•68• Morrendo lentamente...

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Marian A. Steven 🌹

Recupero minha consciência, mas não consigo abrir meus olhos. Meu corpo dói muito e meu braço lateja, por conta da mordida. Posso sentir que estou deitada em uma espécie de cama ou sofá, mas não sei ao certo onde.

--Mesmo que ela tenha tirado o veneno do corpo, seu sangue foi contaminado. Se não tiver atendimento médico dentro de 5 dias, ela não sobreviverá. -Uma voz desconhecida falou.

Saulo: 5 dias é o suficiente. De qualquer forma, o destino dela é a morte. -Ouço a voz do homem que amaldiçoei minha vida toda.

Não!

Eu me recuso a perder essa guerra!

Me recuso a morrer nas mãos desse homem. Aceito minha morte, mas o levarei comigo custe o que custar.

(...)

Abro bruscamente os olhos. A primeira coisa que vejo, é o teto do lugar. Parecia velho e possuía alguns buracos, o que permitia a entrada da luz do sol.

Viro lentamente a cabeça, e olho ao redor. Era um pequeno quarto, cheirava a poeira e mofo, além disso, estava imundo.

Eu estava deitada em uma pequena cama, o colchão era fino e me fazia sentir os ferros dela por baixo. Nada confortável.

Me levanto vagarosamente, mas sinto náuseas e tontura. Luto contra meus olhos para mantê-los abertos e então, fico de pé. Cambaleando, caminho até uma portinha estreita que havia ali, noto ser o banheiro. Havia uma privada, pia e uma ducha ao lado do vaso sanitário. O cômodo era minúsculo, mas utilizável.

Levo um susto, quando a porta é aberta brutalmente. Meu olhar cai sobre uma senhora, que aparentava ter uns 45 a 50 anos. Ela tinha cabelos loiros, olhos castanhos e era baixinha, menor que eu.

Seu olhar em mim era vazio, junto a feição fechada e mal encarada.

--Vista isso! Melhor do que ficar com essas roupas no meio de tanto homem malvado! -Disse seca.

Mari: Que lugar é esse?

--Não faça perguntas e se vista. Estarei te esperando aqui fora para irmos. -Franzo o cenho curiosa.

Mari: Irmos onde?

--Eu disse sem perguntas! Avise quando terminar. -Esbravejou e saiu do quarto batendo a porta.

Encarei o montinho de roupas e as peguei. Tirei as minhas e vesti o que me deram. Era uma calça de moletom preta, uma camisa masculina, que inclusive ficou enorme em mim e chinelos.

Bati três vezes na porta para avisar que havia terminado.

Mari: Estou pronta!

Então, a mulher abriu e me olhou novamente.

--Agora me dê as suas! -Apenas obedeci e entreguei minhas roupas e as botas para ela.- Agora me acompanhe.

A segui como me ordenara. Mesmo me sentindo fraca e dolorida, tentei me manter o mais forte possível, eu precisava me manter forte.

O local parecia um hotel ou uma espécie de pousada velha. O corredor, me lembrava os de casas mal assombradas, com chão de madeira e quadros antigos pelas paredes. A mulher caminhava a minha frente. Sua postura era reta e ela nem sequer olhava para trás, apenas seguia o caminho a frente.

Meus olhos caíram em sua nuca e ali pude perceber uma tatuagem, estava escrito "Luna". Seria o nome dela?

--Chegamos! -Disse, ao pararmos de frente a uma enorme porta de madeira.

A mulher abriu, revelando uma sala de jantar, havia uma mesa cumprida com muitos lugares e, na cabeceira dela, bem a minha frente, estava Saulo sentado. Ele parecia me esperar.

A mulher apontou com o queixo para a direção dele, ordenando que eu entrasse. Assim fiz, em seguida ela puxou uma das cadeiras para mim e me sentei.

Saulo: É bom te ver de novo, senhorita Steven! -Falou ele, irônico me fazendo repugna-lo.

Mari: Não posso dizer o mesmo, senhor Saulo! -Respondo com mesmo sentido.

Por mais que tentasse me manter forte, eu estava mal, muito mal. Minhas vistas estavam turvas, eu sentia calafrios e muita náusea.

