Capítulo 8

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— Você está linda! — Disse Gwyn, observando o reflexo de Aeleva no espelho — Acho que é a fêmea mais bonita que já vi.

Aeleva forçou um sorriso para a sacerdotisa e encarou Nestha pelo reflexo. A fêmea vestia um vestido preto coberto de pérolas e bordados brancos. Estava arrasadora, os lábios pintados de vinho e uma trança em formato de coroa. Ela havia aparecido dessa forma no quarto de Aeleva, acompanhada de Gwyn, carregando um punhado de roupas para ela.

— Todos nós interpretamos um personagem na Corte dos Pesadelos — explicou Nestha enquanto pintava os olhos de Aeleva —, são as pessoas mais detestáveis que você vai conhecer.

Duvido, pensou ela.

Não entendeu o porquê de precisar se arrumar tanto para uma reunião, mas decidiu acompanha-la. Experimentou três vestidos diferentes até Nestha lhe estender um vestido preto e dourado. As mangas eram compridas e esvoaçantes, a gola alta e a saia de tule. Uma capa caía sobre seus ombros, presas nas clavículas com broches de ouro. Nestha disse que ela e Feyre haviam saído na tarde anterior para comprar roupas para a reunião do dia seguinte, já que precisavam que ela causasse uma boa impressão. Imaginou que diriam aos aliados que ela era a última esperança e todas aquelas merdas.

Nestha a havia maquiado também. Fez arabescos nos olhos com tinta preta e dourada. Os brincos de ouro pesavam na orelha e reluziam sob a luz feérica. Os cabelos estavam soltos, armados e penteados para trás.

O toque final foram as luvas. Então Aeleva se olhou no espelho, e foi como ver outra pessoa.

Aeleva virou-se para Gwyn.

— Você não vai?

A sacerdotisa sorriu e balançou a cabeça.

— A Corte dos Pesadelos é um pouco demais para mim — explicou ela —, um passo de cada vez.

Um passo de cada vez.

Por alguma razão, ir a um lugar terrível dentro de uma montanha era mais convidativo que andar na rua. Mesmo tendo prometido a si mesma que desceria os dez mil degraus com Nestha e tomaria sol por March e Lola.

Um passo de cada vez.

Quando terminaram de se vestir, ela e Nestha despediram-se de Gwyn e subiram as escadas para encontrar os demais. A cada passo Aeleva se sentia mais apreensiva, mesmo sem saber direito o porquê. Não conseguia parar de se perguntar se o encantador de sombras iria com elas, se ele gostaria de saber que ela usava as luvas que ele lhe havia dado. A forma como ele havia feito com que ela quisesse sorrir não saía de sua cabeça. Era um pensamento infantil e tolo, e Aeleva sabia disso. Mas não conseguiu afastar o pensamento enquanto subia os degraus.

Foi Mor quem as recepcionou primeiro. A fêmea vestia um daqueles seus vestidos vermelhos esvoaçantes, e estava linda. Deu um meio sorriso ao ver Nestha e Aeleva surgirem pela escada, demorando o olhar sobre elas. Então ergueu uma sobrancelha loira para Feyre e sentou-se nos sofá.

— Que bom que estão prontas! — Exclamou Feyre, sorrindo. Ela também estava devastadora com um vestido estrelado e sua coroa — Fico feliz que o vestido serviu. Você está linda! Só estamos esperando Rhys, e logo vamos partir.

Aeleva assentiu em agradecimento, finalmente se dando conta de que eles iriam mesmo sair dali. Seu estômago se contorceu, e ela de repente se viu com vontade de vomitar.

Afastou-se dos demais. Cassian falava algo para ela, mas ela não ouviu. Encostou-se em um pilar e levou a mão ao corpete, tentando respirar. Iria arranca-lo. Eram tão apertados quanto as cordas que a prendiam na cela. Aquela maldita gola era como a coleira de couro que a mantinha presa na parede de pedra. O ar ficou denso demais, o ambiente claro demais. Muita luz, muita gente. Queria se esconder. Precisava sair dali.

Corte de Sombras e TempestadesOnde histórias criam vida. Descubra agora