Capítulo 11

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O Palácio da Corte Diurna era lindo. Aeleva o odiou.

Tudo brilhava demais — o chão era branco e reluzente, tão limpo que Aeleva podia ver seus contornos no mármore. Luz entrava por todos os lados, por todas as janelas abertas com batentes de ouro puro. Cada detalhe parecia ser de alguma pedra ou metal precioso. Os lustres de cristais, maçanetas de diamante, candelabros de ouro maciço e prata. Doía os olhos. Era impressionante.

— Sejam bem vindos! — Anunciou uma voz, ecoando pelo salão de entrada. A escadaria que se estendia à frente deles era gigantesca, coberta por um tapete vermelho e dourado. Ela tinha quase certeza que aquelas pedras encrustadas no corrimão eram rubis — Não imagina o prazer que é receber você, Encantador de Sombras.

Aeleva finalmente voltou sua atenção a quem falava. Deuses, a extravagância do Palácio definitivamente estava explicada. O Grão Senhor — Helion — era um macho alto e forte de olhos cor âmbar cintilantes. A pele escura brilhava com o reflexo das luzes, e a túnica branca e dourada que vestia não deixava muito para a imaginação. Era uma beleza que não se dava para ignorar nem se quisesse.

— Helion — cumprimentou Azriel, inclinando a cabeça. O Grão Senhor sorriu sugestivamente para ele, então se voltou para Aeleva.

— Então essa é a famosa Aeleva — Helion estendeu a mão para pegar a sua, e Aeleva hesitou por um instante. Seus olhos subiram pelo braço do Grão Senhor, admirando o bracelete em forma de serpente, e alcançaram a coroa em forma de sol. Ainda olhava para os aros reluzentes quando permitiu que Helion segurasse sua mão e a beijasse por cima da luva. Esperou que ele chamasse pelos guardas, ou ao menos a ameaçasse um pouquinho. Mas seu sorriso sequer vacilou —, esqueceram de mencionar o tamanho de sua beleza.

Aeleva entrelaçou as mãos atrás do corpo.

— Pedi para que só contassem o pior.

Helion riu e ofereceu-lhe o braço. Aeleva hesitou mais uma vez, lutando contra o impulso de olhar para Azriel e pedir com os olhos para segurar o dele. As sombras se fecharam ao redor dela, como se percebessem o desconforto, mas Aeleva aceitou o convite do Grão Senhor. Azriel se colocou em seu outro lado.

— Permita-me leva-los aos seus aposentos — pediu Helion, e Aeleva estava quase concluindo que a história de que seu poder causava medo era uma mentira —, depois espero que aceitem meu convite e almocem comigo nos jardins para conversarmos.

Aeleva correu os dedos pelo corrimão de ouro, sentindo os dedos vibrarem. Por um segundo muito curto, foi como se pudesse senti-lo, como havia feito com a faca antes de arremessa-la. Como se o ouro fizesse parte dela. A sensação esquisita foi embora tão cedo quanto chegou.

— Espero que tenha ouvido coisas terríveis sobre mim antes de chegar, Aeleva.

— Fui alertada apenas a não derrubar prédios.

Helion levantou as sobrancelhas.

— Não sabia que tinha um hobby. Devia ter me avisado, Encantador de Sombras.

Azriel estava silencioso como uma alma ao seu lado.

— Cassian tem um hobby — respondeu ele —, e tende a achar que todos compartilhamos dele.

O Grão Senhor riu.

— Bem — continuou com a voz divertida. Aeleva devia admitir que gostava daquele tom, uma sensação nostálgica apertava-lhe o peito —, se quiser derrubar um prédio, avise-me primeiro. Quem sabe eu não possa ajudar? Ouvi dizer que Rhysand estremece Velaris o tempo todo.

Azriel engasgou, e isso só fez com que Helion risse mais alto. Aeleva não entendeu a piada e não tinha muita certeza se queria entender.

Corte de Sombras e TempestadesOnde histórias criam vida. Descubra agora