Os três voltaram para o prédio abandonado, no último andar, na sala mais ao longe e quase inacessível. Matteo fora o primeiro a entrar e ligar a luz fraca do local, assim como alguns equipamentos espalhados.
— Qual o plano, Kitty? — questionou a de cabelos azulados, usando um tom forçadamente fofo para dizer o apelido.
— Não use esse apelido ridículo comigo. E o plano é o seguinte... — O moreno pressionou um dos botões do equipamento envelhecido e de conserto levemente amador. Uma tela holograma surgiu bem diante aos seus olhos a qual ele tocou sem dificuldade, fazendo o mapa do local surgir. — Ushi-oni tem 2 bases e 6 subordinados diretos que rotacionam a presença nas bases e na patrulha externa, ou seja, ficam 2 em cada base e 2 pelas proximidades ou resolvendo os problemas externos pelo leste de Unova.
— Como sabe disso? É algo que é de conhecimento público? — perguntou Gael, seus olhos se focando no mapa, decorando as posições das bases que o outro mostrara com os dedos.
— Quase ninguém sabe disso, não é algo que seja exposto assim... A quantidade de subordinados, as localizações são coisas difíceis de se conseguir — comentou Eva, girando uma cadeira e se sentando, suas pernas ficando levemente abertas enquanto seus cotovelos se apoiavam em suas coxas. — Kitsune descobriu sozinho. Ouvi dizer que era algo impossível de se fazer, mas cá estamos.
— Como chegou a essas informações?
— Não foi tão difícil assim... Só analisei a área de atuação deles, a correlação entre suas operações e tracei locais possíveis que eles usariam, depois retirei os que não possuíam traços ou espaço para se tornarem uma base. O que sobrou, fui observar e cheguei a esses dois — afirmou o moreno, seus dedos passeando pelo mapa conforme falava, como se estivesse refazendo seus passos naquele exato momento. — E a quantidade de subordinados... Você sabe por que temos os nossos codinomes?
— Para manter suas identidades em segredo e suponho que tenha algo de hierarquia ou função por trás — respondeu o homem de poucos centímetros mais alto.
— É algo assim... A hierarquia não é um elemento presente em nossos codinomes, mas a função e, em alguns casos, a personalidade também.
— E qual a relação disso tudo com a quantidade de subordinados? Está dando muitas voltas em sua explicação — pontuou a mulher, um bocejo deixando seus lábios conforme se apoiava mais na cadeira, tentando ficar confortável.
— Existem muitas representações de um Ushi-oni, mas uma das mais populares é essa aqui. — O moreno abriu algumas imagens na tela, deixando-as espalhadas pelo local. — Uma criatura com cabeça de boi, um par de chifres e corpo de aranha, mas com seis patas. Cada um de seus subordinados representa uma delas.
— E você descobriu tudo isso sozinho? Parece algo bem difícil de se deduzir... Um yokai pode ter diversas representações e significados, até chegar onde chegou teve que descartar muitas opções...
— Vou aceitar isso como um elogio, Gael — prosseguiu a raposa, um pequeno sorriso indecifrável surgindo em seu rosto por poucos segundos, retirando as imagens da figura folclórica e colocando alguns cartazes de procurados. — E esses são os seis subordinados diretos... Inugami, Kappa, Kushisake, Umibozu, Yuki-onna e Ameonna... Há três que são mais perigosos: o cachorro, a mulher das neves e a da chuva.
— E quais as chances de encontrarmos um deles quando formos atacar? — Eva retirou a adaga e passou a brincar com ela para passar o tempo, girando-a entre seus dedos.
— São altas... Principalmente porque vamos atacar em um momento de entrega... Ao menos um deles estará lá para garantir a segurança... Se estiver outro deles, talvez seja necessário recuar.
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inafetivo
Science FictionNaquele mundo em que sobreviver era a lei, os afetos são esquecidos e abandonados desde o berço. Amar se torna um peso, algo difícil de se carregar, uma cruz a qual poucos conseguem lidar. A guerra, a morte e a violência se encontram em cada esquin...