Capítulo 31

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AMANDA.

Eu já passei por muita coisa essa semana. Eu fui traída por dois homens que eu amava e posso afirmar com toda certeza que se fosse por adultério doeria menos.

Chega alguns momentos em que desistir não é a palavra mais difícil, desistir é um ato de coragem, mas que péssima mentirosa eu seria se afirmasse por um milésimo de segundo que eu tinha em mim toda a bagagem necessária para desistir.

E quando a dor esmagadora da verdade veio a tona eu apenas sorri - talvez eu tivesse mesmo enlouquecido - mas apenas sorri. Porque na verdade minhas lágrimas já haviam secado a muito tempo. Não havia mais dor tamanha que meu coração não pudesse suportar. Pois eu havia perdido ali não meu coração uma vez, mas sim, duas vezes.

E nem quero dizer isso como se estivesse perdendo meu coração por um homem. Claro que não. Já não sou aquela adolescente inocente que veio pra Colômbia passar por algumas aventuras e diversão. Não que eu realmente tivesse me divertido na maior parte do tempo mas, foi ou não foi uma aventura?

Perdi ali meu coração em dois pedaços. Eu havia perdido ali meus filhos, o pedaço da minha alma. E Deus sabe que eu faria o possível e o impossível para recuperar os meus filhos.

Mas na verdade eu estava cansada. A depressão bateu sobre mim.
Estive um tempo fora da minha mente novamente, em um coma induzido por tristeza. Eu me questionava em uma murmuração louca e vazia.

Por quê? Por quê? Por quê? Em que parte eu errei? Em que parte eu errei?

E fiquei presa ali. Bem ali, bem ali em meio a esses questionamentos.

Realmente eu era uma mulher fraca.

Apenas me sentei. Me recordo como se esse momento pipocasse em minha mente uma e outra vez.

Sentei-me no sofa de couro de Maluma. Uma mistura de ódio e tristeza, de abandono e de medo. O medo é como uma cobra escorregadia e violenta. Ela percorre o seu corpo em uma dança fria e aterradora.

Seus batimentos aceleram. Sua boca seca. Seu estômago dói. E você não tem mais nada. A não ser o frio, o vazio e a expectativa de que o pior passará por você.

Como sempre, havia um contrato. Como sempre, sobre mim. Como sempre, eu levei a pior.

Maluma negociou seu afastamento da minha vida. Segundo ele foi melhor assim. Segundo ele foi melhor eu sofrer, chorar noites seguidas sem saber como eu pagaria o leite especial dos meus filhos, a escola, o aluguel. Que foi melhor eu me consumir diariamente pensando se seria suficiente. Se eu seria suficiente.

Quantas e quantas vezes eu internalizei a culpa, a culpa de tomar um copo de álcool, de sair, de pagar uma babá por uma noite pra conhecer um cara ou apenas pra poder conversar com uma amiga.

Mas não eu. Eu era mãe. Na minha concepção eu não podia. Como eu poderia fazer isso com os meus filhos e então, então havia Bryan.

Que também me vendeu como um roteiro de filme para os investigadores americanos ou vai saber que porra era aquilo.

Então pra resumir. O cartel de drogas estava crescendo desenfreadamente. A Colômbia era um grande quartel e revendia para os Estados Unidos em peso. E não, não era uma cocainazinha aqui, uma maconha dali. A não, a nova Droga se chamava Fresa pela molecada nova. Segundo Bryan, você experimentava a sensação de êxtase em segundos e ficava chapado nas 5 vezes de uso. Depois, seus órgãos iam sendo consumidos até que você entrava em combustão, não literalmente, seria mais como se você convulsionasse até a morte.
Então as coisas eram melhores quando o pai de Maluma estava no controle da região. O quartel queria que Maluma assumisse mas ele negou. Ele até ficou por um tempo - é importante focar nisso aqui - que seria o tempo em que ele "trabalhou" para a polícia. E a idiota aqui pensando que ele estava cumprindo uma espécie de serviço comunitário.

Ele matou pessoas do tráfico inimigo. E o governo estava feliz com o seu reinado. Maluma assumiu alguns controles de droga na região e quando foi dado a oportunidade de jogar tudo pro alto novamente e voltar ao mundo artístico. Ele aceitou e jogou a bagunça no ventilador de novo para o governo.
Mas todo acordo tem regras e eu era a taxada vítima da história. A vítima daquele caos. O acordo era Maluma cuidar da bagunça e o governo garantia minha segurança, feita dedicavelmente por... Bryan.

E claro que quando o governo viu-se enganado por Maluma ele suspendeu a licença de vigilância de Bryan então Maluma teve a brilhante ideia de fazer um contrato com Bryan, garantindo que uma parte do dinheiro que eram para os meus filhos chegasse até mim.

Então era assim que eu construí uma história de amor e ódio.

Bryan recebia uma valor para se dedicar amorosamente aos meus filhos e recebia também pelo serviço é claro.
E as partes menos entusiastas do discurso pobre e cheio de mentiras dos dois foram entendidas sem derramar uma lágrima da minha parte.

E eu me lembro como se ainda estivesse naquele transe que apenas perguntei:

_Ele realmente está vivo?

Acredito que o silêncio foi uma resposta decente.

Não fiquei naquela sala tempo o suficiente para descobrir.

Não fiquei sã tempo o suficiente para entender.

Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora