Esta sombra de um humano.

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MAGNUS

As batidas insistentes na porta da frente me trouxeram de volta à realidade. Parei o filme e olhei para a porta, mas não fiz nenhum movimento para realmente sair do sofá.

Alexander tinha saído, provavelmente para torturar alguém por diversão, e eu com certeza não estava esperando ninguém.

— Magnus! — Porra. Era Catarina.

Tanto para ignorá-la e suas mensagens de texto e seus chats de vídeo e DMs através de cada maldito aplicativo de mídia social conhecido pelo homem.

Achei que ela perceberia que eu não estava com vontade de conversar sobre coisas aleatórias que não importavam. Nem estava com vontade de falar sobre qualquer coisa que importasse.

Mas nunca em um milhão de anos eu pensei que ela pegaria um avião e viria me assediar pessoalmente.

— Abra a porra da porta!

Eu gemi e me afundei ainda mais no sofá, apertando meus olhos fechados. Talvez se eu ficasse assim tempo suficiente, ela iria embora. Ou a segurança a ouviria e a arrastaria para fora.

— Alec, seu idiota! Abra a porta! — Ela realmente tentou a maçaneta algumas vezes antes de chutar o fundo da porta com tanta força que chacoalhou no batente. — Abra essa porra de porta agora mesmo antes que eu chame a polícia!

Sim, essa era a última coisa que eu, ou Alexander, precisava – mais policiais fodidos bisbilhotando nossas vidas. Eu não os odiava como ele, mas tive interação suficiente com eles nos últimos meses para querer ficar longe por um tempo.

Além disso, Alexander perderia a cabeça se os policiais fossem chamados ao seu apartamento. Sem mencionar que Azriel provavelmente ficaria igualmente chateado. Então minha falta de moradia estaria quase garantida.

Reunindo a enorme quantidade de energia necessária para a atividade física, forcei-me a ficar de pé. Quando abri a porta, ela praticamente caiu no apartamento, os punhos prontos para bater.

— O que foi? — Eu perguntei, encostado na porta.

— O que foi?! O que foi?! — Ela se endireitou, seus olhos escuros brilhando. — Não te vejo há meses. Você não está atendendo o maldito telefone. E agora, depois de voltar de Chicago para casa, tudo o que recebo de você é 'o que foi'?!

— Estou sem paciência, Catarina. — Eu balancei minha cabeça e caminhei de volta para o sofá, caindo no meu lugar preferido e puxando o cobertor por cima do meu ombro.

O filme recomeçou quando Catarina pisou atrás de mim, gritando tão alto quanto conseguiu.

— Oh, você não acabou de virar as costas para mim, Magnus Bane! — Pegando o controle remoto do sofá, ela desligou a TV e o jogou na cadeira do outro lado da sala, bem fora de alcance. — Você me ouviu um segundo atrás? Eu voei para casa de Chicago, por você! Achei que ia vir aqui e te encontrar acorrentado a uma porra de um radiador. Em vez disso, eu vejo isso. Esta sombra de um humano. — Ela gesticulou para mim com um nariz enrugado.

— Vá se foder, Catarina. Não preciso de outra palestra.

Outra palestra, como aquela que me deu naquele dia. Aquela em que ela me disse que Alexander fez uma lavagem cerebral em mim e que nosso relacionamento fodido não era real.

Ela tinha sido tão solidária com tudo na minha vida até aquele momento.

Quando eu queria que ela me dissesse que eu não estava louco por me apaixonar pelo cara que me sequestrou, ela me disse que eu precisava ver um maldito psiquiatra.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora