Capítulo 18

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Deveria ser de madrugada quando acordei com vontade de ir ao banheiro.

Olhei para o lado e vi Lia, acordada.

— Lia?

Ela estava sentada, abraçando as pernas,  em silêncio, mas o rosto estava molhado.

Me aproximei dela, sentei ao seu lado.

— Desde quando está acordada? – perguntei.

Ela apenas balançou a cabeça, tremendo, de medo.

— Por que não me acordou? – perguntei baixinho.

Segurei sua mão, mesmo que, sentindo as cicatrizes que impossibilitam a suavidade.

— Você quer me contar? – perguntei.

Abri os braços, demonstrando que eu estava ali nem que fosse apenas para abraçar, eu queria que ela sentisse que podia contar comigo pra qualquer coisa.

Ela me abraçou, segurando o choro, abraçou forte.

— Eu acho que quanto mais eu evito falar nisso, mais me machuca – ela chorou – me sinto tão mal...

— Estou aqui pra te ajudar...

— Akemi... Ontem eu ouvi você falando sobre seu pai... Sobre como se orgulhava dele... Me contou como ele era com você... Sobre como sente falta dele...

Olhei em seus olhos.

— Eu juro que se meu pai não existisse mais eu estaria feliz – ela disse.

Respirei fundo, olhando para ela, sem ter uma reação.

— Foi ele que fez isso com você? – perguntei baixinho.

Ela concordou com a cabeça, voltando a chorar.

— Ah Lia... – à abracei – está tudo bem agora... Ele está bem longe...

Agora eu já sabia que o pesadelo de Lia era o pai.

— Eu tenho sete meses pra ficar longe dele... – ela citou o tempo de seleção – se você for eliminada... Meu tempo acaba...

Percebi que minha presença na seleção influenciava várias coisas...

Lembrei de todo o dinheiro que temos por parte do meu pai.

— Não.

Ela olhou para mim.

— Eu não vou deixar você voltar a sofrer – falei.

— Eu não tenho dinheiro... – ela disse baixo.

— Não tem problema algum...

Segurei suas mãos.

— Lia... Se eu for a escolhida, você será a minha conselheira – falei.

Ela arregalou os olhos.

— E-eu?

Concordei com a cabeça.

— E então você terá dinheiro e um lugar para morar aqui – falei.

Suspirei.

— Se eu for eliminada... Eu arrumo um cantinho pra você morar comigo.

Ela me encarou fixamente.

— Mas eu não... Não mereço isso... Não posso aceitar – ela disse.

— Merece muito mais... Isso é tudo que eu posso lhe oferecer... Não é muito... Não é grande coisa... Mas eu prometo, que nunca te deixarei sofrer outra vez... Você pode morar comigo por quanto tempo precisar... Mas não vai voltar a morar com o seu pai – falei.

A Escolhida De Gaara  ( PAUSADA )Onde histórias criam vida. Descubra agora