MAGNUS
O som de água correndo me acordou de um sono morto.
Estendi a mão para o travesseiro ao meu lado, sentindo nada além de ar. Claro que estava vazio. Estava quase sempre vazio nos dias de hoje.
Verificando meu telefone, eu gemi na hora. Quase três da manhã. Excelente.
Rolando para fora da cama, passei a mão pelo meu cabelo e cambaleei em direção ao banheiro principal. Abri a porta e pisquei contra a luz forte, esfregando os olhos.
— O que você está fazendo?
— Nada. Volte a dormir. – Alexander disse, nem mesmo se incomodando em olhar para mim.
Ignorando sua dispensa, me aproximei. Ele estava vestido da mesma forma que estava antes, menos o paletó. Ele também havia tirado a gravata e aberto vários botões da camisa. As mangas brancas estavam enroladas em seus antebraços, o que era uma coisa boa, já que suas mãos estavam cobertas de sangue.
Eu respirei fundo e encontrei seu olhar no espelho.
Ele engoliu em seco antes de responder a minha pergunta não feita.
— Não é meu. Pelo menos, acho que não. – Ele lavou as mãos sob a água e estudou seus dedos inchados.
Havia alguns cortes, mas de jeito nenhum o sangue era todo dele. O que significava que outra pessoa teve uma noite de merda e foi tudo por causa dele.
Eu queria dizer a ele que não me importava de quem era o sangue... Que o que eu não gostava era que ele entrasse pela porta às três da manhã coberto de sangue de alguém, como se fosse apenas mais um dia em um trabalho sujo. Quer dizer, para ele era apenas mais um dia.
Mas esse era o tipo de trabalho que ninguém deveria ter, muito menos o homem com quem eu estava me relacionando. Se é assim que você chamaria essa coisa entre nós.
Uma vez que suas mãos estavam limpas, Alexander tirou suas roupas e as jogou na cesta para lavagem a seco, entrando no chuveiro sem olhar para trás.
Balançando a cabeça, voltei para a cama, embora estivesse oficialmente bem acordado.
Por um lado, a "promoção" de Alexander trouxe muitos benefícios. O apartamento de luxo, o salário, o prestígio.
Mas a troca? Isto... Sem saber em que condição ele voltaria do "trabalho", ou se ele voltaria para casa. Sem mencionar a ameaça sempre presente da policia e outros criminosos.
Não era como se eu pudesse dizer qualquer coisa, no entanto. De uma forma fodida, eu me beneficiei disso. Como Alexander... eu morava em um apartamento incrível sem pagar aluguel.
Ele praticamente pagava por tudo, apesar do fato de eu ter trabalhos suficientes na música para gerar uma renda bastante estável.
Sempre que eu me oferecia para pagar por qualquer coisa, ele ficava ofendido. Mas eu ainda não gostava disso.
Era dinheiro de sangue. Literalmente. E não havia uma única coisa que eu pudesse fazer sobre isso.
Eu ainda estava acordado quando ele deslizou entre os lençóis, nu, sua pele quente e úmida do banho. Ele se aproximou, envolvendo um braço em volta de mim e me puxando contra seu peito.
Arrepios se espalharam pelos meus braços quando ele acariciou a parte de trás do meu pescoço, acompanhado de uma expiração pesada, como se ele estivesse aliviado.
Estar envolvido nele despertou velhos sentimentos, para minha irritação. Apesar do fato de meu pau ter decidido acordar também, eu não estava com vontade. Não que isso importasse para ele.
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De Joelhos (Malec)
FanfictionA vida de Magnus Bane é perfeita. Terminando a faculdade e com destino a uma pós-graduação em finanças, a vida de Magnus foi planejada para ele. Exceto... ele não quer isso. Dedicado à sua música, ele sonha com uma vida livre das expectativas de seu...