Seu corpo inteiro doía quando acordou.
A primeira coisa que Lolla notou foi que estava em movimento. Uma fêmea a carregava apoiando-a em um ombro, arrastando seus pés pela lama, a mão gentilmente pressionando seu tronco para impedir que caísse.
— Eva? — Sua voz saiu mais fraca do que esperava que saísse.
Deuses, que merda havia acontecido? A cabeça de Lolla estava confusa. Sua primeira reação seria soltar-se daqueles braços e lutar, mas o cheiro familiar da fêmea que a levava impediu seus instintos de alerta-la quanto ao perigo. Sua cabeça queimava demais para que ela se importasse com quem a carregava — sabia que ninguém representava perigo de verdade, e, assim que recuperasse os sentidos por completo, resolveria sua situação. A não ser que aquela fêmea trabalhasse para Abaddos, mas Lolla não se importava suficientemente com a sua vida para ligar.
— Mor — corrigiu a fêmea, e Lolla levou instantes para se recordar do rosto bonito da loira.
Forçou um sorrisinho.
— Sou a donzela em perigo nessa história?
— Você acabou de ser esmagada, tem algumas costelas quebradas. Pare de falar.
Lolla piscou, as memórias voltando pouco a pouco. Lembrou-se que fora ao Pântano de Oorid com Aeleva em busca das Portas da Morte. Encontraram Caronte, então foram atacadas por dezenas de mortos. A última coisa da qual se recordava era de afundar o pé em um buraco lodoso, torce-lo e ser soterrada por corpos segundos mais tarde.
Que tragédia.
— Aeleva?
Tentou levantar a cabeça para olhar para Mor quando fazia a pergunta, mas seu pescoço doía muito. Reprimiu um resmungo enquanto encarava a vegetação hostil passar por seus pés, perguntando-se o porquê de ainda estarem ali. Havia pouco sol, carregadas nuvens cinzas quase pretas cobriam o céu. Quanto tempo havia se passado? Aquele tempestade não estava ali antes.
— Consciente — Mor respondeu, parando de andar —, não sabemos como.
Lolla poderia ter suspirado de alívio se não fosse pela dor que se espalhou por seu corpo ao ser apoiada contra o tronco de uma árvore retorcida. Deslizou vagarosamente até o chão com a ajuda de Mor, tentando não fazer muitas caretas. Não era nem de longe o pior ferimento que já havia lhe acontecido, então não foi nada difícil agir como se estivesse inteira.
Mor parou a sua frente, colocando as mãos na cintura e olhando para trás. Lolla franziu as sobrancelhas — Mor parecia apavorada.
— O que aconteceu? — Quis saber.
Mor não a olhou ao responder:
— Azriel está ferido. Rhys vai atravessar com ele, preciso buscar Aeleva e Cassian.
— Então vá.
Mordendo o lábio, Mor olhou preocupadamente para ela antes de desviar novamente o olhar.
— Não vou te deixar aqui.
Lolla tentou gargalhar, mas a risada doeu tanto suas costelas que ela se odiou por isso.
— Ah, por favor — ela esperava que sua voz soasse tão desdenhosa quanto pretendia. Aquilo era a coisa mais ridícula que já tinha ouvido — Vá logo.
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Corte de Sombras e Tempestades
FanfictionAeleva tinha um segredo, mas não conseguia se lembrar. Após anos mantida cativa em um dos territórios de Hybern, Aeleva foi finalmente libertada por um Grão-Senhor que alegava precisar de sua ajuda. Sem sequer se lembrar do próprio nome, ou dos mot...