vinte e seis: impulso

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"Nós somos canibais, é preciso não esquecer", Clarice Lispector, Nossa Truculência.


Deitado no chão de madeira e vestido no hanbok moderno que Taehyung lhe dera, Jeongguk esperava pacientemente enquanto os nós asfixiantes ao redor de seu corpo eram desatados. Era mais confortável quando usava aquela roupa, pois as cordas não tentavam lacerar sua pele com tanto afinco, mas gostava muito mais quando os vergões vermelhos ficavam visíveis por todos os lados, pois sabia que Taehyung beijaria sua pele como se fosse a coisa mais preciosa que já estivera em suas mãos.

Ao finalmente tirar toda a corda que atava Jeongguk, Taehyung o beijou com cuidado, sem pressa, e o trouxe para mais perto, passando os dedos lentamente por debaixo da roupa, arrepiando-o com tão pouco. Jeongguk respirou pesado e se apressou em lhe tirar a camisa, os dedos afundando na pele quente. Taehyung tirou a parte de cima de seu hanbok e beijou seu pescoço, o toque suave de seus lábios atingindo Jeongguk como pólvora explodindo, barulhenta e dolorosa. Quando a mão fervente deslizou para dentro da calça, o jovem fechou os olhos com força. Dos pés à cabeça, cada centímetro de sua pele ardeu em febre.

— Eu amo você... — Taehyung sussurrou contra a pele de seu abdômen e o prazer começou a pulsar e derreter dentro de Jeongguk, escorrendo feito lava e o queimando por onde passava. Os toques e as palavras carinhosas ressoaram em sua mente; seus pensamentos, arrependimentos, culpas e delírios prazerosos — tudo o deixava em uma alucinação confusa, dispersa, nebulosa, e ao mesmo tempo, palpável e cortante, capaz de machucá-lo deliciosamente.

— Jeongguk-ah... — Taehyung continuou a dizer contra sua pele nua. — Você é tudo que eu nunca achei que fosse encontrar... tudo que nunca achei que fosse sentir...

Jeongguk puxou seu cabelo levemente para trás, obrigando-o a abandonar seu torso e encará-lo nos olhos.

— O que você sente? — quis saber, mas o outro não respondeu. — O que você sente, hyung? — insistiu, segurando seu rosto entre as mãos e o puxando para perto de seus olhos. — Me diz... Quero ouvir mais uma vez...

Rindo de um jeito doce, Taehyung o beijou outra vez, repetindo "eu te amo" inúmeras vezes. Pegou-o no colo e o deitou sobre o colchão, tirando-lhe as últimas peças de roupa que ainda faltavam. Beijou-o, gostando de ouvir o gemido de Jeongguk ecoar em sua própria boca quando o tocou outra vez, e o estimulou o suficiente para que sua respiração se alterasse completamente e seus gemidos ficassem mais chorosos. Parou antes do clímax, deixando-o ofegante e excitado.

— H-hyung... — choramingou o mais novo, agarrando seus ombros.

Taehyung voltou a beijá-lo até que se acalmasse, e refez a mesma coisa.

— O que... você está fazendo...? — perguntou Jeongguk, confuso, a respiração entrecortada outra vez, o corpo latejando em excitação e frustração. Quando Taehyung o tocou pela segunda vez, seu corpo respondeu mais rápido, mas tão logo colocou as mãos nele, Taehyung o deixou outra vez, sem finalizar o ato. Na terceira vez, não foi preciso muito para fazê-lo gritar. Um toque rápido foi suficiente para o corpo de Jeongguk explodir. De longe, sem tocá-lo, o escritor o observou gozar sozinho.

Apesar de não desgostar da sensação que o invadia, Jeongguk preferia que aquilo acontecesse quando estavam juntos, perto um do outro. Por isso, puxou-o para si rapidamente, fazendo-o cair sobre seu corpo. Segurou-o com força, sentindo o coração bater contra o seu, mas aquilo ainda não era perto o bastante para ele.

— Deixe eu viver sob a sua pele, hyung — pediu, então, em um sussurro.

— Por que sob a minha pele? — Taehyung riu, tentando se apoiar no colchão e erguer-se, mas Jeongguk o mantinha colado à sua pele com uma força estranha.

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