Azriel não estava mais lá quando Aeleva retornou para o salão.
Sinceramente, Aeleva também não via mais a hora de ir embora. Mal conseguia respirar. Tudo parecia sufoca-la cada vez mais e cada passo ou nota musical em seu ouvido era uma tortura sem fim. Pensou que fosse vomitar de tanto nervosismo e apreensão, e, quando aceitou dançar com os Grão-Senhores, ou mesmo ao cantar parabéns a você para Nestha, Aeleva só conseguia pensar no quanto gostaria de voltar para a Casa do Vento.
Foi Rhysand quem atravessou com ela no final da noite. A aparência cansada parecia se esconder por trás de seu esforço de parecer inteiro.
— Você se saiu bem hoje.
Aeleva estava sob o arco de entrada quando ouviu Rhysand às suas costas, pronto para alçar voo novamente em direção à Casa do Rio. Ela se virou para ele, o estômago embrulhado e expressão exausta.
— Tomei muitos riscos — ela disse, mesmo sabendo que nem mesmo Rhysand entenderia. Talvez nem Lolla — Espero que tenham valido a pena.
Rhysand desviou o olhar para as estrelas.
— Notei que Helion foi embora mais cedo.
— Foi. Tenho um pouco de culpa nisso.
Ele balançou a cabeça.
— Helion é um aliado.
— Não parecia muito animado em se aliar.
Rhysand riu. Como se houvesse algum motivo para rir.
— Eu teria feito o mesmo — Aeleva não fez questão de mascarar sua surpresa, fazendo Rhysand dar de ombros — Faria qualquer coisa para proteger Velaris. Às vezes me pergunto se não teria sido melhor esperar.
— Se arrepende de ter me tirado daquela cela?
Fez-se uma pausa, Rhysand parecendo ponderar sua resposta. De alguma forma, Aeleva não se sentiu ofendida, algo dentro dela lhe dizendo que estava acostumada com isso. Acostumada a trazer um rastro de problemas para onde ia, de nunca ter permanecido em um único lugar por tempo o suficiente para chamar de casa. Acostumada a ser indesejada pelas consequências que sua presença trazia. Rhysand não tinha culpa.
Ele olhou para o arco de entrada, em direção ao corredor. Como se pudesse enxergar os quartos abaixo.
— Não — ele respondeu depois de um longo tempo —, gosto de acreditar que estamos exatamente onde deveríamos estar. E que tudo acontece por uma razão.
— Porque o Suriel disse?
Rhysand deu de ombros.
— Tirei você daquela cela porque queria deter Durendal antes que ele nos alcançasse. Se fui precipitado ou não...
Aeleva entendeu.
— Tudo acontece por uma razão.
Rhysand assentiu, os olhos ainda perdidos na escadaria. Soltou um longo suspiro.
— Acho que forças ainda mais poderosas te trouxeram até aqui. Mais fortes que o Suriel, mais fortes do que eu.
Uma memória piscou na mente exausta de Aeleva, sobre a vez em que estiveram no meio.
— Instantes antes de matar Caronte — ela disse para Rhysand, atraindo seu olhar —, Caronte viu as Gêmeas de Esparta — ela bateu em sua coxa, onde uma das Gêmeas descansava — ele disse que as Moiras estavam certas. Que o Destino é Um.
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Corte de Sombras e Tempestades
FanfictionAeleva tinha um segredo, mas não conseguia se lembrar. Após anos mantida cativa em um dos territórios de Hybern, Aeleva foi finalmente libertada por um Grão-Senhor que alegava precisar de sua ajuda. Sem sequer se lembrar do próprio nome, ou dos mot...