Pude sentir a leve resistência da chave na fechadura enferrujada. Precisaria melhorar aquilo em breve, mas por enquanto tudo estava indo bem o suficiente para ser um sonho.
A pequena casa charmosa não era tão grande, não tinha muitos cômodos, mas era repleta de janelas que traziam uma iluminação encantadora da paisagem lá fora. O bairro ainda era pouco habitado e por isso os terrenos baldios serviam muito mais como vizinhos do que as outras pessoas.
O local estava limpo e vazio de móveis. A não ser pelos armários de parede na cozinha e uma mesa redonda velha e esquecida. As paredes tinham papel bege meio amarelado e abaixo dela uma camada de paredes de madeira que dividia o espaço em cômodos. Não parecia ter muito potencial, mas a forma como eu imaginava aquele lugar em minha cabeça tornava tudo especial.
Entrei entusiasmada no cômodo que um dia seria a nossa cozinha e deixei espaço para que o homem atrás de mim fizesse o mesmo. Os seus olhos ágeis e silenciosos passearam pelo local como se farejasse algo enquanto eu apenas o encarava com um enorme sorriso animado, até que eu ficasse no centro aonde em breve tomaríamos nosso café da manhã todos os dias.
Porém Daryl continuou no vão da porta de entrada.
Observou cada lado do espaço e encostou um dos seus ombros no batente de madeira. Eu sorria com êxtase tentando compartilhar a minha alegria, mas havia uma expressão em seu rosto que me deixou desconfiada de imediato. Uma expressão que não chegava a ser um sorriso, mas ainda parecia debochada demais. Maldosa demais. Como se ele estivesse duvidando de que aquilo fosse realmente real.
Eu senti como se todas as tempestades em alto-mar se concentrassem em nossas cabeças no momento em que ele cruzou os seus braços na frente do peito com a pose de quem nunca havia perdido uma guerra.
Contudo, me mantive firme. Estava acostumada com as mudanças de humor e explosões ocasionais de Daryl, apesar de isso estar bem mais constante nos últimos anos. Mas em minha cabeça nós nunca conseguíamos nada de graça e se o preço que eu teria que pagar fosse esse, teria total dedicação em contornar o seu gênio difícil na esperança de encontrar a pessoa maravilhosa que eu conhecia.
Naquela época eu não percebia o quão patética era a minha tentativa.
Sorri um pouco mais, fingindo não perceber a nuvem cinza sobre a sua cabeça e tentei aquela estratégia com o objetivo de conseguir contagiá-lo um pouco com a novidade.
— E então? O que achou? — Perguntei abrindo os meus braços em uma apresentação. — Nós podemos colocar uma mesa perto da janela, para tomarmos café vendo a paisagem lá fora. — Apontei para o local indicado. — E teremos que trocar algumas encanações, mas tenho certeza que tudo vai dar certo. — O meu entusiasmo solitário começava a ficar cada vez mais perceptível. — Quando colocarmos cortinas em todas essas janelas isso aqui vai ficar parecendo um oásis! — Elogiei voltando a encará-lo, ali em silêncio, no batente.
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STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] daryl dixon⼁The Walking Dead
Fanfiction+18 ● 𝐒𝐓𝐈𝐍𝐆 [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] ● ⎢ ❝𝐀𝐋𝐆𝐔𝐌𝐀𝐒 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀𝐒 𝐒𝐄 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄𝐌 encurraladas pelo caos, mas outras se sentem em casa.❞ ⎢ 𝐎 𝐌𝐔𝐍𝐃𝐎 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐂𝐎𝐋𝐀𝐏𝐒𝐀𝐍𝐃𝐎, mas Heidi Conway tentava ser positiva. Se antes do fim do...