Capítulo 35

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— Vocês não têm plano algum, não é?

Aeleva olhou tediosamente para Eris, dividindo sua concentração entre manter o herdeiro da Outonal fisgado e não pisar em seu pé conforme dançavam. Valsar era incrivelmente mais difícil que lutar. Alguns movimentos Aeleva sentia que derivavam de memórias antigas, de algum dia em que costumava a rodopiar por salões, mas isso deveria fazer um bom tempo. Ainda que conseguisse se virar, sabia que parecia patética perto de Lolla — que dançava graciosamente com Helion na pista de dança. Aeleva sequer poderia culpar Helion por parecer hipnotizado. A filha do deus da música e das artes dançava como uma rainha, toda a luz do salão parecendo ser atraída até ela. Helion até mesmo, talvez em uma tentativa de impressina-la, também deixou que seu poder luminoso cercasse seu corpo. Tudo ia conforme o esperado. Lolla precisava apenas seduzi-lo e convence-lo.

Seria fácil para ela. Estava sendo terrível para Aeleva.

— Temos.

— Me parece que você tem intimidado a todos na esperança de que eles lutem ao seu lado. Isso não é plano, mas desespero.

Aeleva riu sem qualquer humor.

— E seu pai, tem um plano?

— O exército está quase completo — Aeleva não ficou surpresa com a informação — Logo eles estarão em Prythian.

— Suponho que seu pai não será intimidado a ponto de romper a aliança.

Dessa vez, foi Eris quem riu.

— Meu pai já esteve frente a frente com Durendal — foi a resposta de Eris — O que você acha?

Aeleva girou ao redor do próprio corpo, contendo a própria irritação por estar sendo obrigada a dançar. Se Eris pedisse por outra música com ela, Aeleva ficaria louca. Ela não via a hora em que os violinos parariam de tocar.

Você já esteve frente a frente com Durendal? — Eris fez que não, e Aeleva deu de ombros — Então como assume que se deve temer mais a ele do que a mim?

— Você tem medo dele — disse Eris.

Aeleva arqueou uma sobrancelha.

— Posso ter — respondeu —, mas ele também tem medo de mim.

— Como sabe se não se recorda?

Aeleva quis rolar os olhos. Algo devia ter acontecido para que Eris parasse de paparica-la e passasse a duvidar de suas habilidades. Não parecia o mesmo macho que tentara leva-la para sua Corte tantas vezes, e, por isso, Aeleva não esperava. Estaria ele revendo suas alianças conforme o tempo apertava e a situação piorava? Talvez manter Eris de seu lado fosse ser mais difícil do que Aeleva imaginara. Não dava apenas para confiar na palavra de alguém maquiavélico como ele.

— Estou viva, não estou? — Perguntou ela — Ele me busca durante milênios.

— E você têm fugido esse tempo todo.

— Tenho?

Eris balançou a cabeça e desviou o olhar do dela.

— Não quero jogar enigmas — falou, e Aeleva se deu conta, pela forma que seus ombros enrijeceram, de que ele estava com medo e preocupado. A situação havia piorado.

— Você não é útil para nós — Aeleva ponderou, seca e sincera —, então tente encarar a situação de outra forma. É você quem deveria implorar para que nossa aliança seja mantida.

— E o que eu ganho com isso?

Aeleva seguiu o olhar de Eris, e encontrou Rhysand sentado ao trono. Viu ressentimento pintar as íris do herdeiro da Outonal.

Corte de Sombras e TempestadesOnde histórias criam vida. Descubra agora