(Vol. III) Ano II p.e. ⎥ Todos os detalhes.

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Um dia inteiro havia se passado e eu soube que os nossos vizinhos haviam diminuído de cinco para apenas dois

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Um dia inteiro havia se passado e eu soube que os nossos vizinhos haviam diminuído de cinco para apenas dois. Um deles havia sido pego pelos mortos-vivos e sido abatido antes de se transformar, porém dois deles haviam sido abatidos por Rick.

Em uma bifurcação mortal entre acabar com os detentos, ou padecer em suas novas regras, o xerife optou por acabar com eles sem receio algum. T-Dog havia me confidenciado em nossa nova dispensa que os dois restantes só sobreviveram pois um deles acabou implorando por sua vida aos prantos. Aquilo era mortalmente surreal.

O xerife havia poupado suas vidas sim, entretanto acabou deixando os únicos sobreviventes isolados no Bloco de celas D, com a promessa de também fuzilá-los caso eles invadissem o nosso território.

Já fazia um bom tempo em que eu estava sentada no chão da minha cela enquanto encarava as paredes cinzas acima do beliche à minha frente. Minhas costas doíam pelo cansaço das tarefas diárias. Mas, definitivamente, eu queria me acostumar com aquele lugar. Transformar aquele cubículo em um quarto, na esperança de diminuir a ansiedade claustrofóbica que me causava.

A presença de Daryl surgindo na porta aberta daquela cela me surpreendeu um pouco, mas tentei manter uma posição fria. E fingi não dar muita importância ao caçador que encostou o seu ombro no batente da entrada e ficou me observando em silêncio durante algum tempo com suas duas mãos apoiadas na alça da balestra atravessada sobre o seu peito.

— O velhote acordou. — Ele me deu a notícia de forma bastante positiva, mas havia uma nuance um tanto receosa e contida no tom da sua voz que me fazia perceber claramente que ele estava tentando agir da melhor forma comigo. De certa maneira, isso me deixou satisfeita. Ele estava tendo o trabalho de ser cuidadoso.

— Graças à Deus. — Respondi ainda sem encará-lo enquanto continuava observando as armações metálicas do beliche cinza. — Hershel é um homem durão. Homens do campo geralmente são. Eu sei que ele vai se recuperar bem. — Comentei de um jeito sarcástico enquanto soltava um riso rápido com pouca animação.

Estiquei as minhas pernas em direção ao beliche e cruzei os meus tornozelos de forma mais relaxada enquanto Daryl ainda me observava em silêncio sem parecer ter vontade de se aproximar. Talvez por não saber como lidar com aquilo e terminar deixando tudo pior, ou talvez tentando não ultrapassar os meus limites, mas acabamos ficando em silêncio por tempo demais enquanto ele parecia simplesmente procurar por alguma coisa em mim.

Até que eu soltei um pequeno riso baixo cheio de humor ácido ao me lembrar de algo.

— Quer saber qual era o meu apelido de prisão? — Perguntei ainda em tom de riso quando finalmente o olhei diretamente nos olhos, ali parado na minha porta e sombreando o meu "quarto".

— Hnm. — Ele confirmou de um jeito rouco mostrando-se interessado.

"Bebê chorão". — Confessei em tom de riso ao debochar de mim mesma. — Eu chorei praticamente todas as noites no meu primeiro ano. — Contei pausadamente como se fosse uma piada. Mas Daryl ainda tinha uma expressão calma e séria em seu rosto. Parecendo até mesmo um pouco solidário. — Você sabe, as meninas odiavam isso! — Ri baixinho ao me lembrar. — Primeiro eu chorei de culpa. Depois de raiva. Então de tristeza. Saudades. Então, depois disso eu só... — Respirei fundo ao esboçar uma expressão fria de novo. — Só desliguei. — Confessei baixinho ao encarar minhas mãos sobre o meu colo.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora