Aeleva tremia tanto que foi difícil segura-la. Mas isso também podia ser devido ao fato de que as mãos de Azriel tremiam mais do que ela.
Sua primeira reação ao agarra-la no fundo do riacho foi atravessa-la para um lugar seguro, sequer se dando tempo de tira-la da água primeiro. Estava muito frio, e Azriel não podia odiar mais a ideia de tira-la daquela água fria e leva-la direto para o meio da ventania. Estava surpreso até mesmo pelo fato de Aeleva não ter congelado no primeiro minuto fora de sua tenda, considerando o que estava vestindo. Aeleva deveria estar morrendo de frio. Literalmente morrendo.
Por essa razão, Azriel atravessou para a cabana da mãe de Rhys. A última vez que estivera ali fora no último Solstício, mas sabia que Feyre costumava visita-la com mais frequência para mante-la em ordem. Além disso, a cabana era encantada e era o lugar mais próximo que poderia dar a ele tudo o que Aeleva precisava — água morna, comida quente e muitas mantas.
A lareira já estava acesa quando Azriel deitou Aeleva no sofá, encharcando as almofadas e o tapete em que ele se apoiara de joelhos. Assim que Aeleva começou a tossir a água que havia engolido, Azriel a virou de lado e segurou sua cabeça para não pender para fora. O coração de Azriel cavalgava de puro terror, sequer sentia o frio bater no próprio corpo coberto pelas roupas encharcadas.
Deuses, as roupas. Com as mãos trêmulas — e não de frio — ele cuidadosamente deslizou a camisola molhada pelo corpo de Aeleva, passando por sua cabeça e despindo-a.
— Cob... Cobert... — As palavras saíram engasgadas enquanto ela recuperava o fôlego, seu corpo estremecendo tanto que sacudia a estrutura de madeira do sofá.
— Shhh — Azriel sussurrou perto de seu rosto, tirando a própria camiseta encharcada —, vai ficar tudo bem, Eva. Vou te levar para um lugar quente.
Passando um braço por debaixo dos joelhos da fêmea e outro por seus ombros, Azriel se levantou com ela em seu colo. Aeleva se encolheu, aninhando-se a ele, desesperada por calor humano — Azriel agradeceu a si mesmo por ter tirado o tecido gelado antes de te-la contra seu peito. Fechou as asas ao redor deles conforme subia as escadas, e, ao ouvir o som da torneira aberta, enchendo a banheira de água quente, Azriel agradeceu a Mãe, o Caldeirão e os deuses, principalmente quando viu o vapor escapando da porta da sala de banho.
— 'Tá tudo bem — Azriel repetiu ao ouvir Aeleva tentar, mais uma vez, implorar por um cobertor. Ele não sabia quem ao certo ele estava tentando convencer de que estava tudo bem, com Aeleva milagrosamente consciente e viva — eu 'to aqui. 'Tá tudo bem.
Aeleva arfou quando ele a sentou na banheira, a cabeça encostada contra a parede. Estava cheia o suficiente para que apenas os ombros de Aeleva ficassem de fora, e Azriel, com a mão em concha, passou a recolher a água morna e despeja-la na parte de seu corpo emersa até que a banheira se enchesse por completo. A água de dentro fazia ondas conforme Aeleva tremia.
Pelo Caldeirão, ela parecia péssima. A pele ainda mais pálida do que quando eles se conheceram, deixando a mostra as veias ao redor dos olhos. Os lábios estavam roxos e secos, e ela batia tanto os dentes um nos outros que Azriel imaginou que não
levaria muito tempo até que começassem a sangrar.Algo desesperador assolava seu peito, pior do que todas as sensações que já sentira.
Nossa Aeleva corre perigo, as sombras lamentavam, como se esperassem com ele até que ela melhorasse. Nossa divina Aeleva corre perigo.
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Corte de Sombras e Tempestades
FanficAeleva tinha um segredo, mas não conseguia se lembrar. Após anos mantida cativa em um dos territórios de Hybern, Aeleva foi finalmente libertada por um Grão-Senhor que alegava precisar de sua ajuda. Sem sequer se lembrar do próprio nome, ou dos mot...