cinco: redemoinho

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"Ela deveria ter deixado esse tigre adormecido em paz, para evitar que ele a engolisse por inteiro", Elfriede Jelinek, A Pianista


Ver a exposição de arte ao lado de Beom Ho não estava nos planos de Jimin, mas o bailarino já conseguia se imaginar fazendo aquilo mais vezes, tantas até que se tornasse um hábito ruim.

Imaginava-se repetindo aquele momento em um frenesi: silenciosa e pacientemente em seu ritmo, observando quadros e estátuas, preenchendo-se com seus pensamentos, a companhia do escritor, e com todas as mentiras que contaria quando Kim Sungwoong voltasse e Jimin tivesse de se afastar de Beom Ho, mas estaria demasiadamente intoxicado para deixá-lo. Park Jimin previa coisas ruins advindas do dia em que o conhecera. Sabia desde que pusera seus olhos em Beom Ho.

Eles acabaram vendo toda a exposição, e ao contrário do que o bailarino imaginava, o escritor não falou sobre técnicas de pinturas ou biografias de artistas, muito menos sobre significados e impressões: tinha permanecido quieto e concentrado. Algumas vezes, Jimin sentia que estava sendo observado, mas não tinha coragem suficiente para encará-lo de volta.

Quando terminaram, sentaram-se em uma mesa de ferro no jardim, observando o céu nublado.

— Já veio aqui antes, Jimin-ssi? — perguntou o escritor com olhos curiosos.

— Ah, sim... — Jimin se encontrava estranhamente nervoso. — Mas não tinha visto esta exposição. É nova, não é...?

— Sim.

Eles ficaram em silêncio por mais alguns segundos.

— O que está achando do livro? — Beom Ho levantou o rosto para o céu mais uma vez.

— Estou gostando. Gosto de tudo que você faz — Jimin mexeu a cabeça com veemência exagerada e se envergonhou na mesma hora.

— Tudo que eu faço? — o escritor fez uma cara atrevida e riu. O bailarino corou.

Escreve... eu quis dizer — corrigiu-se.

Beom Ho continuou sorrindo, dessa vez sem malícia. Seus olhos eram tão suaves que Jimin ficou sem jeito. Ele viu a moça loira caminhando na direção do escritor, acompanhada de um homem alto, forte e bonito. Os dois pararam um pouco afastados da mesa.

— Vai ficar aqui? — a loira falou em tom alto e gentil, informalmente. Falava com Beom Ho.

— Não, noona — o escritor balançou a cabeça, virando-se para ela. — Este é Park Jimin, o bailarino principal do Balé Nacional da Coreia — apresentou-o. — Esses são meus amigos, Park Chaeyoung e Kim Namjoon.

— Park Chaeyoung? — Jimin repetiu, levantando-se. Tinha visto o nome dela na placa de identificação da escultura que mais lhe chamara a atenção na exposição inteira. Então ela era a artista talentosa. Os três se curvaram e ele percebeu como Chaeyoung subitamente se iluminou, com um sorriso gentil e suave que não parecia forçado nem falso. Ela parecia ter gostado de saber quem ele era.

— Kim Namjoon é o dono da galeria — sussurrou Beom Ho.

— Ah... muito prazer — Jimin sorriu para os dois.

— O prazer é meu — Namjoon sorriu de volta, estudando-o. — Assisti a muitas das suas apresentações. Toda vez fico impressionado com como você se supera. É incrível.

— É verdade — Chaeyoung assentiu. — Eu adoro assistir a suas apresentações, são tão bonitas. Meus parabéns.

— Obrigado — Jimin fez outra mesura.

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