhecimento sobre o alto, mas chegar até ela não é algo fácil. Existem facções em todas as regiões que estão sob seu comando, inclusive aqui e a de Ushi-oni.
— E onde entra a parte dos nossos objetivos se entrelaçarem aos seus? — Quis saber Eva, seus dedos esfregando suavemente seus olhos.
— Ushi-oni era um dos mais fracos subordinados, então terão muitas lutas difíceis, quem sabe tenha alguém forte o suficiente para te matar — mencionou a mulher de fios rosados, seu olhar se encontrando com os de Eva. — Não é esse seu objetivo, corvinha?
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inafetivo
Science FictionNaquele mundo em que sobreviver era a lei, os afetos são esquecidos e abandonados desde o berço. Amar se torna um peso, algo difícil de se carregar, uma cruz a qual poucos conseguem lidar. A guerra, a morte e a violência se encontram em cada esquin...