Marian A. Steven 🌹
Meus olhos se abriram com dificuldade. Estavam pesados.
A primeira coisa que pude ver, foi a luminária pendurada em um teto exageradamente branco. Espera... Que lugar é esse?
Virei vagarosamente minha cabeça, para olhar mais. Então, notei estar em um hospital, já que, havia uma bolsa de soro pendurada e uma agulha enfiada na minha mão direita.
Como vim parar aqui? O que houve? Onde está Estela?
Sinto minha garganta seca e uma vontade insuportável de vomitar, mas me contenho.
Enfermeira: Oh. Você acordou. -Disse ela, ao adentrar o quarto e correr até mim.- Quer alguma coisa? -Perguntou ela, checando meu soro.
Mari: A-Agua... -Respondo com dificuldade, sentindo algo arranhar minha garganta.
A enfermeira andou até o canto do quarto, e pegou uma garrafa de água, dentro do que parecia ser um frigobar, e colocou o líquido num copo.
Ela me ajudou a sentar na cama e beber o líquido. Aquilo era tão bom. Não bebia água a dias.
Enfermeira: Vou chamar o médico. -Disse ela, saindo logo em seguida.
Não demorou muito, quando ela voltou com o tal médico.
Médico: Senhorita Steven, que bom que acordou. Como se sente? -Indagou ele, se aproximando.
Mari: Um pouco fraca...
Médico: Traremos algo para que possa comer. No momento, você já está livre do veneno da cobra, agora, precisamos tratar da sua desnutrição.
Mari: Mas... O que aconteceu? Como vim parar aqui? --Eu estava confusa, precisava de respostas.
Médico: Você foi resgatada do cativeiro, a polícia te trouxe imediatamente para cá, assim que te encontraram.
Senti meu peito relaxar, ao saber que estava segura agora.
Mari: Preciso falar com meu marido.
Médico: ele já sabe que você está aqui. Ele participou do resgate. Jajá ele volta, senhorita Marian. Apenas, se recupere.
Após algumas horas, comi e eles permitiram que eu caminhasse um pouco pelo corredor. Estava a espera de Mathew, que já sabia sobre minha melhora.
Enquanto, forçava minhas pernas a andarem, segurava firme na barra que sustentava o soro pendurado no gancho, acima de minha cabeça.
Mat: Com licença. -Ao ouvir essa voz, direcionei meu olhar para frente, e vi Mathew andar de pressa pelo corredor.
Ele desviava das pessoas, caminhando rápido em minha direção, até, seu olhar cair em mim. Suas pernas pararam e seus olhos sustentados em mim, avisavam o quão surpreso estava.
Mathew, começou a correr até mim e eu, desabei a chorar, enquanto, sigo parada o esperando vir ao meu encontro.
Finalmente, seus braços me envolvem. O cheiro do seu perfume, e o calor daquele abraço apertado, me fez agradecer milhões de vezes por estar viva. Só Deus sabe como eu desejei esse colo durante esses dias.
Como senti falta dele.
Minhas lágrimas molhavam o palitó do terno de Mathew, e minha cabeça permaneceu enterrada em seu peito. Eu não queria sair dali.
Mat, me apertava forte contra ele e acariciava meus cabelos. Seu coração batia muito rápido e sua respiração era pesada.
Mari: Eu... Pensei que nunca mais fosse te ver... -Digo com a voz embargada no choro.
Mat: Shh! Tá tudo bem, meu amor. Estou aqui agora. -Disse ele baixinho, ainda me abraçando forte.
(...)
Depois que voltamos para meu quarto, Mathew, me contou que Saulo fugiu, e me deixou para trás com Estela, o que me deixou levemente intrigada.
Mari: Mas por que ele nos deixou lá? Quer dizer, conhecendo Saulo, ele teria nos levado, ou, matado. Não faz sentido. -Digo, sentada na cama.
Mat: Também me questionei sobre isso. Mas, acontece, que Saulo pediu que Estela te matasse. Em troca, ele libertária a filha dela. Parece que ela decidiu não fazer. -Respondeu, me fazendo engolir seco.
Mari: Onde ela está? Mat, eu prometi ajudar ela a encontrar a filha.
Mat: Ela está sendo protegida, já que é uma testemunha importante e vítima. Mas, não se preocupe com isso, já encontramos a filha dela. -Disse ele.
O encarei surpresa. Mas senti tensão em sua voz, o que me fez temer por algo.
Mat: Eu encontrei ela ontem. Ela me disse sobre sua promessa, e tudo que havia feito por você. Então, não pensei duas vezes. Acionei todos os meios possíveis, e procurei por Luna. -Contou ele. Mathew, pegou sua pasta e tirou de lá algumas fotos, me entregando todas.- Ela foi levada para uma casa noturna de prostituição no rio de janeiro. Mas, foi assassinada 8 meses atrás, por tentar fugir.
Observava as fotos sentindo um aperto no peito. Pobre Estela, não merecia saber da filha assim. Eu via esperança em seus olhos, que um dia, poderia encontrar a Luna.
Mari: Isso... É horrível... -Lamentei, sentindo meus olhos arderem.
Mat: Conseguimos encontrar os restos mortais dela, enterrados num terreno baldio não muito longe da casa noturna. Pensei em fazer um funeral digno. Luna e Estela merecem, pelo menos, isso. -Disse ele, me fazendo o encarar.
Admirei sua atitude. Segurei sua mão, e encarei seus olhos.
Mari: É muita gentileza.
Mat: É o mínimo que posso fazer. Sem Estela, você não estaria aqui. Além disso, ela se negou a obedecer Saulo e escolheu te manter viva.
Ainda segurando sua mão, a levei até meus lábios, e beijei as costas dela.
Mari: Eu te amo.
Mat: Eu também te amo.
Nos beijamos e colamos nossas testas.
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Graças a Deus, havia recebido alta. Mathew e eu, iríamos voltar para os Estados Unidos, porém, eu precisava ver Estela antes de irmos.
Tinha ligado para ela e, a mesma, afirmou estar no cemitério, pois estava visitando o túmulo da filha. O enterro tinha acontecido dois dias antes. Infelizmente, eu ainda estava internada, então, não pude comparecer.
Mat: Estarei esperando aqui. -Disse ele, sentado no banco do motorista.
Mari: Já volto. -Digo e dou um beijo em seus lábios.
Abro a porta do carro e saio. Adentro o cemitério e caminho entre os túmulos, a procura de Estela. Ao longe, avisto ela de costas encarando a lápide.
Me aproximo a passos lentos, segurando rosas em meus braços. Ao chegar, coloco as flores em cima do túmulo e encaro Estela.
Mari: Eu sinto muito. -Foi o que consegui dizer.
Estava meio envergonhada. Havia prometido que ajudaria a encontrar a filha, mas o que conseguimos, foi encontrá-la morta. Isso me corta o coração.
Estela: Eu a encontrei. Era o que queria. Óbvio, que acha-la viva, seria um sonho, mas ainda sim, encontrei minha filha. E agora, sei para onde vai. Se está bem, ou não. Se está com medo, ou não... Essas dúvidas não irão me atormentar mais. -Disse ela, seguido de um sorriso sem mostrar os dentes.
Ela parecia... Em paz.
Mari: O que fará agora, Estela? -Indago a olhando.
Estela: Irei para a Espanha. Minha irmã mora lá. Começarei minha vida novamente. -Estela, se virou ficando de frente para mim e pegou minhas duas mãos- Espero que você seja muito feliz, Mari. Ame, chore, brinque, sonhe e realize seus desejos. E obrigada por cumprir a promessa. -Disse ela sorrindo.
Mari: Também sou grata a você, Estela. Sem você, eu não estaria aqui. E com certeza, farei tudo o que me pede. -Digo a ela, apertando suas mãos na minha, e devolvendo o sorriso.
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INIMIGO DO MEU INIMIGO
RomanceUma mulher destemida, que perdeu toda sua família em um trágico assassinato dentro de sua própria casa, quando ainda era uma criança, ressurge com sangue nos olhos, anos depois, para se vingar do responsável. Por coincidência do destino, ela se en...