•46• "Seja meu homem..."

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Marian Anderson 🌹

Mathew começou tocando a música que eu havia dito. Era lindo como seus dedos encostavam suavemente nas teclas e liberavam o doce som do piano, acompanhado pela melodia da música.

Eu encarava a cena hipnotizada. Era tão bonito ver Mathew concentrado tocando piano.

Melhor ainda, tocando minha música preferida.

Ele possuía uma habilidade única e graciosa nas mãos, era rápido e ágil. Impressionante!

Ao encerrar, ele sorriu e me olhou.

Mat: Por ser uma música bem conhecida nas partituras de piano, ela se torna um pouco "comum" demais. -Falou fazendo aspas com os dedos- Mas, foi nostálgico e gostoso toca-la.

Mari: É uma música normal para se usar quando está aprendendo a tocar, por isso é nostálgica e chata quando já está avançado no instrumento. -Respondo sorrindo.

Mat: Eu nunca toquei para alguém assim. Quer dizer, eu toco quando estou entediado ou quando sinto falta do meu pai. -Falou e pausou por alguns segundos- Olha que louco, nós dois nos lembramos de nossos pais quando tocamos piano. -Disse me olhando.

Mari: Seu pai te ensinou também? -Pergunto curiosa.

Mat: Não. Mas ele amava tocar, porém, por conta da doença, foi ficando cada vez mais difícil encostar nas teclas. -Contou, deslizando o dedo indicador no teclado.- Daí, ele começou a ficar triste, porque não conseguia mais ouvir o som do instrumento, já que o único que tocava era ele. Foi aí, que decidi aprender e tocava quando ele pedisse. Assim, o confortava de alguma forma.

Meus olhos grudaram nos seus e o admiravam. Eu nunca havia ouvido Mathew Steven, falar assim de alguém, muito menos, algo de tão bonito que teria feito por alguém.

Mari: Que lindo! Com certeza, você era um ótimo filho. Seu pai deve estar orgulhoso! -Digo sorrindo.

Mat: Eu o amava, mais que qualquer coisa. Por isso, que quando partiu, eu não conseguia seguir. Pensei várias vezes em desistir, em me trancar em algum lugar, qualquer lugar que não me lembrasse dele.

Levei minha mão esquerda até suas costas e acariciei a região, em forma de consolo.

Mari: Ainda bem que não desistiu. -Seus olhos me encararam- Continuou com o legado do seu pai, lutou e multiplicou, tudo o que ele construiu. Devia estar orgulhoso. Devíamos brindar. -Falei pegando a Taça com vinho.

Mathew também ergueu sua taça e brindamos, sorridentes.

Mat: Você é diferente até nisso... -Disse cabisbaixo. O olhei confusa, não entendendo suas palavras- Toda vez que falo sobre meu pai, as pessoas me fazem sempre a mesma pergunta. "Mas e a sua mãe?". Por isso que evito de falar sobre, porque sei que as pessoas vão ficar fazendo perguntas desnecessárias. -Suspirei fundo e olhei para um ponto aleatório.

Mari: Eu sei que perguntas como essas, podem afetar. Tipo, já é difícil contar sobre seu pai, se você quiser falar sobre sua mãe, você vai falar. Além disso, não preciso saber muito para entender que seu pai fez mais parte de sua vida, que sua mãe, você deixa isso bem explícito! -O olho e sorrio amarelo.

Mat: Deixo, né?! -Confirmo com a cabeça- A minha mãe foi embora quando eu nasci. Ela se casou com meu pai, por interesse no dinheiro dele. Ela roubou tudo o que pôde durante o casamento e o planos, era fugir assim que pudesse, mas acabou engravidando. -O ouvia atentamente.- Ela não queria fugir grávida e, nem ter que criar uma criança, então, esperou que eu nascesse para partir.

Mari: Definitivamente, ela deve ser uma mulher podre. Aí, você não tem que se sentir mal por ela ter ido embora, devia se sentir agradecido. -Falo o olhando fundo nos olhos- Ela não é sua mãe, apenas uma mulher, que te gerou. Sua verdadeira mãe, é o seu pai! -Confesso que estava levemente irritada.

Essas histórias de mães que abandonam os filhos ou que são interesseiras, me deixa irada. Como pode existir mulheres assim?

Mathew riu e o fitei confusa.

Mari: Por que está rindo?

Mat: Você ficou brava. -Confessou, ao se conter- Você fica linda brava.

Meu coração acelerou e minha respiração falhou.

Como é que se respira mesmo?

Engoli seco, encarando os olhos de Mathew, que me fitavam profundamente. Era possível senti-los perfurarem minha alma.

Mat: Mas eu não me importo com ela. De qualquer forma, nem a conheço. -Falou dando de ombros.

Mari: Você pode contar comigo. -Digo séria- Eu não sei até onde nosso casamento irá, mas eu prometo, não ser como ela. Mesmo que seja falso -Senti um nó na garganta, quando falei a última frase. Por que isso me incomoda?- Eu serei uma boa esposa, e te ajudarei quando precisar.

Sim, eu precisava entender que aquilo tudo era falso. O casamento, o "amor", aquele lindo anel em meu dedo, na verdade, foi comprado apenas para fazer uma média.

Mas por que isso me frustra?

Por que meu coração se parte a cada vez que me lembro disso?

Seria um verdadeiro amor nascendo em mim? Eu estaria me apaixonando por Mathew Steven?

Mat: Eu sei. Eu sei que será muito melhor que ela! Na verdade, eu nunca ousaria comparar vocês. -Disse, com a voz baixinha e mansa.- Mas, por que não nos entregamos a isso tudo? -Indagou.- Iremos nos casar, estamos aqui agora. E não tem como negar, Marian, a gente se gosta. -Falou, se aproximando de mim lentamente. Mathew tocou em uma mecha do meu cabelo e o colocou atrás de minha orelha. Aquilo me arrepiou e fez meu coração saltar no peito.- Devíamos aproveitar esse casamento, como ele deve ser aproveitado.

Ele agora, tocava minha bochecha com o polegar e tinha a boca a milímetros de distância da minha. O calor que exalava do seu corpo, me aquecia e fazia eu desejar senti-lo mais perto da minha pele.

Mari: Então, seja meu homem... -Sussurro roçando meus lábios nos seus, sedenta por um beijo quente e molhado.

INIMIGO DO MEU INIMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora