Capítulo 37

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Azriel não estava mais lá quando Aeleva retornou para o salão.

Sinceramente, Aeleva também não via mais a hora de ir embora. Mal conseguia respirar. Tudo parecia sufoca-la cada vez mais e cada passo ou nota musical em seu ouvido era uma tortura sem fim. Pensou que fosse vomitar de tanto nervosismo e apreensão, e, quando aceitou dançar com os Grão-Senhores, ou mesmo ao cantar parabéns a você para Nestha, Aeleva só conseguia pensar no quanto gostaria de voltar para a Casa do Vento.

Foi Rhysand quem atravessou com ela no final da noite. A aparência cansada parecia se esconder por trás de seu esforço de parecer inteiro.

— Você se saiu bem hoje.

Aeleva estava sob o arco de entrada quando ouviu Rhysand às suas costas, pronto para alçar voo novamente em direção à Casa do Rio. Ela se virou para ele, o estômago embrulhado e expressão exausta.

— Tomei muitos riscos — ela disse, mesmo sabendo que nem mesmo Rhysand entenderia. Talvez nem Lolla — Espero que tenham valido a pena.

Rhysand desviou o olhar para as estrelas.

— Notei que Helion foi embora mais cedo.

— Foi. Tenho um pouco de culpa nisso.

Ele balançou a cabeça.

— Helion é um aliado.

— Não parecia muito animado em se aliar.

Rhysand riu. Como se houvesse algum motivo para rir.

— Eu teria feito o mesmo — Aeleva não fez questão de mascarar sua surpresa, fazendo Rhysand dar de ombros — Faria qualquer coisa para proteger Velaris. Às vezes me pergunto se não teria sido melhor esperar.

— Se arrepende de ter me tirado daquela cela?

Fez-se uma pausa, Rhysand parecendo ponderar sua resposta. De alguma forma, Aeleva não se sentiu ofendida, algo dentro dela lhe dizendo que estava acostumada com isso. Acostumada a trazer um rastro de problemas para onde ia, de nunca ter permanecido em um único lugar por tempo o suficiente para chamar de casa. Acostumada a ser indesejada pelas consequências que sua presença trazia. Rhysand não tinha culpa.

Ele olhou para o arco de entrada, em direção ao corredor. Como se pudesse enxergar os quartos abaixo.

— Não — ele respondeu depois de um longo tempo —, gosto de acreditar que estamos exatamente onde deveríamos estar. E que tudo acontece por uma razão.

— Porque o Suriel disse?

Rhysand deu de ombros.

— Tirei você daquela cela porque queria deter Durendal antes que ele nos alcançasse. Se fui precipitado ou não...

Aeleva entendeu.

— Tudo acontece por uma razão.

Rhysand assentiu, os olhos ainda perdidos na escadaria. Soltou um longo suspiro.

— Acho que forças ainda mais poderosas te trouxeram até aqui. Mais fortes que o Suriel, mais fortes do que eu.

Uma memória piscou na mente exausta de Aeleva, sobre a vez em que estiveram no meio.

— Instantes antes de matar Caronte — ela disse para Rhysand, atraindo seu olhar —, Caronte viu as Gêmeas de Esparta — ela bateu em sua coxa, onde uma das Gêmeas descansava — ele disse que as Moiras estavam certas. Que o Destino é Um.

Corte de Sombras e TempestadesOnde histórias criam vida. Descubra agora