Ele sabia.

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MAGNUS

No dia seguinte à minha fuga, fiquei deitado na cama pelo que pareceu uma eternidade. Olhando para o teto enquanto Catarina roncava baixinho ao meu lado, tentei reunir energia para me mover. Mas eu não conseguia.

Apesar de estar de volta à minha cama, seguro em minha casa, eu dormi como uma merda e não foi porque Catarina ficou agitada a noite toda ou ficou me tocando com seus pés frios. Essa parte foi realmente reconfortante, me lembrando que eu estava aqui e não lá, onde quer que 'lá' fosse.

Eu fui pego em um dos subúrbios fora de Nova York, a meio caminho entre a universidade e casa. Mas eu não sabia se era onde estive o tempo todo ou se era apenas a última parada do trem louco.

Não tinha ideia de onde ficava o armazém.

Não tinha ideia de onde ficava o motel.

Eu não estava mais perto de resolver nada à luz do dia do que eu tinha estado no departamento de polícia.

Foi a falta de respostas que finalmente me motivou o suficiente para sair da cama.

Colocando um travesseiro sob o braço de Catarina no meu lugar, eu atravessei a sala e desci as escadas, fazendo meu caminho para o escritório do papai.

Eu não queria acreditar que a porra de um criminoso estava sendo mais honesto comigo do que meu próprio pai, mas todo a coisa de resgate não estava batendo certo.

Alguém estava mentindo. Eu queria saber quem e queria saber porquê.

Deslizando na cadeira atrás da mesa de papai, liguei seu computador e loguei em seu perfil. Como ele salvou automaticamente todas as senhas que possuía, não tive que trabalhar muito para acessar seu e-mail.

Havia uma tonelada de e-mails em sua caixa de entrada, mas nada realmente chamou minha atenção. Nada em russo. Nada enigmático. Nenhuma linha de assunto estridente me referenciando ou quaisquer resgate. Apenas cotações de ações, besteiras de investidores e lembretes de Dot sobre vários compromissos.

Da mesma forma, não havia nada em seus e-mails salvos.

Clicando na pasta excluída, rolei por uma quantidade ridícula de lixo eletrônico e publicidade.

Ainda nada.

Fechando o e-mail dele, voltei minha atenção para sua mesa, vasculhando as gavetas. Não havia cartas, envelopes, fotos estranhas. Nada.

Fechei a última gaveta e me levantei para sair quando algo chamou minha atenção. Havia um pen drive em uma das portas USB. Isso, por si só, não foi surpreendente. O fato de meu nome estar escrito nele foi.

Afundando na cadeira, passei o mouse pelas janelas do computador, puxando as informações do USB. Havia apenas uma pasta e também estava rotulada como MAGNUS.

Clicando duas vezes, eu segurei minha respiração quando dezenas de outras pastas foram abertas, cada uma etiquetada com uma data. Havia centenas de fotos minhas, senão milhares — na escola, no meu apartamento, atuando na porra do meu show, até mesmo na formatura.

Vídeos me gravaram por dias. Semanas! Havia clipes de mim e Catarina, em casa e fora de casa, jogando futebol, tocando um de vários instrumentos... eu mesmo, quando pensei que estava escondido em meu apartamento, em minha própria pequena bolha feliz. Era como se tivessem câmeras em todos os lugares.

Isso significava que Alec esteve lá o tempo todo? Era ele quem estava me perseguindo? E como diabos eu não o vi? Não é como se ele se misturasse facilmente.

Eles até tiraram fotos minhas depois que eu fui sequestrado. Quer dizer, acho que tudo fazia parte do processo. Mas era enervante me ver assim — inconsciente, jogado no chão sujo de uma porra de canil como se eu fosse um lixo.

De Joelhos (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora