Uma criança de Yakutsk

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MAGNUS

Ele quebrou minha mandíbula.

Aquele filho da puta realmente fez isso. Eu não pude acreditar!

Eu abri e fechei minha boca com cuidado, aliviado quando os tendões obedeceram. OK. Não estava quebrada. Apenas machucada e doendo demais.

Nada de mais boquetes para ele, isso era certo.

Como estava tão frio aqui? E por que estava tão escuro? Eu não conseguia nem ver minha mão na frente do meu rosto.

Um raio de luz do outro lado da sala mal iluminava alguma coisa, mas não era onde eu me lembrava da porta do banheiro. Aquilo era estranho. E tinha um cheiro diferente. Eu deveria ter sentido o cheiro de fumaça de cigarro e ar viciado e bolorento, mas em vez disso estava... úmido.

Assim que coloquei minhas pernas para baixo da cama, houve uma onda de pesados ​​elos de metal caindo no chão.

Eu não sabia com o que me preocupar mais, a corrente, ou o fato do próprio chão ser de concreto de novo, não o carpete áspero do motel.

Me agachando, agarrei meu tornozelo e xinguei no segundo que senti uma algema de couro presa a uma corrente grossa. Não havia como escapar disso. Seguindo os elos para cima, tateei no escuro para ver ao que estava apegado. Minhas mãos deslizaram por um poste de metal áspero, com pelo menos quinze centímetros de diâmetro.

Seguindo o mastro para baixo novamente, meus dedos arranharam parafusos no cimento sob meus pés.

Um porão. Eu estava em um porão, acorrentado a uma porra de um poste como um cachorro raivoso.

— Alec! Onde você está? — Eu puxei a corrente, metal contra metal retinindo em meus ouvidos. — Seu filho da puta! Desça aqui!

Passos soaram no alto, junto com as tábuas do piso rangendo, mas eu não sabia se ele estava indo ou vindo.

— Eu sei que você pode me ouvir, seu idiota! — Gritei para cima, batendo a corrente contra o mastro com toda a força que pude.

Os passos soaram em outra direção. A casa acima de mim ficou em silêncio. Acho que a resposta era indo.

— Vou estrangular você com essa merda! — fervi, deslizando a corrente entre minhas mãos, tentando perceber que tipo de alcance eu tinha.

A resposta era: não muito.

Eu poderia alcançar a cama em que ele me largou tão graciosamente, junto com um banheiro aleatório no meio do porão. E era isso.

Era melhor do que o canil, suponho, mas eu estava congelando. Tremendo por causa do frio úmido, voltei para a cama e me enfiei embaixo do cobertor, grato por ele ser pelo menos mais grosso, para não dizer mais limpo, do que o do canil.

Aparentemente, Alec não sentiu a necessidade de colocar minha camiseta de volta antes de me deixar aqui.

Alec... Merda!

Achei que estava chegando a algum lugar com ele. Quer dizer, Jesus Cristo. A porta do motel estava aberta! Estava bem ali! E como um idiota, eu fiquei, porque a vozinha assustada em minha cabeça me segurou.

Eu poderia ter fugido, mas nem tentei. E é isso que ele me dá em troca?

Eu não dei a ele nenhum motivo para não confiar em mim. Inferno, eu até me ofereci para conseguir o que quer que ele quisesse do meu pai. E não nos esqueçamos do boquete que ele se recusou a reconhecer.

Lágrimas quentes e raivosas escorreram do canto dos meus olhos.

Eu estava oficialmente sem ideias e tinha perdido a única chance que tinha de escapar porque não queria correr o risco de ser espancado de novo. Esperar para morrer era a única coisa que eu podia fazer e a última coisa que queria.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora