Olho por olho, mão por mão

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ALEC

Eu estava tremendo, estava com tanta raiva, porra. Filho da puta do Jonathan e seu maldito ego.

Agora o garoto estava ferido, o que significava que se seu pai puxasse sua cabeça para fora de sua bunda e concordasse com o acordo, ele teria mais chance de renegar quando visse em que condição seu filho estava.

Sem mencionar que as garotas que Jonathan agrediu durante o transporte precisariam de mais tempo para cicatrizar.

Se ele não tivesse nascido na família de Valentim, de jeito nenhum outro chefe teria mantido seu traseiro vivo. Eu sei que eu não teria.

Meu punho voou e acertou o espelho na minha frente. O vidro estilhaçou e rachou, refletindo minha expressão de raiva em uma dúzia de facetas.

Porra do Jonathan!

Pegando o kit de primeiros socorros, saí do banheiro novamente. Parei para encher um balde com água e voltei para as celas com meus suprimentos, feliz por ver que alguém conseguiu arrastar a bunda de Jonathan para fora de vista.

O garoto não se mexeu. Pressionado no canto da cela, ele ainda estava olhando para o respingo de sangue no chão. Ou sua mão. Era difícil dizer pelo ângulo.

Depositei o material no chão e recuperei mais um item antes de destrancar sua cela.

Quando a porta rangeu aberta, Magnus virou a cabeça, me olhando com uma expressão cautelosa. Foi a primeira vez que não vi a esperança cintilar em seus olhos. Ele realmente parecia com medo, como no banco, preso entre Jonathan e eu, sem ter para onde ir.

Empurrei a porta e fiz um gesto para que ele se levantasse.

Um músculo se contraiu ao longo de sua mandíbula, como se ele estivesse tentando decidir o que fazer. Não obedecer não era uma opção, caralho. Eu nunca tive grandes reservas de paciência e a pouca que tinha estava se esgotando.

— Levante-se. – acrescentei em inglês. Ele obedeceu, mas permaneceu onde estava. – Venha. – Eu o chamei para frente com uma mão.

Ainda sem movimento. Ele era tão teimoso. Não foi à toa que ele irritou Jonathan... ele me irritou em três segundos.

— Agora!

Cedendo, Magnus marchou para frente, seu olhar fixo em mim durante todo o caminho. Manchas de sangue pontilhavam seu rosto... o soco de Jonathan deixou sua bochecha vermelha e inchada. Ele teria uma porra de um hematoma pela manhã.

— O que você quer? – ele perguntou, parando na porta da cela.

Peguei sua mão direita, coloquei uma algema nela e o puxei atrás de mim. Enganchando a outra parte na parede lateral do arame, levantei uma sobrancelha para ele, esperando sua próxima pergunta.

Surpreendentemente, ele não parecia ter uma. Ele continuou me observando taciturno, mordendo a parte interna do lábio inferior.

Com um aceno satisfeito, peguei o balde de água e joguei ondas no chão, enviando o sangue de Jonathan para o ralo. A última coisa de que precisávamos era ter ratos no prédio. Eu odiava ratos.

Feito isso, peguei o kit de primeiros socorros e fiz meu caminho de volta para o garoto.

Ele olhou entre meu rosto e a distinta cruz vermelha e branca na caixa de plástico, claramente confuso de por que eu me incomodaria em cuidar de sua mão.

Ele não deve ter entendido ainda o seu valor.

Destampei uma garrafa de água, derramei um pouco em sua palma e usei algodão para limpar o sangue. Ele provavelmente deveria levar pontos, mas isso não ia acontecer, então usei as pequenas bandagens para esticar sua pele. Depois de décadas me recompondo, eu tinha quase certeza de que ele ficaria bem.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora