Marian A. Steven 🌹Recupero minha consciência, mas não consigo abrir meus olhos. Meu corpo dói muito e meu braço lateja, por conta da mordida. Posso sentir que estou deitada em uma espécie de cama ou sofá, mas não sei ao certo onde.
--Mesmo que ela tenha tirado o veneno do corpo, seu sangue foi contaminado. Se não tiver atendimento médico dentro de 5 dias, ela não sobreviverá. -Uma voz desconhecida falou.
Saulo: 5 dias é o suficiente. De qualquer forma, o destino dela é a morte. -Ouço a voz do homem que amaldiçoei minha vida toda.
Não!
Eu me recuso a perder essa guerra!
Me recuso a morrer nas mãos desse homem. Aceito minha morte, mas o levarei comigo custe o que custar.
(...)
Abro bruscamente os olhos. A primeira coisa que vejo, é o teto do lugar. Parecia velho e possuía alguns buracos, o que permitia a entrada da luz do sol.
Viro lentamente a cabeça, e olho ao redor. Era um pequeno quarto, cheirava a poeira e mofo, além disso, estava imundo.
Eu estava deitada em uma pequena cama, o colchão era fino e me fazia sentir os ferros dela por baixo. Nada confortável.
Me levanto vagarosamente, mas sinto náuseas e tontura. Luto contra meus olhos para mantê-los abertos e então, fico de pé. Cambaleando, caminho até uma portinha estreita que havia ali, noto ser o banheiro. Havia uma privada, pia e uma ducha ao lado do vaso sanitário. O cômodo era minúsculo, mas utilizável.
Levo um susto, quando a porta é aberta brutalmente. Meu olhar cai sobre uma senhora, que aparentava ter uns 45 a 50 anos. Ela tinha cabelos loiros, olhos castanhos e era baixinha, menor que eu.
Seu olhar em mim era vazio, junto a feição fechada e mal encarada.
--Vista isso! Melhor do que ficar com essas roupas no meio de tanto homem malvado! -Disse seca.
Mari: Que lugar é esse?
--Não faça perguntas e se vista. Estarei te esperando aqui fora para irmos. -Franzo o cenho curiosa.
Mari: Irmos onde?
--Eu disse sem perguntas! Avise quando terminar. -Esbravejou e saiu do quarto batendo a porta.
Encarei o montinho de roupas e as peguei. Tirei as minhas e vesti o que me deram. Era uma calça de moletom preta, uma camisa masculina, que inclusive ficou enorme em mim e chinelos.
Bati três vezes na porta para avisar que havia terminado.
Mari: Estou pronta!
Então, a mulher abriu e me olhou novamente.
--Agora me dê as suas! -Apenas obedeci e entreguei minhas roupas e as botas para ela.- Agora me acompanhe.
A segui como me ordenara. Mesmo me sentindo fraca e dolorida, tentei me manter o mais forte possível, eu precisava me manter forte.
O local parecia um hotel ou uma espécie de pousada velha. O corredor, me lembrava os de casas mal assombradas, com chão de madeira e quadros antigos pelas paredes. A mulher caminhava a minha frente. Sua postura era reta e ela nem sequer olhava para trás, apenas seguia o caminho a frente.
Meus olhos caíram em sua nuca e ali pude perceber uma tatuagem, estava escrito "Luna". Seria o nome dela?
--Chegamos! -Disse, ao pararmos de frente a uma enorme porta de madeira.
A mulher abriu, revelando uma sala de jantar, havia uma mesa cumprida com muitos lugares e, na cabeceira dela, bem a minha frente, estava Saulo sentado. Ele parecia me esperar.
A mulher apontou com o queixo para a direção dele, ordenando que eu entrasse. Assim fiz, em seguida ela puxou uma das cadeiras para mim e me sentei.
Saulo: É bom te ver de novo, senhorita Steven! -Falou ele, irônico me fazendo repugna-lo.
Mari: Não posso dizer o mesmo, senhor Saulo! -Respondo com mesmo sentido.
Por mais que tentasse me manter forte, eu estava mal, muito mal. Minhas vistas estavam turvas, eu sentia calafrios e muita náusea.
Saulo: Você vai morrer, Marian. -Diz e eu o encaro- Não vai passar de 5 dias, por conta do veneno. Vai ser bom assisti-la sofrer, melhor ainda, vai ser quando Mathew descobrir que a amada morreu. -Falou ele rindo.
Mari: Não me importo se eu morrer amanhã, mas uma coisa eu garanto, te levarei comigo pro inferno! -Falei firme, sentindo o ódio dominar todo meu corpo.
Saulo sorriu de lado e pegou os talheres que estavam ao lado do prato. Encarei o que tinha ali e pude notar ser coração de boi, meu estômago embrulhou ao ver que estava mal passado.
Saulo: Berenice Anderson -Falou em tom de voz baixa e rouca.- Tom Anderson -Continuou, enquanto cortava lentamente a carne, praticamente ensanguentada em seu prato- e Mirella Anderson. -Disse por fim, me forçando a amaldiçoa-lo em minha mente.
Como ele se atreve a pronunciar os nomes dos membros da minha família, com tanta ousadia e naturalidade?
Saulo: Você é como seu pai. São movidos pelas emoções, com senso extremo de justiça. Tolos! -Falou, me deixando ainda mais irritada.
Mari: Como ousa falar da minha família...? -Esbravejei, apertando meus dedos contra a borda da mesa.
Meu corpo estava ficando cada vez pior, e eu sentia a fraqueza se apossar aos poucos de mim.
Saulo: Você está fraca... Não deveria se esforçar tanto. -Falou, seguido de um sorriso no canto dos lábios.- Leve-a. -Ordenou e a mulher que me trouxe, se aproximou de mim.
Ela me pegou pelo braço e cintura, me segurou o máximo que pôde e cautelosamente, me guiou de volta para o quartinho imundo que estava.
Quando entramos, ela me colocou na cama, mas antes que fosse embora, segurei sua mão a forçando me olhar confusa.
Mari: Luna... -Pronunciei o nome com a voz fraca e baixa.
Mesmo não sabendo o que aquele nome significava para ela, pensei que usando, de alguma forma ela deixaria algo escapar.
A mulher arregalou os olhos e seu olhar se tornou apreensivo, eu poderia jurar que ela sentiu vontade de chorar.
--Como... Como... -Se perguntou, enquanto me olhava surpresa.-- Como sabe o nome da minha filha? Você a conhece? Por acaso a viu? -Questionou, me fazendo, finalmente, entender a situação.
Então, Luna é o nome de sua filha.
Mari: Onde ela está? Luna... -Pergunto, tentando tirar mais informações.
--Aquele demônio... Ele a levou. -Seus olhos passaram de tristeza, para ódio muito rápido.
Eles ferviam a raiva e seu rosto avermelhou-se aos poucos. Saulo, provavelmente, fez algo para a filha dessa mulher.
--Eu não a vejo desde que nossa casa foi invadida por esses monstros. Levaram Luna para um lugar e eu, estou aqui. Nunca mais a vi, nem sei de notícias... -Contou, caindo no choro logo depois.
Mari: Imagino que ele esteja forçando você a trabalhar para ele, em troca da sua segurança e de Luna. -Falei, fazendo a mulher me olhar novamente nos olhos.
--Sim. Ele me ameaça o tempo todo. Dizendo que mataria Luna se eu não obedecesse.
Mari: E como te garante isso? Ele mostra fotos? Vídeos?
--Não. Eu apenas não arrisco.
Penso por alguns minutos, me colocando no lugar dessa mulher, enquanto, arquiteto uma idéia.
Mari: Vou te ajudar! -Digo, após pensar em algo. Ela me olhou e esperou que eu contasse- vou tirar você e sua filha desse inferno. Como sabe, meu marido é o maior inimigo do Saulo, além disso, é ainda mais poderoso. Ele irá nos ajudar. Mas antes, preciso que você me ajude a sair daqui. -Falo, segurando forte as duas mãos da mulher.
--O que preciso fazer? -Perguntou depois de um tempo em silêncio.
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INIMIGO DO MEU INIMIGO
RomanceUma mulher destemida, que perdeu toda sua família em um trágico assassinato dentro de sua própria casa, quando ainda era uma criança, ressurge com sangue nos olhos, anos depois, para se vingar do responsável. Por coincidência do destino, ela se en...