Saulo: Você vai morrer, Marian. -Diz e eu o encaro- Não vai passar de 5 dias, por conta do veneno. Vai ser bom assisti-la sofrer, melhor ainda, vai ser quando Mathew descobrir que a amada morreu. -Falou ele rindo.

Mari: Não me importo se eu morrer amanhã, mas uma coisa eu garanto, te levarei comigo pro inferno! -Falei firme, sentindo o ódio dominar todo meu corpo.

Saulo sorriu de lado e pegou os talheres que estavam ao lado do prato. Encarei o que tinha ali e pude notar ser coração de boi, meu estômago embrulhou ao ver que estava mal passado.

Saulo: Berenice Anderson -Falou em tom de voz baixa e rouca.- Tom Anderson -Continuou, enquanto cortava lentamente a carne, praticamente ensanguentada em seu prato- e Mirella Anderson. -Disse por fim, me forçando a amaldiçoa-lo em minha mente.

Como ele se atreve a pronunciar os nomes dos membros da minha família, com tanta ousadia e naturalidade?

Saulo: Você é como seu pai. São movidos pelas emoções, com senso extremo de justiça. Tolos! -Falou, me deixando ainda mais irritada.

Mari: Como ousa falar da minha família...? -Esbravejei, apertando meus dedos contra a borda da mesa.

Meu corpo estava ficando cada vez pior, e eu sentia a fraqueza se apossar aos poucos de mim.

Saulo: Você está fraca... Não deveria se esforçar tanto. -Falou, seguido de um sorriso no canto dos lábios.- Leve-a. -Ordenou e a mulher que me trouxe, se aproximou de mim.

Ela me pegou pelo braço e cintura, me segurou o máximo que pôde e cautelosamente, me guiou de volta para o quartinho imundo que estava.

Quando entramos, ela me colocou na cama, mas antes que fosse embora, segurei sua mão a forçando me olhar confusa.

Mari: Luna... -Pronunciei o nome com a voz fraca e baixa.

Mesmo não sabendo o que aquele nome significava para ela, pensei que usando, de alguma forma ela deixaria algo escapar.

A mulher arregalou os olhos e seu olhar se tornou apreensivo, eu poderia jurar que ela sentiu vontade de chorar.

--Como... Como... -Se perguntou, enquanto me olhava surpresa.-- Como sabe o nome da minha filha? Você a conhece? Por acaso a viu? -Questionou, me fazendo, finalmente, entender a situação.

Então, Luna é o nome de sua filha.

Mari: Onde ela está? Luna... -Pergunto, tentando tirar mais informações.

--Aquele demônio... Ele a levou. -Seus olhos passaram de tristeza, para ódio muito rápido.

Eles ferviam a raiva e seu rosto avermelhou-se aos poucos. Saulo, provavelmente, fez algo para a filha dessa mulher.

--Eu não a vejo desde que nossa casa foi invadida por esses monstros. Levaram Luna para um lugar e eu, estou aqui. Nunca mais a vi, nem sei de notícias... -Contou, caindo no choro logo depois.

Mari: Imagino que ele esteja forçando você a trabalhar para ele, em troca da sua segurança e de Luna. -Falei, fazendo a mulher me olhar novamente nos olhos.

--Sim. Ele me ameaça o tempo todo. Dizendo que mataria Luna se eu não obedecesse.

Mari: E como te garante isso? Ele mostra fotos? Vídeos?

--Não. Eu apenas não arrisco.

Penso por alguns minutos, me colocando no lugar dessa mulher, enquanto, arquiteto uma idéia.

Mari: Vou te ajudar! -Digo, após pensar em algo. Ela me olhou e esperou que eu contasse- vou tirar você e sua filha desse inferno. Como sabe, meu marido é o maior inimigo do Saulo, além disso, é ainda mais poderoso. Ele irá nos ajudar. Mas antes, preciso que você me ajude a sair daqui. -Falo, segurando forte as duas mãos da mulher.

--O que preciso fazer? -Perguntou depois de um tempo em silêncio.

INIMIGO DO MEU INIMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora