Capítulo 21

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MALUMA

_ Você quer uma xícara de café?

_Não, eu estou bem com isso - aponto as latas de cerveja jogada dentro do lixo e já espero a veia saltitante em sua testa cantar para mim.

_Você sabe que não se pode beber ou portar bebida alcoólica no departamento policial Maluma. Você quer ser suspenso?

_Talvez.

_Maluma - ela suspira, sentando-se na cadeira a minha frente - Você tem que seguir em frente, já faz duas semanas.

Duas semanas. Duas longas e intermináveis semanas. Daniela toma seu café com apenas um gole e levanta-se com um olhar objetivo. Eu deixo-a organizar os papeis da minha mesa, enquanto ignoro os gritinhos dos policiais ao redor.

Eu não me importava deles saberem que estávamos transando. Era apenas sexo. Nada muito importante. Então por que dessa vez a culpa me corroía?

_Está na hora de seguir em frente Maluma - Diz Daniela sem graça - Eu vou levar isso comigo.

Daniela apenas fez seu caminho até o meu maço de cigarro e saiu fora do departamento investigativo da policia colombiana, deixando-me moderadamente irritado. Hábitos ruins são difíceis de largar. Hábitos bons - recordo do sorriso de Amanda e os dos gêmeos - eram piores ainda.

_Parece que você foi mordido pelas labaredas do inferno amigo - diz Takano, deixando um caso em minha mesa - Adolescentes, dezesseis anos, desaparecidas. Ao parecer ver vídeos pornôs não compensam mais que vender sua virgindade pela internet. Essa foi a ultima informação dos pais dessas coelhinhas rebeldes.

Idiota. _Pare de falar alto, estou com enxaqueca. Leve isso para Martins, eu não vou pegar esse caso.

Sorrindo, Takano deixa o caso em minha mesa e põe uma mão em meu ombro. _Meu amigo, você precisa de uma distração, e sendo um pai agora, você entende como esses pais se sentem. Então, fighting! Fighting.

_Fighting? Você quer morrer?

Pegando o caso da mesa, abocanho uma rosquinha da mesa de Martins antes de sair do prédio da policia. Aquela era minha nova vida e eu estava acostumando com aquilo. Dois anos haviam se passado e eu tinha perdido as esperanças de que Amanda voltasse do coma. Eu tinha perdido as esperanças de ser um homem melhor. De cumprir minhas promessas. De fazer as coisas darem certos.

A verdade era que eu nunca fui esse tipo de homem, que consegue acertar as coisas de primeira. Sempre caminhei pelo pior caminho até a maldita coisa sair direita. Mas o tempo havia acabado. O que eu tinha feito em dois anos? - era apenas isso que seus olhos me pediam, imploravam por saber - O que eu tinha feito em dois anos?

Prendi um dos maiores pilares do trafico colombiano, entrei pra um departamento policial e... abandonei meus filhos pro Bryan criar. Também tinha tido um pouco/muito sexo e bebidas com Daniela. Droga. Bryan era um homem melhor que eu. Apesar daquela grande muralha de músculos, ex combatente do exercito, ser difícil/perigoso de lidar. Ele era bom com as crianças, bom com a Amanda. Perfeito em tudo o que eu não era.

Eu queria sentir raiva, ódio, mas eu me sentia apenas grato. Grato por minha família ter alguém que podia ser para eles o que eu jamais poderia ser. Minha família. E ainda assim - encaro minhas mãos apertando fortemente o volante - a sensação de estar deixando minha família em uma bandeja para Bryan, apenas me deixava irado.

_Garotas sequestradas - suspiro, tentando me acalmar. - Okay, garotas sequestradas.

Acelero o carro e ganho as ruas em alta velocidade. Percebo apenas alguns segundos o caminho que estou fazendo, indo em direção a eles. Fico pelo menos trinta minutos com o carro estacionado um pouco longe da casa de Bryan.

Doce RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora