dezoito: lúrido

1.2K 193 254
                                    



Jeongguk abriu os olhos no meio da escuridão, assustado e sem ar. Sua mente confusa não reconheceu o lugar em que estava por vários segundos e sentiu as pernas imobilizadas. Um arrepio de medo percorreu seu corpo, mas ele logo entendeu que o peso sobre suas pernas vinha de um cachorrinho encolhido. Estava em seu quarto, mas não lembrava como nem quando havia chegado ali.

Procurou pelo celular, verificando o horário e o dia. Haviam se passado três dias desde que estivera com Kim Taehyung, mas não conseguia se lembrar de nada do que havia acontecido entre o agora, no meio daquela escuridão de seu quarto, e três dias atrás, quando o escritor havia lhe dito que fora preso por, "entre outras coisas", ter matado a própria irmã.

— Eu matei a minha irmã... É isso que a sua mãe diz — Jeongguk ainda podia ouvir a voz grossa de Taehyung enquanto seu corpo desvanecia entorpecido, caindo em um abismo vertiginoso e adentrando um breu que jamais havia visto antes. — Por que não pergunta a ela sobre essa história?

Sua mãe havia lhe dito algo parecido quando acusara Taehyung também. "Pergunte a ele", dissera ela. "Você acha que conhece Kim Taehyung, não é?", Jihyun havia acrescentando. "Acha que ele é legal com você e que é sincero em tudo que te diz. Mas ele não é quem você pensa que é."

Ela estava certa, afinal — Kim Taehyung não era quem Jeongguk pensava ser. Mas então... sua mãe era a pessoa em quem ele devia confiar?

Jihyun não falara mais com Jeongguk desde aquele dia em que brigaram pelo contrato. Ele não achava que as ações da mãe faziam sentido. Se ela se importava tanto com o filho a ponto de querê-lo longe do perigo que era Kim Taehyung, então por que ela o tratava daquela forma, como se ele não fosse importante? Por que ela o ignorava, por que o machucava? Por que o negligenciava desde pequeno, mas ao mesmo tempo tentava controlá-lo com tanta veemência? Qual era o problema de sua mãe? Jeongguk a odiava e odiava ainda mais que ela pudesse ter razão a respeito de Taehyung. Odiava pensar que ela poderia estar certa ao dizer que ele era perigoso e que Jeongguk não devia se aproximar.

Seu estômago embrulhava ao imaginar que havia sido enganado todo aquele tempo pelo escritor. Isso queria dizer que todos os momentos bons que passara com ele haviam sido uma mentira? Quando passeavam, se abraçavam, se beijavam... até mesmo aquele olhar doce era apenas encenação? Suas palavras gentis, suas ações carinhosas... tudo havia sido mentira?

Mas... e se... não fosse como sua mãe dizia? E se Kim Taehyung estivesse apenas rebatendo as mentiras de Jeon Jihyun, mesmo que de uma forma estranha, duvidosa e um pouco amedrontadora? Afinal, tudo que ele havia dito realmente o fazia soar como o culpado que Jihyun o acusava ser...

Em quem Jeongguk devia acreditar?

Só o que sabia era que era fácil e preguiçoso demais acreditar puramente em um deles, sem procurar respostas por si mesmo. Jeongguk não devia acreditar cegamente em nenhum deles, pois qualquer um podia mentir, e ele seria um idiota se optasse pelo caminho mais curto e apenas acreditasse em uma das versões daquela história louca e improvável que ligava Kim Taehyung a Jeon Jihyun.

Por que sua mãe parecia tão desesperada com aquela história? Ela apenas sabia sobre isso ou estava envolvida? Mas de que forma estaria ela ligada à morte da irmã de Taehyung? Aliás, que irmã era aquela? A mesma que ele havia dito que não permitira que Min Yoongi namorasse? O escritor nunca havia falado sobre a família, então como Jeongguk saberia se aquilo tudo também não era uma mentira? Ele tinha mesmo uma irmã? Ela estava mesmo morta? E se tudo que Taehyung lhe dissera fosse mentira? E se tudo que Jihyun lhe dissera fosse mentira? Desde o começo... desde o dia em que colocara os pés na Coreia do Sul outra vez. Estava sempre... vivendo uma mentira? Se havia duas versões da mesma história, era óbvio que um dos dois estaria mentindo para Jeongguk. Então, se fosse mesmo assim... desde o começo, Jeongguk havia sido manipulado e usado como um completo imbecil.

FurorOnde histórias criam vida. Descubra agora